quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Era uma Vez a RKO





A partir de terça-feira, 27 de outubro, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta a mostra Era uma Vez a RKO, com clássicos e raridades da lendária produtora e distribuidora de filmes norte-americana, incluindo obras de cineastas como Howard HawksAllan DwanJohn FordJacques TourneurNicholas RayIda Lupino, Leo McCareyGeorge CukorOtto PremingerOrson Welles e Fritz Lang, entre outros. Com exibição digital, a mostra tem apoio da distribuidora MPLC, da locadora E o Vídeo Levou e da Versátil Home Vídeo.

Um dos destaques da mostra é a Maratona Val Lewton, no dia 1º de novembro, o domingo entre o dia das bruxas e a data dos mortos, com cinco filmes do ciclo de horror produzido por Lewton para a RKO: Sangue de PanteraO Homem-Leopardo e A Morta-Viva, de Jacques TourneurA Sétima Vítima, de Mark Robson, e A Maldição do Sangue da Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise.

ERA UMA VEZ A RKO

A RKO Radio Pictures surgiu no final da década de 1920 da fusão entre a Radio Corporation of America e a rede de salas de cinema Keith-Albee-Orpheum. Em 1931, dois grandes eventos marcaram a história da produtora: a compra da Pathé norte-americana e a contratação de David O. Selznick como responsável da produção do estúdio. O primeiro marco cinematográfico da produtora aconteceu no ano, com o faroeste Cimarron, de Wesley Ruggles, vencedor do Oscar de Melhor Filme. As ideias grandiosas de Selznick, no entanto, levam a RKO a enormes prejuízos em seu período inicial. É nesse momento que Merian C. Cooper toma conta da produção, privilegiando produções baratas e inventivas. O resultado é um dos marcos do cinema hollywoodiano: King Kong, de 1933, dirigido por Ernest B. Schoedsack e pelo próprio Cooper.  Já década de 1930, não havia em Hollywood uma produtora com uma variedade tão grande de gêneros quanto a RKO. Entre musicais, fantasias, faroestes, policiais, comédia, a produtora ficava marcada como um espaço em que os cineastas tinham mais liberdade para criar suas histórias.  Dos primeiros anos da produtora, a mostra apresenta enormes sucessos, como os musicais O Picolino, de Mark Sandrich, eCativa e Cativante, de George Stevens, e fracassos maravilhosos, como Vivendo em Dúvida, de George Cukor, sexualmente transgressor para a época, e Levada da Breca, de Howard Hawks, um marco da “screwball comedy”, ambos com a explosiva dupla Katharine Hepburn e Cary Grant.  

No início dos anos 1940, a RKO deu ao mundo uma das maiores obras-primas do cinema: Cidadão Kane, estreia de Orson Welles – outro filme que deu prejuízo à produtora. O diretor teve o seu segundo filme, Soberba, mutilado pelos produtores e iniciou assim sua trajetória maldita dentro do cinema norte-americano. No mesmo ano de Kane, uma pequena joia de William Dieterle, inspirada em Fausto, que também não foi bem de público, O Homem que Vendeu a Alma. Precisando de dinheiro, a RKO dedicou-se nos anos seguintes aos filmes de baixíssimo orçamento. É dessa época o revolucionário ciclo de filmes de horror e suspense produzidos por Val Lewton, incluindo Sangue de PanteraA Morta-Viva e O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur, A Sétima Vítima, de Mark Robson, e A Maldição do Sangue da Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise, que ganhava ali sua primeira chance na direção.    

No final dos anos 1940, quando a RKO investia bastante na distribuição – lançou clássicos de outros estúdios como A Felicidade Não se Compra e Os Melhores Anos de Nossas Vidas, um período turbulento inicia quando o milionário Howard Hughes compra parte majoritária da produtora. A caça às bruxas macarthista toma conta do país e da produtora. Um dos mais polêmicos filmes noir, Rancor foi o último realizado nos Estados Unidos por Edward Dmytryk até a década de 1960, incluído na lista negra pelo Comitê de Atividades Antiamericanas. Outros filmes produzidos pela RKO que dialogam diretamente com o período de paranoia anticomunista são a ficção-científica O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks, e o faroeste Homens Indomáveis, do lendário Allan Dwan. Nos anos 1950, a produção da RKO diminuía consideravelmente enquanto as dívidas aumentavam. Mesmo assim, grandes obras foram realizadas em diversos gêneros, como Caravana de Bravos, de John Ford, O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang, O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino e Estradas do Inferno, de Josef Von Sterneberg, lançado em 1957, o ano em que a RKO interrompeu a produção de filmes.  


