quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sala P. F. Gastal dá início à programação especial de aniversário

A Sala P. F. Gastal comemora em 25 de maio próximo seus dez anos de existência. Para celebrar a data, ao longo de todo o mês de maio foi preparada uma programação especial, incluindo três mostras retrospectivas e o lançamento de dois filmes inéditos no Brasil, os elogiados Hunger, de Steve McQueen, e Afterschool, de Antônio Campos.


O primeiro evento comemorativo do aniversário do cinema mantido pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre inicia já na sexta-feira, dia 1º de maio, quando inaugura a mostra
Marguerite Duras: Escrever Imagens
Confira detalhes da Mostra nas postagens anteriores


A seguir, de 8 a 17 de maio, a Sala P. F. Gastal recebe a mostra 100 Anos da Cinematografia Polonesa, com 14 longas-metragens de diferentes períodos (coquetel de abertura no dia 5 de maio, às 19 horas).



Já no dia 19 de maio tem início a mostra dedicada ao cineasta alemão Bernhard Wicki (acompanhada de uma exposição de 40 fotografias na Galeria dos Arcos da Usina do Gasômetro – ver abaixo), que está itinerando pelo país por iniciativa do Instituto Goethe.


Finalmente, na última semana de maio serão exibidos os filmes Hunger e Afterschool. Ambas as produções foram recebidas com entusiasmo no Festival de Cannes do ano passado, e permanecem inéditas no Brasil. Antônio Campos, que é filho do jornalista Lucas Mendes, virá especialmente de Nova York para acompanhar as exibições de Afterschool

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Filmografia de Marguerite Duras - comentada por Mauricio Ayer

India Song (1974) França, 120 min, cor

Direção: Marguerite Duras
Produção: Sunchild, les Films Armorial, S. Damiani, A. Valio-Cavaglione
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Bruno Nuytten
Som: Michel Vionnet
Música: C
arlos d’Alessio, Beethoven
Edição: Solange Leprince
Atores: Delphine Seyrig (Anne-
Marie Stretter), Michael Lonsdale (Vice-Cônsul), Claude Mann (Michael Richardson), Didier Flamand (Convidado dos Stretter), Mathieu Carrière (Jovem Adido), Vernon Dobtcheff (George Crawn), Claude Juan (Um Convidado), Satasinh Manila (Voz da Mendiga)

As pessoas às vezes dizem que minha obra é feita como a música é feita. Se eu posso ter uma opinião, eu acho que é verdade. Pelo menos para India Song é verdade.(Marguerite Duras)

É a história de um amor, vivido nas Índias, nos anos 30, numa cidade superpopulosa às margens do Ganges. Dois dias dessa história de amor são evocados. A estação é a da monção de verão. Quatro Vozes – sem rosto – falam dessa história.
As Vozes não se dirigem ao espectador ou ao leitor. Elas são de uma total autonomia, falam entre si. Não sabem que são ouvidas. As Vozes conheceram, leram, a história desse amor há muito tempo. Algumas se lembram melhor que outras. Mas nenhuma se lembra completamente, e, tampouco, nenhuma a esqueceu por completo. Não se sabe em nenhum momento quem são as Vozes. No entanto, pela maneira que cada uma tem de se e
squecer ou de se lembrar, elas se fazem conhecer mais do que por sua identidade.
O enredo é uma história de amor imobilizada na culminância da paixão. Em torno dela, uma outra história, a do horror – fome e lepra mescladas na umidade pestilenta da monção – imobilizada também num paroxismo cotidiano.

A mulher, Anne-Marie Stretter, esposa de um embaixador da França nas Índias, agora morta – seu túmulo está no cemitério inglês de Calcutá –, como que nasceu desse horror. Ela fica em meio a isso com uma graça onde tudo se abisma, num inesgotável silêncio. Uma graça que as Vozes precisamente tentam rever, porosa, perigosa, e perigosa também para algumas das Vozes.
Ao lado dessa mulher, na mesma cidade, um homem, o Vice-cônsul da França em Lahore, em desgraça em Calcutá. No seu caso, é por sua cólera e pelo assassinato que ele se une ao horror indiano.
Uma recepção na Embaixada da França terá lugar – durante a qual o Vice-cônsul maldito gritará seu amor por Anne-Marie Stretter. Isto, diante dos olhos da Índia branca. Depois da recepção, ela irá às ilhas da foz do Ganges pelas estradas do Delta.

India Song é um filme central na obra de Duras e representa a culminância de décadas de trabalho como escritora, dramaturga e diretora. Sem dúvida, é a obra que reúne mais referências a outras de suas obras, e em que ela consolida um modo totalmente particular de fazer cinema, em que os vários elementos que constituem a imagem audiovisual (como luz, enquadramento e movimentos de câmera, gestos e movimentos de atores, música, sonoplastia etc.) são agenciados como numa orquestração musical, em seus ritmos, encontros e desencontros, fusões e contrastes. Essa estrutura complexa, ao mesmo tempo sensual e terrível, permite a Duras construir o que seria um exemplo contemporâneo de uma tragédia – no sentido clássico da palavra, como no teatro grego antigo.

