domingo, 30 de agosto de 2015

Musical de Lubitsch na Sessão Aurora




No sábado, 12 de setembro, às 18h30, a Sessão Aurora exibe na Sala P. F. Gastal o musical O Tenente Sedutor (The Smiling Lieutenant, 1931, 88 minutos), uma das obras-primas que Ernst Lubitsch realizou no início da década de 1930. Com exibição digital, a sessão tem entrada franca. Depois do filme, acontece um debate com os editores do Zinematógrafo, fanzine de crítica de cinema de Porto Alegre.

O filme trata de um triângulo amoroso entre uma violinista, um tenente e uma princesa. Com a ajuda da amante do marido, a nobre descobre algumas malícias sobre a arte da sedução. O Tenente Sedutor escancara a extrema liberdade sexual que irá progressivamente se instaurar nas personagens de Lubitsch, sempre loucas para transar, e o deboche em relação à aristocracia européia, a principal vítima do humor ácido do diretor.

A exibição faz parte do ciclo Histórias do Cinema Americano, que propõe ao longo do ano uma reflexão sobre o cinema realizado nos Estados Unidos, exibindo filmes de diferentes tempos, gêneros e autores. Em 2015, já foram exibidos filmes de D. W. Griffith, King Vidor, Samuel Fuller, Brian De Palma, Michael Cimino, Michael Mann e Harmony Korine.

O Tenente Sedutor foi realizado antes da aplicação do Código Hays, que regulamentou – e censurou – o cinema hollywoodiano a partir de 1934 com uma série de leis moralistas. Toda a parte dedicada à sexualidade do código teve o cinema de Lubitsch como a principal referência a ser combatida.

O filme também marca em definitivo o estilo que ficaria conhecido como o "Toque Lubitsch", caracterizado pela construção de cenas calcadas na medida perfeita entre o que deveria ser mostrado e o que poderia ser sugerido através da imagem. A ironia e a sutileza de suas cenas, num domínio assombroso e refinado das ferramentas de linguagem cinematográfica, deixou uma série de herdeiros no cinema de Hollywood. Disse seu pupilo e admirador Billy Wilder: "durante vinte anos todos nós tentamos encontrar o segredo do Toque Lubitsch. De vez em quando, com um pouco de sorte, conseguia algum metro de filme que brilhava momentaneamente como se fora de Lubitsch, mas não era realmente seu".

O Tenente Sedutor é o terceiro filme de Lubitsch realizado com o ator Maurice Chevalier, seu terceiro filme sonoro e, ainda, sua terceira opereta musical.

O TENENTE SEDUTOR
12/09 - 18h30
The Smiling Lieutenant, 1931, 88 minutos
Direção: Ernst Lubitsch
Elenco: Maurice Chevalier, Claudette Colbert, Miriam Hopkins

sábado, 29 de agosto de 2015

Rosemberg 70 – Cinema de Afeto




A partir de terça-feira, 1 de setembro, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) recebe a mostra Rosemberg 70 – Cinema de Afeto, com uma retrospectiva de Luiz Rosemberg Filho, um dos principais expoentes do cinema de invenção brasileiro. Durante a mostra, acontece o lançamento de seu novo longa-metragem, Dois Casamentos. Com a curadoria de Cavi Borges e Renato Coelho, a mostra exibe 41 filmes (8 longas-metragens e 33 curtas) do cineasta em cópias digitais em alta definição.

PREÇOS

O ingresso para a sessão de Dois Casamentos custa R$ 8,00, com meia entrada para idosos e estudantes. Quem comprar um ingresso para o filme, ganha uma entrada franca para qualquer outra sessão da mostra.
O ingresso para as outras sessões tem o valor único de R$ 4,00.