FILMES

Cimarron, de Wesley Ruggles
(1931, 131 minutos)
Quarenta anos da história norte-americana, em um período compreendido entre 1889 e 1929, são vistos através dos olhos de Yancey Cravat, um editor de jornal e o homem da lei de Oklahoma. Ele deixa suas terras em Wichita, chegando em Osage com sua família, mas logo sente-se ocioso novamente, com a rotina, e decide ir para Cherokee Strip, deixando sua família para trás. Sua mulher, Sabra, precisa então aprender a viver por conta própria. Vencedor do Oscar de Melhor Filme, foi o primeiro do gênero faroeste a conseguir tal proeza (fato que só se repetiu mais duas vezes, com Dança com Lobos e Os Imperdoáveis, bem mais recentes). Faturou ainda as estatuetas de Melhor Direção de Arte e Melhor Roteiro Adaptado. Exibição em DVD.

King Kong, de Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper
(1933, 100 minutos)
Um cinegrafista fracassado, em sua tentativa desesperada de fazer um best-seller, contrata uma atriz desempregada chamada Ann Darrow, e embarca em um navio fretado para a Ilha da Caveira. Lá, eles encontram uma tribo de nativos que veneram um gorila gigante, de nome Kong. Exibição em blu-ray.

O Picolino, de Mark Sandrich
(Top Hat, 1935, 100 minutos)
Em Londres, Jerry Travers (Fred Astaire), um dançarino americano, está ensaiando um número de sapateado em seu quarto de hotel, pois foi contratado por Horace Hardwick (Edward Everett Horton), um empresário, para fazer um show. Entretanto, ele acaba incomodando a bela Dale Tremont (Ginger Rogers), a vizinha do quarto embaixo, que aparece para reclamar. Exibição em DVD.

Vivendo em Dúvida, de George Cukor
(Sylvia Scarlett, 1935, 95 minutos)
Um pai é obrigado a fugir da França, após ter cometido um crime, e força sua filha (Hepburn) a disfarçar-se de rapaz para enganar as autoridades. Em Londres, cruzam com um malandro interpretado por Cary Grant. Scarlett envolve-se com Michael Fane, e vê-se obrigada a recuperar sua feminilidade para não perder Grant, que anda envolvido com uma jovem russa. Exibição em DVD.

Cativa e Cativante, de George Stevens
(A Damsel in Distress, 1937, 100 minutos)
Lady Alyce (Joan Fontaine) deve se casar em breve, e os funcionários do Tottney Castel fazem apostas sobre quem ela vai escolher. Ela vai a Londres para escolher seu pretendente e acaba conhecendo um dançarino americano (Fred Astaire) em férias. Exibição em DVD.

Levada da Breca, de Howard Hawks
(Bringing Up Baby, 1938, 100 minutos)
David Huxley (Cary Grant), um paleontólogo com casamento marcado, vai jogar golfe com o objetivo de agradar seu oponente e facilitar a doação de 1 milhão de dólares para o museu onde trabalha. Até que conhece Susan Vance (Katharine Hepburn), uma rica herdeira acostumada a ter tudo o que quer, mas completamente inconsequente. Exibição em blu-ray.

Sr. & Sra. Smith - Um Casal do Barulho, de Alfred Hitchcock
(Sr. & Sra. Smith, 1941, 95 minutos)
Casal descobre que não está legalmente casado. Ann pensa que David irá pedi-la em casamento novamente, mas, quando isso não acontece, ela o expulsa de casa. David diz querer se casar com Ann, entretanto, ela já não o quer. David começa a tentar reconquistá-la de qualquer forma. Exibição em DVD.