Um herói (o Vice-cônsul) realiza sua falha trágica ao apaixonar-se por Anne-Marie Stretter, que não somente é a esposa de seu superior hierárquico, mas principalmente é uma mulher que não se pode possuir, uma mulher que é de todos, que dá seu amor a quem queira. Toda a chamada “Índia branca”, a classe colonial, já esteve com ela; ao Vice-cônsul, no entanto, que “nunca amou ninguém”, este amor é impossível, mas ainda assim ele se entrega a ele em plena loucura.
O escândalo de seus gritos na cena do baile revela a sua “desmedida” (a “hybris” da tragédia grega), sua não adaptabilidade a um mundo em que todos se habituam – habituam-se ao calor insuportável, ao convívio com a degradação humana. Seus gritos, finalmente, lançam no centro da cena a realidade decadente dessa classe colonial que se diverte em bailes e em comentar a vida alheia “do lado de cá” das grades da Embaixada, enquanto que “do lado de lá” uma multidão de miseráveis e leprosos se amontoa à espera das sobras desse banquete. O Vice-cônsul também escancara essa relação ao dar tiros nos leprosos da sacada de sua casa, realizando o gesto surrealista preconizado por André Breton: no atual estado de coisas, o que resta é sair às ruas e atirar na multidão.

Dionys Mascolo, importante intelectual e ativista francês, que é também pai do filho de Marguerite e que grava uma das vozes de India Song, apresenta em texto de rara beleza uma síntese o que seria esse filme que se faz como uma música:

“Essa tragédia cinematográfica é integralmente construída como uma composição musical (…). Todo o filme, inclusive a imagem, é escrito como uma partitura. São tantas as suas partes: as imagens, seu enquadramento, os cenários onde são localizadas ou os que deixam à margem; os movimentos de câmera (as alternâncias de mobilidade e imobilidade); os movimentos no plano (coreografia); os gestos expressivos (andamento dos atores, dirigidos como músicos de orquestra); a própria música – as músicas na verdade, uma é exterior, a outra não; os sons (os pássaros, o ruído cósmico do mar) dos quais quaisquer ruídos realistas são excluídos: nesse aspecto o filme é mudo; as vozes por fim: as vozes “presentes” dos oficiantes; vozes atemporais que tanto comentam o evento evocado na imagem à maneira de um recitativo, e cujos encantamentos permitem a passagem incessante das fronteiras do tempo, quanto meditam sobre a ação realizada; voz da “mendiga” enfim, presente-ausente – eterna, pois que é a inocência e a infelicidade sempre sobrevivente do mundo. Toda a parte central do filme (“a recepção”) é uma seqüência, agenciada com um prodigioso sangue-frio, de entradas, saídas, perguntas, respostas, olhares e gestos, de chamados e anúncios, de música e gritos, que faz subir como um mar a intelecção sem remédio das coisas, assalto inquietante, marcado pela serenidade mortal com a qual se encadeiam alguns golpes, como as estocadas de espada de um toureiro. É justamente de morte que se trata, mas definitiva e total: da própria esperança.”
Como diz Nietzsche, a tragédia tem origem no espírito dionisíaco da música, mas se apresenta ao ganhar um
a forma e uma imagem (apolíneas) de um mito. É exatamente com isso que lidamos em India Song.

Détruire, dit-elle (Destruir, disse ela) (1969) França, 90 min, p&b

Direção: Marguerite Duras
Produção: Ancinex, Madeleine Films
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Jean Penzer
Som: Luc Berini

Edição: Henri Colpi
Atores: Nicole Hiss (Alissa Thor), Catherine Sellers (Elizabeth Alione), Michael Lonsdale (Stein), Henri Garcin (Max Thor), Daniel Gélin (Bernard Alione)

Dois homens se encontram e conversam todos os dias num hotel de campo. Um deles, Max Thor, que está “em vias de se tornar um escritor”, observa Elizabeth Alione, uma mulher que se recupera de um aborto, e todos os dias se deita ao sol no gramado, com um livro que nunca lê. Quando Alissa, a esposa de Thor, chega ao hotel, encontra Stein e inicia com ele uma relação adúltera, consentida pelo marido. O grupo aproxima-se de Elizabeth, e ela vive simultaneamente atração e pavor por Alissa, que quer levá-la à floresta, onde os limites e convenções sociais estão suspensos. A loucura se infiltra nos diálogos, que passam a insinuar sentidos compreensíveis apenas aos personagens, mas inacessíveis ao espectador, criando uma atmosfera de angústia, em que a qualquer momento algo terrível pode acontecer.

O filme é uma resposta direta de Marguerite Duras às experiências vividas em Maio de 1968. Questionada sobre ser esta uma obra política, ela respondeu: “[Michel] Foucault acha que sim”. Entende-se então que a política aqui é aquela que o filósofo francês apresenta como micropolítica, esses vetores de poder e resistência que atravessam os corpos, a incorporação da loucura pela razão, a ruína dos valores morais, a ética do desejo. Duras descreve os eventos de maio em Paris como uma loucura coletiva, que se traduz nesse desejo de destruição, e a iminência de que o mundo, a cultura, o cinema, tudo venha abaixo: “o amor corria pelas ruas”, “não sabemos pra onde vamos, mas vamos”.