SOBRE A MOSTRA

Há décadas, o diretor Luiz Rosemberg Filho teve seus filmes censurados, boicotados e perdidos. Um realizador criativo e atuante que não se adaptou às regras de mercado e nem às costumeiras burocracias governamentais. Um grande artista e pensador do cinema e da vida que, apesar de tudo, seguiu com suas ideias e convicções acerca do cinema que acreditava e acabou pagando alto por isso. Mas a vida dá voltas… e seus filmes começaram a encontrar espaços em cineclubes, na internet, em festivais e mostras de cinema. Uma nova geração em busca de algo realmente diferente e instigante abraça suas ideias e seu cinema e descobre nele um cineasta moderno e afiado. A tecnologia digital e o método de produção/distribuição/exibição livres auxiliam muito nisso tudo também. Hoje, essa nova geração de cinéfilos e cineastas abraça o grande mestre, injeta força e o estimula em sua volta triunfal: retrospectivas, homenagens, novo longa-metragem, filmes perdidos recuperados, livros, DVDs, direção teatral, exposições, documentário, circuito de cinemas comerciais (nem tão comerciais assim…). O fato é que Luiz Rosemberg Filho está de volta! Mais criativo do que nunca! Sorte pra todos nós nessa jornada!

A mostra exibe filmes raros e marcantes como O Jardim das Espumas, definido por Glauber Rocha como “uma sopa de pedras bem temperada”, o anárquico A$suntina das Amerikas, com bastante influência de Rogério Sganzerla, e o denso Crônica de um Industrial, proibido pela censura de ser o representante do Brasil no Festival de Cannes de 1978. 


FILMES

O JARDIM DAS ESPUMAS
(1970, 108min) – 18 anos
Direção: Luiz Rosemberg Filho
ELENCO: Fabíula Francaroli, Getúlio Ferreira Haag, Labanca, Nildo Parenti, Roberto de Cleto, Alvim Barbosa, Stênio Pereira, Walter Goulart, Echio Reis, Grecia Vanicori

Um planeta extremamente pobre, dominado pela irracionalidade e opressão, recebe a visita de um emissário dos planetas ricos, interessado em acordos econômicos. Antes de se encontrar com o governante, ele é seqüestrado pela facção contraditória do sistema, o oposto de tudo aquilo que é dito oficialmente. Dois estudantes são interrogados sobre o seu desaparecimento e mortos, sendo seus corpos, abandonados numa estrada. O emissário, ao tomar contato com a realidade do planeta, descobre que vai fomentar um mito que não deve ser desenvolvido ali.

IMAGENS
(1973, 70min) – HD – 18 anos
Direção: Luiz Rosemberg Filho

No real, apreende-se: a) as imagens precisas que se situam em um momento determinado de nossas contradições históricas e suas consequências; b) as imagens de um estado tão repressivo quanto a linguagem determinante de um sistema; c) a moralidade das mortes na busca da vida; d) a imobilidade enquanto reflexo de um mundo irritante, sem futuro, cansativo, castrador, indefeso, surdo e mudo; e) com a boca fechada, agimos no silêncio da história; f) o sangue é nossa realidade e nossa enfermidade. O mundo nos observa em silêncio… O cinema é um despertador. Ele começa a questionar. Ou isto corresponde às imagens de nossos sofrimentos.

A$SUNTINA DAS AMÉRIKAS
 (1976, 97min) – 18 anos
 Direção: Luiz Rosemberg Filho
ELENCO: Cidinha Milan, Nelson Dantas, José Celso Martinez Corrêa, Ivan Pontes, Rhéia Sílvia, Sérgio Pizzoli, Jairzinho Graça, Maria Sílvia, Xuxa Lopes, Analu Prestes.
Uma prostituta, no período de 24 horas, acorda, briga com a mãe, anarquisa o filho, namora Papai Noel, um Urso Azul e duas amiguinhas e por fim se encontra com o velho amante milionário.

CRÔNICA DE UM INDUSTRIAL
(1978, 87 min) – 18 anos
Direção: Luiz Rosemberg Filho
ELENCO: Renato Coutinho, Adriana Figueiredo, Wilson Grey, Kátia Grumberg, Eduardo Machado, Ana Maria Miranda

Um empresário bem sucedido, de esquerda quando jovem, continua um nacionalista convicto. Entra em crise, quando pressionado pelos interesses do capital estrangeiro e pelos operários, e procura compensar no sexo seu vazio existencial. A esposa se mata, a amante o abandona. Sentindo-se culpado por ter traído seus ideais de juventude, suicida-se.