O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
(The Devil And Daniel Webster, 1941, 106 minutos)
Baseado no conto "Fausto" de Goethe, conta a história do pobre fazendeiro Jabez Stone (James Craig), que após diversos infortúnios vende a alma ao Diabo (Walter Huston) em troca de sete anos de boa sorte e dinheiro. Exibição em DVD com legendas em espanhol.

Soberba, de Orson Welles
(The Magnificent Ambersons, 1942, 80 minutos)
Indianápolis, final do século XIX. A família Amberson se revela relutante em acompanhar as transformações que a rodeiam. Exibição em blu-ray.

Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey
(The Bells of St. Mary's, 1945, 126 minutos)
Bing Crosby recria o papel do Padre O'Malley, de O Bom Pastor, que é enviado para recuperar a falida escola paroquial. O bem-humorado padre logo se desentende com Irmã Benedict (Ingrid Bergman) sobre a educação das crianças, o que gera entre eles enormes e engraçadas discussões. Além disso há o ganancioso empresário Horace P. Bogardus (Henry Travers), que quer demolir o Santa Maria. Exibição em DVD.

Rancor, de Edward Dmytryk
(Crossfire, 1947, 85 minutos)
O detetive Finlay encontra evidências de que um ou mais soldados de um grupo de 4 amigos podem estar envolvidos no assassinato do judeu Joseph Samuels. Flashbacks revelam os acontecimentos da noite fatídica através de diferentes pontos de vista. O Sargento Keeley investiga por conta própria e tenta livrar o amigo Mitchell, que tem as evidências apontadas para si. Porém, ambos os detetives começam a perceber o verdadeiro e horroroso motivo para o crime. Exibição em DVD.

Caravana de Bravos, de John Ford
(Wagon Master, 1950, 86 minutos)
Um grupo de mórmons vai fundar uma nova colônia no Rio San Juan Rio e contrata os astutos Travis e Sandy como guias. Logo se junta a eles a trupe de Doc Hall e os Clegg Boys, bandidos em fuga que consideram uma caravana mórmon o disfarce ideal. Exibição em DVD.

Cinzas que Queimam, de Ida Lupino e Nicholas Ray
(On Dangerous Ground, 1951, 82 minutos)
Amargurado pelos anos de contato direto com a escória da sociedade, um detetive de polícia durão é designado para investigar a morte de uma jovem fora da cidade. Logo conhece o pai da vítima e fica tomado pelo desejo de vingança. Mas a irmã do assassino lhe pede uma chance para que ele se regenere. Terá de tomar uma difícil decisão sobre o caso. Exibição em DVD.

O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks
(The Thing from Another World, 1951, 87 minutos)
Clássico da “Era McCarthy”, foi dirigido por Christian Nyby e Howard Hawks, a partir de um texto clássico do renomado editor e escritor de ficção científica John W. Campbell Jr, chamado “Who Goes There!”. O monstro é uma criatura alienígena cuja nave se chocou no círculo polar ártico e é descoberta por exploradores americanos. Exibição em DVD.

Alma em Pânico, de Otto Preminger
(Angel Face, 1952, 91 minutos)
Quando a Sra. Tremayne é misteriosamente envenenada por gás, o motorista de ambulância Frank Jessup acaba conhecendo sua enteada, Diane. Apesar de seduzido pelo seu charme, Frank ainda desconfia de seu envolvimento no acidente. Exibição em DVD.

O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang
(Rancho Notorious, 1953, 89 minutos)
Altar Keane (Marlene Dietrich) parou de trabalhar em um saloon e agora administra um esconderijo de foras-da-lei. É então que lá chega Vern Haskell (Arthur Kennedy), um homem determinado, que quer vingar a morte de sua esposa. Exibição em DVD.

O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
(The Hitch-Hiker, 1953, 70 minutos)
Roy Collins (Edmond O'Brien) e Gilbert Bowen (Frank Lovejoy) saem para pescar nas montanhas da Califórnia, mas acabam mudando de planos e decidem ir ao México. No caminho, oferecem carona para um estranho, sem imaginar tratar-se de Emmett Myers (William Talman), um perigoso facínora procurado nos EUA e conhecido como "o caronista assassino". Exibição em blu-ray.