Césarée (Cesárea) (1979) França, 11 min, cor

Direção: Marguerite Duras
Produção: Les Films du Losange
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Pierre Lhomme
Som: Michel Vionnet

Música: Amy Flamer
Edição: Geneviève Dufour
Voz: Marguerite Duras

Em Césarée, vemos as estátuas do jardim das Tuilerias, diante do palácio do Louvre, em Paris. A voz de Marguerite Duras entoa a história, ou uma espécie de recitativo em alusão à história do amor impossível do imperador romano e da rainha dos judeus. Ela é “repudiada por razões de Estado”, o Senado romano avalia o perigo deste amor e o rechaça. “Restou o lugar”, diz Duras, e a visão das estátuas – enormes em sua perenidade de pedra, ao lado de pessoas comuns que por ali transitam – infiltra no tempo cotidiano uma dimensão mítica, universal.
Trata-se de um primeiro experimento de Duras em sobrepor dois tempos inconciliáveis, o da banal vida cotidiana de Paris e o tempo do amor. Este ressoa inevitavelmente no lugar onde foi vivido; basta ter olhos e ouvidos para captar o recado da pedra.

O povo judeu é, de fato, uma presença constante nos livros e filmes de Marguerite Duras. Em primeiro lugar, é o povo da palavra, das sagradas escrituras, do Velho Testamento, que Duras considera como o “Texto dos textos”. Em segundo lugar, é o povo do sofrimento, de uma dor sagrada que o torna digno de um respeito quase religioso. Se em Césarée os judeus são situados no tempo de opressão pelo Império Romano, Aurélia Steiner (Melbourne) (1979) e Aurélia Steiner (Vancouver) (1979) têm lugar no tempo contemporâneo, do holocausto imposto pelos nazistas aos judeus.


Aurélia Steiner (Melbourne) (1979) França, 35 min, cor

Direção: Marguerite Duras
Produção: Paris Audiovisuel
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Pierre Lhomme

Som: Michel Vionnet
Edição: Geneviève Dufour

Voz: Marguerite Duras

Aurélia Steiner (Melbourne) é constituído basicamente de travellings capturados ao longo do rio Sena, em Paris. Os ritmos da geometria das pontes, as texturas da luz nas águas e planos da catedral de Notre-Dame criam uma série de jogos visuais.

Agatha ou les lectures illimitées (Agatha ou as leituras ilimitadas) (1981) França, 90 min, cor

Direção: Marguerite Duras
Produção: Berthemont, I.N.A, Des femmes filment
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Dominique Lerigoleur, Jean-Pierre Meurisse
Som: Michel Vionnet
Música: Valsas de Brahms
Edição: Françoise Belleville
Vozes: Marguerite Duras e Yann Adréa
Atores: Bulle Ogier e Yann Andréa

Um homem e uma mulher, irmão e irmã, rememoram os momentos de seu amor incestuoso, antes de se separarem definitivamente. “Tudo é tão confuso”, diz ela, “sim, acho que vou embora devido à força desse amor tão terrível que temos um pelo outro” (Agatha, p. 11). No diálogo, vemos construir-se o filme de um passado irrecuperável, que se faz presente pela palavra.

O incesto é também uma forma de amor que Marguerite afirma ter vivido. Ela estava na França quando seu irmão, que permanecera na Indochina com a mãe, morreu durante a guerra, por falta de medicamentos. O desespero com que recebeu a notícia – ela conta que batia a cabeça contra a parede, queria se matar – a convenceu de que havia amado seu irmão. A partir dessa experiência, ela reflete que “o incesto é a coincidência entre o amor e o laço de parentesco. Todo amor, na realidade, busca recuperar esse laço fundamental”.

O filme incorpora no elenco, pela primeira vez, Yann Andréa Steiner, algumas décadas mais jovem que ela, mas que se torna o seu companheiro nos últimos dezesseis anos de sua vida. Ele voltará à tela em seu próximo filme, L'homme atlantique.

L’homme atlantique (O homem atlântico) (1981) França, 42 min, cor e p&b

Direção: Marguerite Duras
Produção: Berthemont, I.N.A, Des femmes filment
Roteiro: Marguerite Duras

Fotografia: Dominique Lerigoleur, Jean-Pierre Meurisse
Som: Michel Vionnet
Música: Brahms
Edição: Françoise Belleville
Voz: Marguerite Duras
Ator: Yann Andréa

A voz de Marguerite Duras fala a alguém, indica-lhe como num roteiro os gestos que deve cumprir, e assim quando percebe, fez-se o cinema. Diante de nossos olhos, a tela negra. Duras busca acessar aquilo que chama de “voz interior da leitura”, e evidenciar diante dos nossos olhos algo que é anterior à própria visão de um filme: sua criação interna, a imaginação antes da imagem.

Cerca de dois terços da duração do filme se passam com a tela negra, entrecortada por inserções de planos gravados na casa de Duras, na Normandia, diante do mar. Essas imagens, com simples mas ardilosos jogos de espelho ou o movimento perpétuo das ondas no mar.

Trata-se, portanto, de uma das obras mais radicais de Marguerite Duras em sua desconstrução do cinema. É quase uma instalação audiovisual que invade a sala de projeção, sua tela, um limite além do qual não é possível ultrapassar sem eliminar completamente o cinema do cinema.

Ao mesmo tempo, Marguerite estabelece o contraste preciso que ressalta a estrutura da relação entre o cinema e a literatura. Ela dizia que “o cinema golpeia de morte sua descendência, a imaginação”, ou seja, ao propor uma imagem ao espectador elimina suas infinitas possibilidades de imaginar a cena. Estas são próprias da leitura, da literatura, e ela traz para o filme de maneira que só seria possível numa obra cinematográfica.