O SANTO E A VEDETE
(1982, 80 min) – 18 anos
Direção: Luiz Rosemberg Filho
 ELENCO: Lutero Luís, Adriana de Figueiredo, Paula Nestorov, Renato Coutinho, Nelson Dantas, Mara Aché, Charles Peixoto, Wilson Grey, Telma Reston. Paulo Cunha Melo

Chupadinha, político e patrão, vive com sua mulher Lalá e seus filhos – um rapaz de 16 anos e uma moça de 17 – na interiorana cidade de Santa Rita da Paz. Durante o carnaval, enquanto a esposa entra em retiro espiritual num convento, ele vai para o Rio de Janeiro, onde se apaixona por uma vedete. De volta à cidade, retoma suas atividades, dirigindo a empresa da esposa. Chega, então, a vedete, para montar um espetáculo de revista no teatro local. Ela procura Paulo e pede-lhe que use sua influência para ajudá-la a obter permissão de se apresentar, e ele explica que será necessário convencer o padre, o prefeito e o delegado de polícia. A vedete consegue persuadí-los, mas Lalá intervém e, como dona de praticamente todos os bens de produção da cidade, censura o espetáculo. A vedete não se dá por vencida, e mostra a Lalá fotos comprometedoras de Paulo no Rio de Janeiro,conseguindo assim realizar os seus planos e conquistar as simpatias gerais, inclusive a da esposa traída.

DOIS CASAMENTOS
(2014, 70min) – 14 anos
Direção: Luiz Rosemberg Filho
ELENCO: Patricia Niedermeier e Ana Abbott
2 noivas aguardam numa ante sala da igreja serem chamadas para se casarem. Enquanto isso, refletem sobre suas vidas.




ROSEMBERG 70 – CINEMA DE AFETO
(2015, 70min) – 18anos
Direção: Cavi Borges e Christian Caselli
Vida e obra do cineasta Luiz Rosemberg Filho. Um FILME-COLAGEM!

AZOUGUE
(2014, 47 min) – Livre
Direção: Luiz Rosemberg Filho
 O que é um editora de livros? Para que serve? Um documetário LIVRE de Luiz Rosemberg Filho

PROGRAMA DE CURTAS 1
68min – classificação indicativa: 18)

Colagem (1969, 29’) – Episódio De América Do Sexo
Ideologia (1979, 10’)
Auschiwitz (1980, 09’)
Linguagem (2013, 20’)

PROGRAMA DE CURTAS 2
(77min – classificação indicativa: 18)

Alice (1984, 39’)
Videotrip (1984, 38’)

PROGRAMA DE CURTAS 3
(79min – classificação indicativa: 18)

O Vampiro (1988, 40’)
Desobediência (1989, 10’)
Cinema Novo (1991, 10’)
O Discurso das Imagens (2010, 19’)

PROGRAMA DE CURTAS 4
(80min – classificação indicativa: 18)

Agit-Prop (1993, 08’)
Science-Fiction (1993, 05’)
Experimental (1993, 13’)
Barbárie (1993, 09’)
Pornografia (1993, 09’)
As Sereias (1994, 08’)
Imagens e Imagens (1994, 07’)
As Máscaras (1994, 11’)

PROGRAMA DE CURTAS 5
(89min – classificação indicativa: 18)

Hollywood sem Filtro II (2005, 24’)
Guerras (2005, 23’)
Passagens (2006, 18’)
Dinheiro (2007, 24’)

PROGRAMA DE CURTAS 6
(83min – classificação indicativa: 18)
Uma Carta (2008, 13’)
Sangue (2008, 11’)
Nossas Imagens (2009, 20’)
 Sem Título (2010, 06’)
Trabalho (2011, 18’)
Desertos (2011, 15’)

PROGRAMA DE CURTAS 7
(66min – classificação indicativa: 18)

O Cinema Segundo Luiz Rô (2013, 03’), de Renato Coelho
Cinema (2005, 12’)
Afeto (2009, 21’)
Para Joel Yamaji (2006, 04’)
Bricolage (2008, 26’), De Ricardo Miranda


CURADORES

Cavi Borges é o fundador da Cavideo; locadora, produtora e distribuidora de filmes nacionais. Já dirigiu e produziu mais de 150 filmes ganhando 190 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Como produtor já trabalhou com mais de 60 cineastas diferentes. De jovens em seus primeiros filmes a cineastas experientes e veteranos. Da Zona Sul a Zona Norte. Das favelas as areas nobres do Rio. Tendo a diversidade sua principal marca de seus filmes. Acabou de produzir o novo longa metragem de ficção de Luiz Rosemberg Filho: “DOIS CASAMENTOS” que vai ser lançado nos cinemas comerciais em julho. E prepara para filmar mais um outro longa com Rosemberg: ” GUERRA DO PARAGUAI” agora em agosto.