Homens Indomáveis, de Allan Dwan
(Silver Lode, 1954, 80 minutos)
Quatro de julho. Dan Ballard (John Payne), um respeitado morador de Silver Lode, é surpreendido em seu casamento pela chegada de quatro estranhos. O líder do grupo, Ned McCarty (Dan Duryea), acusa o noivo de assassinato e roubo. Enquanto tenta provar sua inocência, o antes insuspeito Ballard passa a ser visto com desconfiança pelos moradores da cidade, que logo desejam também vê-lo atrás das grades. Exibição em DVD.

Estradas do Inferno, de Josef von Sternberg
(Jet Pilot, 1957, 112 minutos)
Jim Shannon (John Wayne) é um coronel da aeronáutica que está sediado em uma base no Alasca localizada muito perto da União Soviética (apenas 40 milhas). A base entra em alvoroço quando, repentinamente, um jato soviético pede permissão para pousar. A surpresa cresce ainda mais ao descobrirem que quem pilotava o jato era uma mulher, Anna Marladovna (Janet Leigh), que diz querer desertar, mas não entregar segredos militares, pois não é uma traidora. Exibição em DVD.

MARATONA VAL LEWTON

Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur
(Cat People, 1942, 73 minutos)
Irena Dubrovna (Simone Simon) é uma bela e misteriosa jovem sérvia que vai trabalhar em Nova York como designer de modas. Lá, casa-se com Oliver Reed (Ken Smith). Irene vive obcecada pela ideia de ser vítima de uma maldição: descenderia de uma raça de mulheres-felinas que, emocionalmente excitadas, se transformam em panteras assassinas. Exibição em DVD.

O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur
(The Leopard-Man, 1943, 66 minutos)
Performer de um nightclub no Novo México, Kiki Taylor inclui na sua atuação um leopardo como estratégia publicitária. Mas o animal foge devido ao barulho e às luzes do clube. Depois de alguns dias, surgem cadáveres mutilados na vila. Tudo indica que se trata de ataques do leopardo, mas Kiki não se convence disso. Exibição em DVD.

A Sétima Vítima, de Mark Robson
(The Seventh Victim, 1943, 70 minutos)
Quando sua irmã mais velha desaparece, Mary Gibson é forçada a deixar a escola particular e viajar para Nova York para encontrá-la. O que a jovem não percebe é que sua irmã pode ter se envolvido com adoradores do diabo. Exibição em DVD com legendas em espanhol.

A Morta-Viva, de Jacques Tourneur
(I Walked with a Zombie, 1943, 69 minutos)
Uma enfermeira contratada para cuidar da esposa de um grande fazendeiro nas Índias Ocidentais. Lá se envolve com os dramas da família e passa a suspeitar que sua paciente possa ser um zumbi, uma “morta-viva”. Exibição em DVD.

A Maldição do Sangue de Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise (The Curse of Cat People, 1944, 70 minutos)
A filha de Oliver Reed começa a exibir tendências psicopatas semelhantes às de Irena, sua falecida esposa. Exibição em DVD.


GRADE DE HORÁRIOS
27 de outubro a 8 de novembro


27 de outubro (terça)

15:00 – Sessão Fechada
17:20 – Sr. & Sra. Smith - Um Casal do Barulho, de Alfred Hitchcock
19:00 – O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang
20:30 – Sessão Plataforma (A Obra do Século, de Carlos Quintela) 

28 de outubro (quarta)

15:00 – Vivendo em Dúvida, George Cukor
17:00 – Cativa e Cativante, de George Stevens
19:00 – Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey

29 de outubro (quinta)

15:00 – Caravana de Bravos, de John Ford
17:00 – Estradas do Inferno, de Josef von Sternberg
19:00 – O Picolino, de Mark Sandrich

30 de outubro (sexta)