Afinal, é ainda cinema este filme? A resposta só pode ser paradoxal: é e não é, ou ainda, já não é cinema e ao mesmo tempo não pode ser outra coisa senão cinema, sem possibilidade de uma decisão definitiva que não se paute numa concepção prévia e fechada do que seja essa arte.

Les enfants (As crianças) (1984) França, 90 min, cor

Direção: Marguerite Duras, Jean Mascolo, Jean-Marc Turine
Produção: Berthemont, Ministério da Cultura (FRA)
Roteiro: Marguerite Duras
Fotografia: Bruno Nuytten
Som: Michel Vionnet
Música: Carlos d’Alessio
Edição: Françoise Belleville
Atores: Axel Bougosslavsky (Ernesto), Daniel Gélin (Enrico), Tatiana Moukhine (Natasha), Martine Chevalier (Nicole), André Dussollier (Diretor da escola), Pierre Arditi (Jornalista)

Ernesto é um menino, filho de imigrantes (mãe russa e pai italiano), que mora num subúrbio pobre de Paris. Seu desenvolvimento incomum (aos 12 anos tem o aspecto de um homem de 40) a princípio não chama a atenção. Ele encontra um livro com um furo redondo no meio e, sem nunca ter aprendido, o lê – é a história de reis judeus. Um dia diz a seus pais que não voltará à escola, pois ali “ensinam coisas que ele não sabe”. Temendo as penas legais por não manter o filho na escola, os pais vão conversar com o diretor, que ainda não havia notado o tamanho incomum de Ernesto. A fala do diretor é precisa: “nenhuma criança quer ir à escola, elas são forçadas”. Ao conversar com Ernesto, no entanto, surpreende-se, não consegue convencê-lo com seus argumentos, e se torna quase um discípulo dele.

Ernesto desenvolve então seu método peculiar para saber as coisas. Ele espera na saída dos colégios para ouvir o que dizem os estudantes. Algum tempo depois: ele sabe. Esgotado o conhecimento escolar, começa a explorar as saídas de universidades, até que um dia ele consegue completar o conhecimento acumulado pela humanidade. Torna-se famoso, e um jornalista o procura, para ouvir o que ele, que tudo sabe, tem a dizer. Ele então cita o Eclesiastes: “Tudo é vaidade de vaidade” e sumariamente sentencia sobre as coisas do mundo: “Não vale a pena”.

Les enfants assinala o retorno de Marguerite Duras a uma narrativa que se pode considerar rellinear de seus primeiros romances, porém, com um enredo fantástico e alegórico. Em seguida, ela publica o romance A chuva de verão, em que desenvolve a história de Ernesto, seus irmãos e irmãs. Isto marca também o que se pode considerar como o último momento na relação de Duras com a realidade social e com a sua concepção política. Em India Song e Son nom de Venise dans Calcutta désert, a não-adaptação do Vice-cônsul a uma realidade de horror torna-se trágica quando confrontada com o amortecimento da sensibilidade da decadente sociedade colonial. Em O caminhão a tragicidade se dilui numa estrutura fragmentária e cíclica, em que já se declara a impossibilidade de uma salvação para o mundo: que ele se perca é “a única política possível”. Agora, o gesto fundamental desta figura profética de Ernesto é o gesto alegórico em que se afirma uma indiferença ainda mais fundamental: tudo é “vaidade de vaidade”.

Os pais têm algum tipo de retardo que os torna sensíveis à realidade singular de seu filho; de algum modo, eles se comunicam, sobretudo a mãe. Ela perdeu praticamente toda a memória de seu próprio passado, salvo pelo nome de um antigo amor e por uma canção de sua terra de origem. Os diálogos do filme transitam, portanto, entre o conhecimento de tudo e a ignorância absoluta – dois extremos que afinal se tocam em algum ponto em que o espectador não pode exatamente discernir. E do silêncio luminoso e lento, surgem traços de cômico que, no entanto, não chegam a se completar.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Cinema de Marquerite Duras


A Sala P. F. Gastal integra-se ao circuito de programações que marcam a passagem do Ano da França no Brasil e recebe a partir da próxima sexta-feira, dia 1º de maio, a mostra Marguerite Duras: Escrever Imagens, que se estende até o dia 7 de maio.


Embora no Brasil seja mais conhecida como escritora (autora de livros como Moderato Cantabile e O Amante), a francesa Duras ganhou notoriedade como roteirista do clássico Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais (1959), realizando a seguir vários filmes como diretora durante as décadas de 60, 70 e 80. Nunca lançados comercialmente no país, parte dos filmes de Duras poderão ser finalmente conhecidos pelos espectadores porto-alegrenses.

O cinema de Marguerite Duras caracteriza-se por imagens de intensa beleza fotográfica e uma câmera que costuma investigar os espaços como num documentário. Além disso, o cinema de Duras propõe experiências novas em relação à utilização do som como elemento dramático. Em seus filmes, sons e imagens não apenas se confirmam numa narrativa, mas criam situações de disjunção, com relações inusitadas cujo sentido cabe ao espectador solucionar. Caso de India Song, com Delphine Seyrig e Michael Lonsdale, no qual há personagens que são apenas vozes, que assistem ao filme como nós, apaixonam-se pelas histórias das personagens em cena, mas jamais são vistos. Imagens e diálogos colocam o espectador diante de uma história de amor louco, em meio ao horror de uma Índia assolada pela lepra, pela miséria e pela fome. Em Aurélia Steiner (Melbourne), a fala de uma menina judia que sobreviveu aos campos de concentração se sobrepõe a imagens do movimento lento das águas e das pontes, dos barcos e do entorno do rio Sena, em Paris. Já em Césarée, as imagens são como ensaios fotográficos de estátuas no jardim das Tuilleries, diante do palácio do Louvre, em Paris, enquanto ouvimos a história de um imperador romano que sacrifica, por razões de Estado, seu amor por uma rainha.