Renato Coelho é cineasta, pesquisador e professor de cinema, interessado sobretudo pelo cinema brasileiro. Doutorando e mestre em Multimeios pela Unicamp. Foi curador de retrospectivas de filmes, como a mostra “Jairo Ferreira: Cinema de Invenção”. Realizou curtas-metragens como “Rua Julieta Palhares, 295″ (2013) e “O cinema segundo Luiz Rô” (2013). É autor do livro “O cinema e a crítica de Jairo Ferreira” (Alameda, 2015).

GRADE DE HORÁRIOS

1 a 13 de setembro de 2015

1 de setembro (terça)

15h – Programa de Curtas 1
17h – O Jardim das Espumas
19h – Dois Casamentos


2 de setembro (quarta)
15h – Programa de Curtas 2
17h – Imagens
19h – Dois Casamentos

3 de setembro (quinta)
15h – Programa de Curtas 3
17h – Assuntina das Amerikas
19h – Dois Casamentos

4 de setembro (sexta)
15h – Programa de Curtas 4
17h – Crônica de um Industrial
19h – Dois Casamentos

5 de setembro (sábado)
15h – Imagens
17h – O Santo e a Vedete
19h – Dois Casamentos

20h30 – Exibição do curta-metragem O Teto Sobre Nós, de Bruno Carboni 

6 de setembro (domingo)
15h – O Jardim de Espumas
17h – Rosemberg 70 – Cinema de Afeto
19h – Dois Casamentos


8 de setembro (terça)
15:00 – Programa de Curtas 5
17:00 – Dois Casamentos
19:00 – O Jardim das Espumas

9 de setembro (quarta)
15:00 – Programa de Curtas 6
17:00 – Dois Casamentos
19:00 – Imagens

10 de setembro (quinta)
15:00 – Programa de Curtas 7
17:00 – Dois Casamentos
19:00 – O Santo e a Vedete

11 de setembro (sexta)
15:00 – O Jardim de Espumas
17:00 – Dois Casamentos
19:00 – Azougue

12 de setembro (sábado)
15:00 – A$suntina das Amerikas
17:00 – Dois Casamentos
18:30 – Sessão Aurora (O Tenente Sedutor, de Ernst Lubitsch)

13 de setembro (domingo)
15:00 – Rosemberg 70 – Cinema de Afeto
17:00 – Dois Casamentos

19:00 – Crônica de um Industrial



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Exibição de O Teto Sobre Nós





No sábado, 5 de setembro, às 20h30, acontece na Sala P. F. Gastal a primeira exibição em Porto Alegre do curta-metragem O Teto Sobre Nós, de Bruno Carboni, produzido pela Tokyo Filmes e financiado pela Secretaria de Estado da Cultura e Pró-Cultura RS. O filme teve estreia mundial no importante Festival de Locarno e recebeu os prêmios de som e direção na mostra principal do Festival de Gramado. A entrada é franca. Serão arrecadados materiais escolares, livros, brinquedos e/ou produtos de limpeza que serão doados à Ocupação Saraí. Quem puder levar para colaborar, agradecemos muito!

Sinopse do filme: Ocupantes de um prédio abandonado recebem um aviso que eles podem ser despejados a qualquer momento. Enquanto Anna tenta lidar com a notícia, ela se depara com um misterioso homem deitado em sua cama. 

 
Data: sábado, 05 de setembro às 20h30
Local: Sala P.F Gastal (Av. Pres. João Goularte, 551 - Centro, Porto Alegre - RS. Usina do Gasometro, 3o andar)
Ingresso: Gratuito

Logo após a sessão, haverá uma festa para comemorarmos na Ocupação Saraí (Av Mauá esquina com a Caldas Junior), com show da La DignaRabia. A festa começará às 22h, quem for direto para lá, agradecemos se também levar doações.