15:00 – Rancor, de Edward Dmytryk
17:00 – Homens Indomáveis, de Allan Dwan
19:00 – O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks

31 de outubro (sábado)

15:00 – O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
17:00 – Soberba, de Orson Welles
19:00 – Sessão Plataforma

01 de novembro (domingo) MARATONA VAL LEWTON

15:00 – Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur
16:20 – O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur
17:30 – A Sétima Vítima, de Mark Robson
18:45 – A Maldição do Sangue de Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise
20:00 –A Morta-Viva, de Jacques Tourneur


03/11 (terça)

15:00 – Alma em Pânico, de Otto Preminger
17:00 – Cimarron, de Wesley Ruggles
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (The Forbidden Room, de Guy Maddin e Evan Johnson)

04/11 (quarta)

15:00 – Rancor, de Edward Dmytryk
17:00 – Cinzas que Queimam, de Ida Lupino e Nicholas Ray
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata + Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon)


05/11 (quinta)

15:00 – O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
17:00 – Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (A field guide to the ferns, de Basma Alsharif + La Maldad, de Joshua Gil)


06/11 (sexta)

15:00 – O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks
17:00 – O Picolino, de Mark Sandrich
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Counting, de Jem Cohen)


07/11 (sábado)

15:00 – King Kong, de Merian C. Cooper
17:00 – O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
18:30 – CINE ESQUEMA NOVO (Freie Zeiten (After Work), de Janina Herhoffer)
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Escape from my eyes, de Felipe Bragança + Hotline, de Silvina Landsmann)


08/11 (domingo)

15:00 – Levada da Breca, de Howard Hawks
17:00 – Cimarron, de Wesley Ruggles

20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Twenty-eight nights and a poem, de Akram Zaatari)


11/11 (quarta)

17:30 – Soberba, de Orson Welles
19:00 – Alma em Pânico, de Otto Preminger

12/11 (quinta)

17:30 – O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang
19:00 – Sr. e Sra Smith, de Alfred Hitchcock

13/11 (sexta)

17:30 – O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
20:00 – Projeto Raros (Head - Os Monkees Estão Soltos)

14/11 (sábado)

15:00 – Estradas do Inferno, de Josef von Sternberg
17:00 – Caravana de Bravos, de John Ford
18:30 – Sessão Aurora (A Marca da Pantera, de Paul Schrader)

15/11 (domingo)

15:00 – Homens Indomáveis, de Allan Dwan
17:00 – Levada da Breca, de Howard Hawks
19:00 – Sessão Revelando os Brasis 



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Cine Esquema Novo Expandido - Berlinale Forum 2015




O Cine Esquema Novo ExpandidoBerlinale Forum 2015 apresenta, entre 03 e 08 de novembro, na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), uma curadoria de obras exibidas no mês de fevereiro na seção Forum / Forum Expanded: oficialmente, "a programação mais ousada do Festival de Cinema de Berlim”. O Forum surgiu nos anos 1970, enquanto contraponto cultural e narrativo à competição mainstream da Berlinale. Entrada franca. 

Os filmes do Fórum equilibram-se sempre na fértil linha que perpassa a arte e o cinema - explorando, segundo seus curadores alemães, “o Avant Garde, as obras experimentais, os ensaios, as observações de longo prazo, a reportagem política e as paisagens cinematográficas que ainda estão por ser descobertas”. Trata-se de uma missão de referência no panorama audiovisual global, e que tornou-se ainda mais aguda a partir de 2006 com a implementação do Forum Expanded - o programa que ocupa diversos espaços da cidade de Berlim com filmes, vídeos, instalações e trabalhos de performance, "fornecendo uma perspectiva crítica e um sentido expandido para a cinematografia".