Como diz a pesquisadora de cinema Stella Senra no catálogo da mostra "desde Hiroshima Meu Amor (1959), a autora investiga no cinema aquilo que é impossível ver. Na cena inicial, a atriz francesa, que está em Hiroshima gravando “um filme sobre a paz” e vive uma noite de amor com um arquiteto japonês, afirma que “viu tudo” sobre Hiroshima; e o seu amante responde que ela “nada viu”: todas as fotos, reconstituições, desenhos, objetos conservados após a destruição pela bomba, nada disso permite ver o verdadeiro horror da bomba. As imagens reduzem: só a palavra restitui a cada um a possibilidade de imaginar e viver aquilo que, na realidade, é impossível ver. E é, paradoxalmente, com o que não se pode ver que Duras faz o seu cinema."

A mostra Marguerite Duras: Escrever Imagens já passou por São Paulo e Rio de Janeiro, e tem curadoria de Maurício Ayer, que é doutor em Literatura Francesa pela Universidade de São Paulo e Universidade de Paris 8, com tese sobre as conexões entre literatura, teatro, cinema e música na obra de Duras.

Todos os filmes serão exibidos em cópias em 35mm, com legendas eletrônicas em português.

FILMES PROGRAMADOS

Agatha ou As Leituras Ilimitadas (Agatha ou les Lectures Illimitées, 1981, 90 minutos, colorido, cópia em 35mm)

Aurélia Steiner (Melbourne) (1979, 35 minutos, colorido, cópia em 35mm)

Césarée (1979, 11 minutos, colorido, cópia em 35mm)

Destruir, Disse Ela (Détruire, dit-elle, 1969, 90 minutos, preto e branco, cópia em 35mm)

As Crianças (Les Enfants, 1985, 94 minutos, colorido, cópia em 35mm)

O Homem Atlântico (L'Homme Atlantique, 1981, 42 minutos, colorido, cópia em 35mm)

India Song (1975, 120 minutos, colorido, cópia em 35mm)

GRADE DE HORÁRIOS

Sexta-feira (1º de maio)

15h – Destruir, Disse Ela
17h – As Crianças
19h – Destruir, Disse Ela

Sábado (2 de maio)

15h – As Crianças
17h – Destruir, Disse Ela
19h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas

Domingo (3 de maio)

15h – Destruir, Disse Ela
17h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
19h – India Song


Terça-feira (5 de maio)

15h – India Song
17h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melourne)
19h – India Song

Quarta-feira (6 de maio)

15h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
17h – India Song
19h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melbourne)

Quinta-feira (7 de maio)

15h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melbourne)
17h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
19h – As Crianças

Segue até dia 30 de Abril a Mostra Black


Até dia 30 de Maio segue a exibição de filmes da mostra Black - confira a Grade atualizada




Terça-feira (28 de abril)

15h – Super Fly
17h – Panteras Negras + Foxy Brown
19h – Vida Nova Por Acaso

Quarta-feira (29 de abril)

15h – Rififi no Harlem
17h – Um Culpado Ideal
19h – Heavy Traffic

Quinta-feira (30 de abril)

15h – Panteras Negras + Foxy Brown
17h – Compasso de Espera
19h – Vida Nova Por Acaso

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aenção! Errata Programação Black

A exibição do filme The Thing With Two Heads, de Lee Frost, programado para o projeto Raros na próxima sexta-feira, 24 de abril, foi cancelada, em função de atraso na chegada da cópia. O filme será reprogramado e terá seu novo horário oportunamente divulgado. Abaixo, os horários da mostra Black para o próximo final de semana.


Sexta-feira (24 de abril)

15h – Alma no Olho + Compasso de Espera
17h – Panteras Negras + Foxy Brown
19h – Filmes de Isaac Julien

Sábado (25 de abril)

15h – Sweet Sweetback´s Baadasssss Song
17h – Filmes de Isaac Julien
19h –
One Plus One

Domingo (26 de abril)

15h – Curtas de Zózimo Bulbul
17h – Filmes de Isaac Julien
19h – Panteras Negras + Foxy Brown

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ANTUNES FILHO NA SALA P. F. GASTAL

ANTUNES FILHO NA SALA P. F. GASTAL

A programação da mostra Black, em cartaz na Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro), tem entre as suas atrações neste final de semana pelo menos um título imperdível, o longa-metragem brasileiro Compasso de Espera, dirigido por Antunes Filho em 1973. Considerado o mais importante diretor teatral do Brasil, Antunes aventurou-se uma única vez na direção cinematográfica, e o resultado poderá ser conferido neste sábado, dia 18 de abril, na sessão das 17h, no cinema localizado no terceiro andar da Usina do Gasômetro.