Ficha técnica do filme:
Elenco: Silvana Rodrigues, Francisco Gick, Cosme Rodrigues, Ceniriane Vargas da Silva, Tainá Santos do Paiva, Iolanda Rodrigues
Direção: Bruno Carboni
Roteiro: Bruno Carboni, Marcela Bordin, João Kowacs
Produção: Davi Pretto, Paola Wink
Produção executiva: Paola Wink
Direção de fotografia: Antônio Ternura
Direção de Arte: Richard Tavares
Direção de Produção: Marcos Rohrig
Montagem: Bruno Carboni
Desenho de Som: Tiago Bello
Técnico de som direto: Marcos Lopes
Trilha sonora original: Diego Poloni
Microfonista: Tomaz Borges
Assistente
de direção: Isadora Victora
Assistente de câmera: Arno Schuh 
Assistente de arte: Martino Piccinini
Maquiagem de efeitos: Bianca Prunes
Assistente de produção: Thiago Luiz Machado
Still: Biel Gomes
Produção de Elenco: Laura Leão
Logger: Gabriel Pessoto
Produtor de set: Henrique Schaefer, Marcelo “Tchaca” Baieski
Eletricistas: Joacir Fontana, Sérgio Cunha, Eduardo Ferreira Rodrigues JR
Colorista: Ligia Tiemi Sumi
Efeitista: Ricardo Mendes 
Artista de Foley: Sérgio Kalill
Gravação e edição de foley: Ivan Lemos
Edição de efeitos sonoros: Marcos Lopes
Estudio de edição e mixagem de som: Gogó Conteúdo Sonoro
Motoristas: Erasmo Garcia, Levistone Manara, Mauricio Rossetti, Paulo Denis Porto Alegre Calzia, Valdoir, William Pacheco
Figuração, Bruno Fernandes, Bruno Mattos da Silva, Cinândrea Guterres Domingues, João Gabriel Moraes, Jhoão de Lima Rodrigues, Laura Oliveira Lima, Lucia Clemente da Silva, Márcia Ilha Marques, Silvia Duarte, Waldemar May
Agradecimentos Especiais:, Ocupação Saraí, Ocupação 20 de novembro, Ocupação Violeta
Produtora: Tokyo Filmes
Apoio: Locall, Sofá Verde Filmes


Iecine RS e Rio Grande do Sul Pólo Audiovisual
Financiamento: Secretaria de Estado da Cultura, Pró-Cultura RS

sábado, 15 de agosto de 2015

Retrospectiva Werner Schroeter



A partir de terça-feira, 18 de agosto, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe em parceria com o Goethe-Institut uma retrospectiva com dez filmes de Werner Schroeter, um dos nomes mais radicais do cinema moderno alemão. Com cópias em blu-ray, a mostra tem entrada franca.


WERNER SCHROETER

Embora o cinema de Werner Schroeter tenha nascido no espírito do Novo Cinema Alemão e tenha feito parte deste movimento desde o início, seu estilo o diferencia dos outros cineastas do período. Schroeter criou uma estética própria que é marcante em todos os seus filmes, sejam de ficção ou documentários, algo que o deixou numa posição marginal dentro do Novo Cinema Alemão. Amante de óperas, Schroeter usa imagens extremamente estilizadas e iconográficas, com uma linguagem opulenta e expressionista. Suas obras obedecem rigorosamente a um ideal artístico e são tão inovadoras quanto provocadoras.

Os primeiros filmes de Schroeter, Argila e Eika Katappa, ainda no final dos anos 1960, expandem as fronteiras do cinema narrativo tradicional a partir de telas múltiplas e colagens experimentais. Na década de 1970, realiza alguns de suas obras mais célebres, transitando por estilos e territórios distintos. Entre elas, A Morte de Maria Malibran, uma homenagem singular a grandes divas do canto, da personagem-título a Maria Callas e Janis Joplin, o surrealismo californiano de Willow Springs, o romantismo brega de influência mexicana em Anjo Negro e a Cuba imaginária de Os Flocos de Ouro.    