E é sobre este universo que os curadores convidados e sócios do CEN, Gustavo Spolidoro e Jaqueline Beltrame, trabalharam para montar a programação que chega às duas cidades brasileiras com entrada gratuita. Entre os artistas / realizadores selecionados para o Cine Esquema Novo Expandido – Berlinale Forum 2015 estão nomes como os canadenses Guy Maddin e Evan Johnson (“The Forbidden Room”, exibido nos festivais de Sundance, Copenhagen, Barcelona e Istambul), a israelense Silvina Landsmann (com o documentário político “Hotline"), o mexicano Joshua Gil (discípulo de Patricio Guzmán e Carlos Reygadas, que lhe ajudou na fase final de “La Maldad” que o CEN exibe nesta edição), o libanês Akram Zaatari (com o impressionante ensaio visual “Twenty-Eight Nights and a Poem” que estreia este mês no MoMA em Nova York) e os portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (com “Iec Long”, onde voltam a explorar o imaginário industrial da Macau, na Ásia). Completam a programação, entre filmes e videoinstalações, obras de Basma Alsharif (Palestina, "A Field Guide to the Ferns”), Janina Herhoffer (Alemanha, "Freie Zeiten - After Work”) e os brasileiros Felipe Bragança ("Escape From My Eyes”), Filipe Matzembacher e Márcio Reolon (“Beira Mar”), Fred Benevides (“Viventes”) e Arthur Tuoto (ganhador da Competição Brasil do Cine Esquema Novo 2014 com o filme-ensaio “Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças” e que participa do CEN-E com o video loop exibido em Berlim "Je Proclame la Destruction”).
Para Jaqueline e Spolidoro, esta é uma seleção marcada por um olhar artístico que percorre caminhos pouco explorados. “São trabalhos que transitam entre espaços e plataformas, seja na sala de cinema ou na galeria, apresentando uma liberdade formal e narrativa aberta a radicalismos, estranhamentos e ebulição social”.

A mostra está dividida em exibições no cinema, com sessões gratuitas na Sala PF Gastal, e videoinstalações na Cinemateca Capitólio. Esta é a primeira edição do CEN-E que será realizada em duas cidades. As 13 obras são produções do Canadá, Portugal, Brasil, Palestina, México, EUA, Alemanha, Israel, França, Líbano e Suíça, e foram selecionadas entre mais de 100 trabalhos assistidos. O filme de abertura em Porto Alegre é The Forbidden Room,exibido ​também no festival​ de Sundance, que traz no elenco Geraldine Chaplin, Maria de Medeiros, Udo Kier e Mathieu Amalric.
O inédito gaúcho Beira Mar, de Felipe Matzenbacher e Mário Reolon, tem pré-estreia na programação do CEN, entrando em cartaz em seguida na programação das salas comerciais.

Em meio aos filmes, e honrando o debate proposto em seu próprio nome, o Cine Esquema Novo Expandido - Berlinale Forum 2015 abraça naturalmente as videoinstalações, que ocupam as dependências da Cinemateca Capitólio. Da Suíça / Alemanha vem o queer, colorido e hermético Opaque, de Pauline Boudry e Renate Lorenz, que conta com a performance de Werner Hirsch e Ginger Brooks Takahash. E do Brasil, dois trabalhos de cineastas/artistas que chegaram à Berlinale a partir dos encontros com a Curadora do Forum em Porto Alegre durante o CEN do ano passado: Fred Benevides​, ​com Viventes, e Arthur Tuoto (ganhador da Competição Brasil do Cine Esquema Novo 2014 com o filme-ensaio “Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças”​), que comparece com seu “pequeno” video loop Je Proclame La Destruction.​

O Cine Esquema Novo Expandido – Berlinale Forum 2015 é uma realização da ACENDI - Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem, com correalização da Prefeitura de Porto Alegre - Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura e Goethe-Institut Porto Alegre. Mais informações no site: www.cineesquemanovo.org.


PROGRAMAÇÃO COMPLETA


Terça, 03/11 – 20h
The Forbidden Room, de Guy Maddin e Evan Johnson (Canadá)
2015, 120min (Forum)
Uma tripulação de submarino, um temido grupo de bandidos da floresta, um cirurgião famoso e um batalhão de crianças soldados todos recebem mais do que o esperado conforme avançam com ideias progressivas sobre a vida e o amor.