O filme narra a história de um jovem poeta negro que tem um romance com uma moça de família aristocrática. Para fugir das críticas eles se refugiam em uma praia distante, mas os pescadores locais também desaprovam o romance. Diante de tantas pressões, a moça parte para a Europa e o poeta se sente perdido numa sociedade na qual não consegue se inserir. Uma autêntica raridade, Compasso de Espera é visto pela crítica como um dos filmes que abordou de maneira mais contundente a questão do racismo no Brasil, permanecendo ainda bastante atual, passados quase 40 anos de sua realização. Embora nunca mais tenha se dedicado ao cinema, Antunes Filho é reconhecido como grande cinéfilo. Além de freqüentador assíduo das salas, possui uma enorme coleção pessoal de DVDs e está sempre interessado em descobrir novos diretores e cinematografias.

No elenco de Compasso de Espera, Zózimo Bulbul, Renée de Vielmond, Karin Rodrigues e Antônio Pitanga.


A sessão será antecedida pelo curta Alma no Olho, dirigido por Zózimo Bulbul.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

VAMPIRO NEGRO NO RAROS

O projeto Raros da Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro – 3º andar) exibe na próxima sexta-feira, dia 17 de abril, às 19h (atenção ao novo horário das sessões do Raros, não mais às 21h), Blacula, de William Crain, produção de 1972 sobre vampiro negro que aterroriza as ruas de Los Angeles. Blacula integra a programação do projeto Black, inaugurado pela Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura na última terça-feira, que está apresentando diversos filmes que ilustram a contribuição da cultura negra para o cinema.

A trama do filme de William Crain adapta para o contexto americano do início da década de 70 algumas das principais situações do clássico romance Drácula, de Bram Stoker. Em 1780, ao visitar o Conde Drácula na Transilvânia, príncipe africano é atacado pelo vampiro e seu corpo permanece trancafiado em um caixão nos porões do castelo. Duzentos anos depois, após a venda do espólio de Drácula, o caixão vai parar em um depósito em Los Angeles. Logo os habitantes da cidade passam a sofrer os ataques de um vampiro negro. Na época de seu lançamento, o sucesso de Blacula foi tão grande que o filme logo ganharia uma continuação, Scream, Blacula, Scream, de 1973, com Pam Grier no elenco. Hoje, as duas produções, embora não consigam mais provocar sustos nos espectadores, adquiriram o status de filmes de culto.

Blacula será exibido numa cópia em DVD, com diálogos em inglês e legendas em espanhol. A sessão será comentada pelo jornalista Zeca Azevedo, especialista em cultura black. A entrada é franca.

Blacula, de William Crain (EUA, 1972, 92 minutos).

Com William Marshall, Denise Nicholas e Vonetta McGee.
Colorido.

terça-feira, 7 de abril de 2009

ONDA NEGRA NA USINA

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia daSecretaria Municipal da Cultura inaugura na próxima semana, dia 14 de abril, um de seus projetos mais ambiciosos do ano. Intitulado simplesmente Black, este evento, que compreende uma mostra reunindo 25 filmes e uma exposição fotográfica, foi inspirado pela recente e histórica eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos.

Segundo o Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da SMC, Bernardo de Souza, “o ineditismo e a bravura da escolha feita pelos norte-americanos nos levou a mapear a produção audiovisual e fotográfica desenvolvida sob o signo da black culture, voltando nossa atenção particularmente para a obra de artistas e cineastas originada no hemisfério norte, na busca de melhor compreender a experiência racial travada naquelas nações, cujos desdobramentos sociais se mostraram radicalmente diversos dos nossos”.

FOTOGRAFIA

No projeto Black a fotografia está representada pelo inglês Jason Evans, cujas obras em exibição na Galeria Lunara (no quinto andar da Usina do Gasômetro) foram realizadas em 1991. Publicadas na revista i-D, as fotos de Evans mostram uma série de dândis negros na periferia de Londres. Transformadas em um emblemático registro do multiculturalismo londrino, as imagens hoje fazem parte da prestigiosa coleção da Tate Gallery, que as estão cedendo especialmente para a exposição na Lunara.

Jason Evans é colaborador de diversos jornais e revistas, como o The Guardian, o Independent, a Vogue e a The Face, entre outras. Suas imagens já foram expostas no MoMA NY, no Victoria & Albert Museum, na Tate Modern, entre outros espaços de arte. A obra do fotógrafo faz parte das coleções da British Library e das já citados Tate e V&A. Ele é professor da University for the Creative Arts, no Reino Unido, e seu trabalho já integrou diversas publicações das editoras Taschen e Phaidon.

No dia 16 de abril, quinta-feira, às 19h, na Galeria Lunara, acontecerá o coquetel de abertura da exposição.

MOSTRA DE FILMES

A mostra de filmes do evento Black tem uma curadoria tripla, assinada por Bernardo de Souza, Leornardo Bomfim e Marcus Mello, e reúne uma série de títulos Blaxploitation, movimento cinematográfico de características muito particulares, surgido nos EUA na década de 1970. Os filmes alinhados a este movimento eram dirigidos e/ou protagonizados por cineastas e atores negros, tendo como alvo prioritário a audiência da comunidade black. Surgido em um contexto de extrema politização, marcado por lutas em prol dos direitos civis dos negros e pela atuação do grupo radical Panteras Negras, o Blaxploitation logo se transformaria em sucesso internacional. Criado por diretores como Melvin Van Peebles, Gordon Parks e Jack Hill, cujos filmes lançaram as carreiras das estrelas negras Pam Gier (Foxy Brown), Richard Roundtree (Shaft), Tamara Dobson (Cleopatra Jones) e Fred Williamson (O Chefão do Gueto), o Blaxploitation influenciou inúmeras cinematografias e ainda hoje seus reflexos podem ser percebidos.