“Schroeter é o Cocteau do nosso tempo. O cinema de Werner Schroeter é a mais pura magia, ele cria um novo mundo, um novo tempo, cheio de artifício e beleza. Visões de um reino imaginário onde tudo é permitido. Magic Werner, Magic Cinema.” Libération 4/9/2008

“Você faz, ou você não faz” disse Werner Schroeter numa entrevista para o jornal alemão Berliner Zeitung, resumindo assim, em poucas palavras, a ideia básica do chamado Novo Cinema Alemão. Foi com esse espírito que começaram os grandes mestres do Novo Cinema Alemão: Herzog, Fassbinder, Wenders, Schlöndorff - e Werner Schroeter. Naquela época houve uma ruptura radical com a forma com que até então se entendia e se fazia cinema: o diretor tornava-se o autor dos seus filmes, o objetivo não era mais o sucesso comercial, mas a relevância da temática política e social. Começava um movimento que pretendia distanciar os filmes da perspectiva de investimento e retorno financeiro e garantir o máximo de liberdade ao cineasta. Os filmes não deveriam mais apenas entreter o público, mas provocar um debate sobre questões sociais e políticas. Especialmente nos primeiros anos, foram realizados muitos filmes com orçamentos baixíssimos, muitas vezes movidos somente pelo idealismo e pela convicção dos cineastas e de suas equipes: nascia o Novo Cinema Alemão.

Werner Schroeter nasceu em 1945, na Alemanha. Começou a fazer cinema de forma autodidata no final dos anos 60, com filmes experimentais em super 8 e 16mm. O seu primeiro longa-metragem, “Eika Katappa”, de 1969, já despertou o interesse da crítica e do público. A partir dos anos 1970, paralelamente às suas produções para o cinema, Schroeter passou a encenar espetáculos de ópera e de teatro, tanto na Alemanha quanto em palcos internacionais.








FILMES

ARGILA
1969, 33 min, ficção, 18 anos
Essa obra experimental de Werner Schroeter faz parte de seus primeiros trabalhos e foi criada em forma de projeção dupla. O filme utilizado como base exibe um homem e três mulheres, duas interagem diretamente com ele, a terceira comenta os acontecimentos. O filme é projetado uma vez em cópia muda em preto e branco e uma colorida e sonorizada na outra metade da tela. A cópia em preto e branco começa um minuto mais cedo, com esse adiantamento, a cor e o som tornam-se uma lembrança complementar das imagens já vistas.

EIKA KATAPPA
1969, 143 min, ficção, 18 anos
Uma colagem experimental de Werner Schroeter de imagens e sons assíncronos, sem vínculo direto e explícito. O vínculo é criado inicialmente na cabeça do público. Aqui se forma um contexto entre lendas antigas, opereta, cinema, show, Beethoven, Maria Callas, Verdi e Caterina Valente. O filme foi exibido em 1970, na Quinzaine des realisateurs do Festival de Cannes.

PILOTO DE BOMBARDEIO (Der Bomberpilot)
1970, 65 min, ficção, 18 anos
Este é o primeiro trabalho de Werner Schroeter para a televisão alemã. O filme narra a carreira de três mulheres como cantoras e dançarinas, desde o tempo do nazismo até o milagre econômico nos anos 1950 e 60.

A MORTE DE MARIA MALIBRAN (Der Tod der Maria Malibran)
1972, 104 min, ficção, 18 anos
A meio-soprano Maria Malibran, cujas voz e beleza conquistaram os corações de Rossini e Bellini, faleceu em 1836 com 26 anos em decorrência de uma queda do cavalo. O filme não pretende ser biográfico, mas destina-se ao seu mito e seu misticismo, apresentando Magdalena Montezuma e Candy Darling nos papéis principais. O filme retrata os pontos fortes e fracos das divas, independente do século; de Maria Callas a Janis Joplin, as Malibrans modernas, a quem Werner Schroeter dedica esse filme.

WILLOW SPRINGS  
1973, 78 min, ficção
Três mulheres levam uma vida recatada no deserto californiano e sentem-se ameaçadas pela chegada de um homem estranho. O filme conta a história de um humor surreal como um sonho, caracterizado por identidades femininas descontinuadas.

ANJO NEGRO (Der schwarze Engel)
1974, 71 min, ficção
O filme começa com imagens documentais e comentários em voice-over sobre a Cidade do México, conduzindo o espectador por uma viagem mística de duas turistas, uma alemã e uma secretária da embaixada americana, que buscam o sentido de vida e realização pessoal nas ruínas dos Deuses Incas. O próprio Schroeter descreve a sua obra como ‘piada nostálgica, uma farsa barata’ - romantismo brega e colonialista.