Quarta, 04/11 – 20h
Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (Portugal)
2014, 31min (Forum Expanded)
Macau, ilha de Taipa, 2014. Foi em Macau que primeiro se ouviu a palavra panchão. Do chinês, “pan-tcheong” ou “pau-tcheong”, consta nos dicionários como um regionalismo macaense também chamado “estalo da China” ou “foguete chinês”. Quem vive na antiga Fábrica de Panchões Iec Long?
+
Beira-Mar, de Filipe Matzenbacher e Márcio Reolon (Brasil)
2015, 83min (Forum)
Martin e Tomaz passam um fim de semana imersos em um universo próprio. Alternando entre distrações corriqueiras e reflexões sobre suas vidas e sua amizade, os garotos se abrigam em uma casa de vidro, à beira de um mar frio e revolto.

Quinta, 05/11 – 20h
A field guide to the ferns, de Basma Alsharif (Palestina)
2015, 11min (Forum Expanded)
Um filme de terror da natureza. “Selvageria primitiva encontra a brutalidade do mundo moderno na peça atemporal do terror de Ruggero Deodato”. O filme ‘Holocausto Canibal’ é revivido nas profundezas das florestas de New Hampshire, onde a apatia e a violência se turvam.
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La Maldad, de Joshua Gil (México)
2015, 74min (Forum)
Um homem decidido, uma amizade destruída, um país em catarse. Rafael é um camponês ancição que decide escrever a história da sua vida no que considera um roteiro cinematográfico. Cegado pela convicção de realizar seu filme, trai o seu único amigo para conseguir viajar à capital em busca dos fundos necessários. La Maldad é a história de um homem abraçado com a solidão e a falta de esperança.

 Sexta, 06/11 – 20h
Counting, de Jem Cohen (EUA)
2015, 111min (Forum)
Os quinze capítulos de Counting unem sinfonias urbanas, filme diário e ensaios pessoais/ politicos (os enteados indisciplinados do documentário) para construir um retrato vívido da vida contemporânea. Filmado em locações que incluem Rússia, Istambul e Nova York, seus temas passam pelo teatro de rua espontâneo de Moscou, pela a espionagem da NSA até a destrução de marcos do Brooklyn. Na exploração de 30 anos de Cohen do documentário como um caminho de questionamentos abertos, o filme é talvez seu cômputo mais pessoal.

Sábado, 07/11 – 18h30
Freie Zeiten (After Work), de Janina Herhoffer (Alemanha)
2015, 71min (Forum)
Uma banda de garotas faz música. Mulheres em um curso de emagrecimento falam sobre seu sucesso em perder peso controlando o que se come. Adolescentes saem para dançar ou fazer compras. Uma representação de conflitos profissionais é realizada em um encontro de um grupo de homens. Outras pessoas fazem ioga, meditam ao som de vasos cantantes tibetanos, se aquecem falando bobagens ou correm em círculos em um ginásio. Um documentário que mira o seu olhar em atividades de grupo. Existe algo levemente insano em ver uma turma inteira de ioga pendurada de cabeça para baixo por cordas, uma imagem que fascina e aliena em quantidades iguais. Em momentos assim, os protagonistas aparecem como criaturas desconhecidas performando estranhos rituais. O filme permanece os ouvindo e assistindo com verdadeira precisão. A câmera estática e enquadramentos cuidadosamente planejados geram claridade e concentração. A montagem consegue trazer um cilma de abstraçaõ dessas observações concretas de situações recorrentes. Um retrato do tempo livre surge como um projeto para tratar do próprio corpo, da consciência ou das habilidades performáticas, seja através da disciplina, de jogos ou de conversas. Não se podia imaginar que uma pesquisa sobre o lazer poderia ser tão visualmente rica.

 Sábado, 07/11 – 20h
Escape from my eyes, de Felipe Bragança (Brasil / Alemanha)
2015, 33min (Forum Expanded)
“Eles vêem um homem negro e pensam que viram um leão.” Documentário e imagens ficcionais se misturam para contar as memórias e sonhos de três refugiados de guerra vivendo acampados em uma praça no coração de Berlin.
+
Hotline, de Silvina Landsmann (Israel / França)
2015, 100min (Forum)
Hotline vai ao cerne de uma ONG baseada em Tel Aviv: A Hotline para Imigrantes e Refugiados. Em proporção inversa à pequena escala dessa organização dos direitos humanos, as questões com que eles lidam são enormes, assim como os números daqueles que procuram ajuda.