Além destes filmes, a mostra irá apresentar filmes de artistas negros de grande expressão, cujas obras abordam questões raciais – como as de Isaac Julien, que se debruçou sobre o tema em uma série de filmes e vídeo-instalações que lhe renderam o posto de destaque que hoje ocupa no cenário internacional – ou mesmo desbordam esses limites, caso do artista britânico Steve McQueen, vencedor do Turner Prize em 2001 e participante da última Bienal do Mercosul, que integra o presente projeto com seu primeiro longa-metragem, Hunger, inédito no Brasil e incensado pela revista Cahiers du Cinéma como um dos dez melhores filmes de 2008.

Também serão exibidos títulos nacionais pioneiros na abordagem racial, assinados pelos diretores negros Zózimo Bulbul e Odilon Lopez, também na década de 1970. Por fim, foram pinçados filmes de nomes consagrados do cinema, como os belgas Agnès Varda e Jean-Luc Godard, que encontraram no grupo radical Panteras Negras fonte de inspiração para alguns de seus trabalhos mais politizados.

Programação Mostra de Filmes

Hunger, de Steve McQueen (Inglaterra/Irlanda, 2008, 96 minutos). As seis últimas semanas de vida do militante do IRA Bobby Sands, que morreu na prisão em 1981, em consequência dos efeitos provocados por uma greve de fome. Primeiro longa-metragem de ficção do artista negro Steve McQueen, ainda inédito no Brasil. Duas únicas exibições em 35mm, nos dias 25 e 31 de maio.

Rififi no Harlem (Cotton Comes To Harlem), de Ossie Davis (EUA, 1970, 96 minutos). Um dos filmes mais influentes do movimento Blaxploitation, Rififi no Harlem destacou-se por introduzir o humor nas cenas de ação. Dois detetives investigam um esquema envolvendo lavagem de dinheiro e outros crimes.

Heavy Traffic, de Ralph Bakshi (EUA, 1973, 77 minutos) – legendas em espanhol. Rara animação black, sobre cartunista judeu-italiano que tem uma namorada negra na Nova Iorque dos anos 70.

Sweet Sweetback´s Baadasssss Song, de Melvin Van Peebles (EUA, 1971, 97 minutos). Obra-prima precursora do movimento Blaxpoitation, que impressiona pela originalidade e transformou Melvin Van Peebles em ícone do cinema independente. O próprio diretor interpreta o protagonista, um jovem garanhão desejado pelas mulheres e temido pelos inimigos.

O Chefão do Gueto (Black Caesar), de Larry Cohen (EUA, 1973, 94 minutos). Clássico do Blaxpoitation, este drama violento acompanha a ascensão e queda de um gângster.

Shaft, de Gordon Parks (EUA, 1971, 100 minutos). O detetive John Shaft é contratado por um chefão do crime organizado para encontrar sua filha, que foi raptada.

Super Fly, de Gordon Parks Jr. (EUA, 1972, 93 minutos) – legendas em espanhol. Traficante de cocaína entra em crise com sua profissão ao perceber que a atividade pode levá-lo em breve à prisão ou à morte.

Foxy Brown, de Jack Hill (EUA, 1974, 94 minutos) – legendas em espanhol. A bela e sensual Foxy Brown busca vingar a morte do namorado, um agente do governo federal assassinado por um casal de gângsters. Filme que consagrou a atriz negra Pam Grier e inspirou Quentin Tarantino no roteiro de Kill Bill.

One Plus One, de Jean-Luc Godard (França, 1968, 97 minutos). Também conhecido como Sympathy for the Devil, este filme de Godard propõe, através de uma série de vinhetas abstratas, temas diversos como raça, pornografia e contracultura.

Negros – A Identidade no Coração da Questão Negra (Noirs, l'Identité au Cœur de la Question Noire), de Arnaud Ngatcha e Jérôme Sesquin (França, 2006, 70 minutos). Filmado na França metropolitana, nas Antilhas e no Senegal, este documentário introduz a questão negra que se apresenta hoje na França.

Panteras Negras (Black Panthers), de Agnès Varda (França, 1968, 28 minutos). Documentário em que a diretora francesa Agnès Varda entrevista alguns dos principais líderes do grupo radical negro Panteras Negras.

Um Culpado Ideal (Un Coupable Ideal), de Jean-Xavier de Lestrade (França, 2002, 115 minutos). Maio de 2000. Em Jacksonville, uma turista branca é morta com um tiro na cabeça. Um jovem negro de 15 anos é preso e confessa o crime. Oscar de melhor documentário de 2002.

O Retorno de Sweetback (How to Get the Man´s Foot Outta Your Ass), de Mario Van Peebles (EUA, 2003, 108 minutos). Os bastidores da realização do mítico filme Sweet Sweetback´s Baadasssss Song, de Melvin Van Peebles, de 1971, precursor do movimento Blaxploitation. Dirigido e protagonizado pelo filho de Van Peebles, Mario Van Peebles, que interpreta o personagem do pai.

