quarta-feira, 21 de maio de 2014

João Silvério Trevisan exibe Orgia ou o Homem que Deu Cria no Projeto Raros



Neste sábado, 24 de maio, às 20h, acontece uma edição especial do Projeto Raros, com apoio da FestiPoa Literária, exibindo a cópia nova em 35mm de Orgia ou o Homem que deu Cria (1970), clássico marginal dirigido por João Silvério Trevisan, que estará presente para um debate após a sessão. Também será exibido o seu curta-metragem Contestação (1969), a partir de uma cópia remasterizada em DVD. A entrada é franca. 
No único longa-metragem de Trevisan, uma espécie de playboy do mundo ocidental sai pelo mundo após assassinar o pai.Em um cortejo vão se agregando um preso fugitivo, um intelectual que é enforcado, um travesti, um anjo de asa quebrada, prostitutas, cangaceiro, até chegarem à cidade grande. Acompanhamos a formação de um grupo de pessoas que busca seu país. De forma carnavalesca, com personagens alegóricos, ligado às lições tropicalistas, o filme aborda tanto a reorientação ideológica do cinema novo em sua aproximação com o Estado autoritário quanto o ambiente de asfixia (censura, repressão) e breve euforia (milagre econômico, Copa do Mundo) que dominava o Brasil da época.
Fotografado por Carlos Reichenbach, com Jean-Claude Bernardet, Jairo Ferreira e Ozualdo Candeias no elenco, o filme de Trevisan permanece como um dos ícones do Cinema Marginal. Proibido pela censura, o filme nunca teve lançamento comercial, sendo exibido posteriormente, após a abertura política, em mostras sobre o cinema de invenção. Orgia ou o Homem que Deu Cria nunca foi exibido em Porto Alegre.  
João Silvério Trevisan é romancista, contista, ensaísta, roteirista, cineasta e tradutor. Inicia a trajetória no cinema ao participar de filmagens como assistente de produção, responsável por trilhas sonoras de filmes do cineasta João Baptista de Andrade (1939), ao adaptar textos para roteiros, escrever e dirigir curtas e médias-metragens. Em 1970, escreve e dirige o longa-metragem Orgia ou o Homem que Deu Cria. Dois anos mais tarde, viaja para a Califórnia, Estados Unidos, e entra em contato com o movimento gay organizado e com a mídia especializada nessa temática. Escreve os contos do livro Testamento de Jônatas Deixado a Davi, que publica na volta ao Brasil, em 1976. Em 1978, militando no movimento gay, organiza o grupo Somos pelos Direitos dos Homossexuais Brasileiros, e funda o jornal temático Lampião da Esquina, para integrar pontos de vista não somente de homossexuais, mas também de outros grupos excluídos. Em 1982, atendendo à demanda da editora britânica Gay Men's Press - GMP, começa uma intensa pesquisa para escrever uma história da homossexualidade no Brasil, Devassos no Paraíso, lançada em 1986 simultaneamente na Inglaterra e no Brasil. Nesse ínterim, escreve seus dois primeiros romances: Em Nome do Desejo e Vagas Notícias de Melinha Marchiotti. Entre 1998 e 2005 realiza uma série de oficinas literárias para o Serviço Social do Comércio de São Paulo - Sesc/SP.

PROJETO RAROS
24/05 - 20h
ORGIA OU O HOMEM QUE DEU CRIA
Direção: João Silvério Trevisan 
(Brasil/1970/90 minutos)
Elenco: Jean-Claude Bernardet, Jairo Ferreira, Ozualdo Candeias, Fernando Benini, Sérgio Couto, Marcelino Buru. 

Nenhum comentário :

Postar um comentário