OS FLOCOS DE OURO (Goldflocken)
1976, 160 min
O filme se passa em Cuba (inventada), na França, na região do Ruhr e na Baviera, é falado em vários idiomas e dividido em quatro atos. Schroeter reflete sobre destino e moral e a atriz Bulle Ogier comenta esse filme mais tarde: ‘As sequências em preto e branco são a coisa mais bela que já fiz no cinema. Werner conseguiu captar a fragilidade, a transparência delicada dentro de mim. Assim como com Andréa Ferréol, que nunca esteve mais sexy e mais renoir em um filme de cinema’.

DIA DOS IDIOTAS (Tag der Idioten)
1981, 106 min
O que se passa na cabeça da bela Carol Schneider? Ela não se encaixa na vida normal. Tenta escapar com todos os recursos: grita, chora, xinga e implora pela atenção de seu apático amante Alexander. "Matem-me!" ela grite para o nada. O seu comportamento a leva à internação em um manicômio. Aqui ela quer ficar para sempre, apesar de continuar isolada. Finalmente, ela recebe alta, está curada. Os muros do manicômio desabam e Carol é atropelada por um carro. – Reflexão com aspecto surreal sobre a fuga do manicômio.

CONCÍLIO DE AMOR (Liebeskonzil)
1982, 90 min
Com raiva sobre as atividades depravadas das pessoas na época da renascença, Deus convoca um concílio no céu e se consulta com Maria, Jesus e o Diabo sobre a possibilidade de castigar as pessoas e ao mesmo tempo resgatar suas almas, para que ainda tenham súditos no reino do céu. Finalmente o Diabo é incumbido de encontrar esse castigo. Ele gera uma filha com Salomé que vai à corte imoral do Papa Borgia Alexander VI para contagiar as pessoas com sífilis. – Filmagem da peça de teatro de Oskar Panizza (1853-1921) em uma encenação do Teatro Belli em Roma. A ação principal do filme é o processo contra Panizza, que em 1895 é condenado a um ano de prisão por blasfêmia em "Concílio de amor", e mais tarde acaba no manicômio.

DE L’ARGENTINE  
1986, 94 min, documentário
Documentário sobre os pavores e a tortura da ditadura militar argentina. Werner Schroeter compara as informações oficiais publicadas pelo regime militar aos depoimentos de vítimas, dissidentes e as famílias dos “desaparecidos”.  A partir da intimidade com os entrevistados, através de sua mímica e suas palavras, o filme transmite o pavor da violência. 

GRADE DE HORÁRIOS
18 a 30 de agosto de 2015


18 de agosto (terça-feira)
17:00 – Os Flocos de Ouro (1976)
20:00 – A Morte de Maria Malibran (1972)

19 de agosto (quarta-feira)
17:00 – Dia dos Idiotas (1981)
19:30 – Eika Katappa (1969)

20 de agosto (quinta-feira)
17:00 – Concílio de Amor (1982)
19:30 – Willow Springs (1973)

21 de agosto (sexta-feira)
17:00 – De l'Argentine (1985)
19:30 – Anjo Negro (1974)

22 de agosto (sábado)
15:00 – Argila (1969) + Piloto de Bombardeio (1970)
17:00 – Willow Springs (1973)
19:00 – Os Flocos de Ouro (1976)

23 de agosto (domingo)
15:00 – Dia dos Idiotas (1981)
17:00 – Concílio de Amor (1982)
19:00 – De l'Argentine (1985)

25 de agosto (terça-feira)
17:00 – Anjo Negro (1974)
19:00 – Willow Springs (1969)
20:30 – Sessão Plataforma

26 de agosto (quarta-feira)
17:00 – A Morte de Maria Malibran (1972)
19:00 – Os Flocos de Ouro (1976)

27 de agosto (quinta-feira)
17:00 – Concílio de Amor (1982)
19:00 – Dia dos Idiotas (1981)

28 de agosto (sexta-feira)
17:00 – Argila (1969) + Piloto de Bombardeio (1970)
19:00 – Eika Katappa (1969)

29 de agosto (sábado)
15:00 – Anjo Negro (1974)
17:00 – A Morte de Maria Malibran (1972)
19:00 – Sessão Plataforma (reprise)

30 de agosto (domingo)
15:00 – De l'Argentine (1985)
17:00 – Argila (1969) + Piloto de Bombardeio (1970)
19:00 – Eika Katappa (1969)