Filmes de Isaac Julien

The Attendant (Inglaterra, 1992, 8 minutos)
As fantasias homoeróticas de um velho funcionário negro que trabalha em um museu de Londres.

The Darker Side of Black (Inglaterra, 1993, 55 minutos)
Documentário sobre o preconceito de cantores de rap e reggae contra gays e lésbicas.

Baadasssss Cinema (Inglaterra/Estados Unidos, 2002, 58 minutos)
Documentário que recupera os principais momentos do movimento cinematográfico conhecido como
Blaxploitation, entrevistando alguns de seus principais protagonistas.

Blacula, de William Crain (EUA, 1972, 92 minutos) – legendas em espanhol. Vampiro negro aterroriza as ruas de Los Angeles. Única exibição no projeto Raros, no dia 17 de abril, às 19:00.

The Thing With Two Heads, de Lee Frost (EUA, 1972, 93 minutos) – legendas em inglês. Milionário racista tem sua cabeça transportada para o corpo de um negro. Única exibição no projeto Raros, dia 24 de abril, às 21:00.

Compasso de Espera, de Antunes Filho (Brasil, 1973, 98 minutos). Um poeta negro vive com a proprietária de uma agência de publicidade, branca e mais velha do que ele. Um dia, conhece e se apaixona por uma jovem, também branca. Único filme dirigido por Antunes Filho, com Zózimo Bulbul, Renée de Vielmond, Stênio Garcia e Antônio Pitanga no elenco.

Vida Nova Por Acaso, de Odilon Lopez (Brasil, 1970, 48 minutos). A paixão impossível de um negro batedor de carteiras por uma loura ricaça. Um dos episódios de Um é Pouco, Dois é Bom, primeiro longa-metragem brasileiro assinado por um diretor negro, Odilon Lopez.

Curtas de Zózimo Bulbul

Ao longo de mais de 40 anos de carreira, o olhar do cineasta Zózimo Bulbul sempre esteve direcionado ao registro da vivência do povo negro. Sua obra cinematográfica denuncia as diferenças, a solidão, a discriminação e a desigualdade que a população negra vivencia no Brasil.

República Tiradentes (2005, 36 minutos)
Uma homenagem à origem das gafieiras.

Pequena África (2002, 14 minutos)
Pequena África apresenta a Praça XI, a Central do Brasil, Gamboa, Saúde e bairro de Santo Cristo de hoje, e que eram conhecidos nos idos de 1850 até
1920 como "Pequena África", por terem sido locais habitados por escravos alforriados no período imperial e depois deste.

Samba no Trem (2005, 18 minutos)
Documentário sobre a celebração do Dia Nacional do Samba.

Alma no Olho (1973, 11 minutos)
Um estudo sobre a transposição do africano para as Américas.

Aniceto do Império – Em Dia de Alforria (1981, 11 minutos)
A trajetória de um compositor, fundador de uma escola de samba e militante no Cais do Porto, Aniceto do Império Serrano.

Grade de Horários - Black

GRADE DE HORÁRIOS

Primeira Semana

Terça-feira (14 de abril)

15h – Rififi no Harlem

17h – Foxy Brown

19h – Super Fly

Quarta-feira (15 de abril)

15h – O Chefão do Gueto

17h – Shaft

19h – Alma no Olho + Compasso de Espera

Quinta-feira (16 de abril)

15h – Foxy Brown

17h – Heavy Traffic

19h – Sweet Sweetback’s Baadasssss Song

Sexta-feira (17 de abril)

15h – Super Fly

17h – O Retorno de Sweetback

19h – Projeto Raros (Blacula)

Sábado (18 de abril)

15h – Rififi no Harlem

17h – Alma no Olho + Compasso de Espera

19h – One Plus One

Domingo (19 de abril)

15h – O Chefão do Gueto

17h – Sweet Sweetback´s Baadasssss Song

19h – O Retorno de Sweetback

Segunda Semana

Terça-feira (21 de abril)

15h – Panteras Negras + Foxy Brown

17h – Filmes de Isaac Julien

19h – Um Culpado Ideal

Quarta-feira (22 de abril)

15h – Shaft

17h – Rififi no Harlem

19h – Curtas de Zózimo Bulbul

Quinta-feira (23 de abril)

15h – Super Fly

17h – Negros – A Identidade no Coração da Questão Negra

19h – Filmes de Isaac Julien

Sexta-feira (24 de abril)

15h – Alma no Olho + Compasso de Espera

17h – Panteras Negras + Foxy Brown

19h – Filmes de Isaac Julien

21h – The Thing With Two Heads (Projeto Raros)

Sábado (25 de abril)

15h – Sweet Sweetback´s Baadasssss Song

17h – Filmes de Isaac Julien

19h – One Plus One

Domingo (26 de abril)

15h – Curtas de Zózimo Bulbul

17h – Filmes de Isaac Julien

19h – Panteras Negras + Foxy Brown

Terceira Semana

Terça-feira (28 de abril)

15h – Super Fly

17h – Panteras Negras + Foxy Brown

19h – Alma no Olho + Vida Nova Por Acaso

Quarta-feira (29 de abril)

15h – Rififi no Harlem

17h – Um Culpado Ideal

19h – Heavy Traffic

Quinta-feira (30 de abril)

15h – Panteras Negras + Foxy Brown

17h – Curtas de Zózimo Bulbul

19h – Alma no Olho + Vida Nova Por Acaso