Domingo, 08/11 – 20h
Twenty-eight nights and a poem, de Akram Zaatari (Líbano)
2015, 120min (Forum)
Em parte um estudo do trabalho de um estúdio fotográfico na metade do século XX e parte uma exploração da essência atual dos arquivos, o filme tenta entender como esse modo de produzir imagens funcionava na vida das comunidades que servia e como ele deixou de existir, e onde isso levou? Ele se passa entre a Arab Image Foundation, onde a maior parte da coleção de Hashem el Madani está preservada hoje em dia, e o Studio Shehrazade em Saida, onde o fotógrado ainda passa o tempo cercado por suas velhas máquinas, ferramentas, fotografias, negativos e o que restou de milhões de transações que se passaram por lá. É uma reflexão sobre a criação de imagens, sobre a indústria da criação de imagens, sobre a idade e sobre a vida que permanence e continua a crescer em um arquivo. Tudo é apresentado nesse filme através de um conjunto de intervenções encenadas das quais o próprio Madani faz parte.


NA GALERIA

Cinemateca Capitólio
Rua Demetrio Ribeiro, 1085 (esquina com Borges de Medeiros) – Centro Histórico
Entrada Franca

de Terça a Domingo, 03 a 08 de Novembro:
terça a sexta, das 9h às 21h / sábado e domingo, das 15h às 21h

* Opaque, de Pauline Boudry e Renate Lorenz (Suíça / Alemanha)
2014, 10min (Forum Expanded Exhibition)
Uma cortina, dois intérpretes dentro dos restantes de uma antiga piscina pública. Os intérpretes dizem ser os representantes de uma organização do submundo. A cortina está lá para o anonimato deles. O publico já foi embora, o lugar parece abandonado. Quando a cortina é removida, outra aparece. Essa, uma zebrada rosa, une a técnica de guerra da camuflagem com o estilo de roupas-homo e se torna um mostruário para a entrada de grandes quantidades de fumaça. A densa fumaça talvez venha de bombardeios, ou é liberada como um sinal durante uma demonstração política. Depois, um discurso é proferido, baseado em um texto de Jean Genet. O assunto? O desejo por um inimigo impecável adequado. Ele abre a questão de como se mover para frente na guerra ou em uma luta de resistência sem nenhum inimigo declarado ou ‘visível’. As cortinas e a fumaça dão o “direito à opacidade” (Edouard Glissant) para os corpos que eles mascaram e disfarçam? Ou elas turvam as linhas que separam um do outro, entre cúmplice e inimigo?

* Je proclame la destruction, de Arthur Tuoto (Brasil)
2014, 4min, (Forum Expanded Exhibition)
Dois planos do filme “Le diable probablement” (1977), de Robert Bresson, são repetidos em um loop, criando um cíclico e interminável raccord. A constante repetição da frase “Je proclame la destruction” (Eu proclamo a destruição) revela um mantra anarquista de poder universal e atemporal.

* Viventes, de Frederico Benevides (Brasil)
2015, 21min, (Forum Expanded Exhibition)
Fortaleza é uma das muitas cidades brasileiras passando por um processo de “Miamização”, dando origem a uma área blindada e impenetrável para a maioria de seus habitantes. Moreira Campos foi um escritor de olhar cirúrgico para as imagens transparentes das formas de vida de seus habitantes que hoje desaparecem sem deixar rastro. Sua casa, por exemplo, foi demolida para que se construísse ali um estacionamento para abastecer mais um shopping da cidade. Esse trabalho tenta tocar a transparência das imagens desses habitantes e os impasses trazidos por esses processos de formalização da vida.

GRADE DE PROGRAMAÇÃO
03 a 08 de novembro de 2015

03/11 (terça)

15:00 – Alma em Pânico, de Otto Preminger
17:00 – Cimarron, de Wesley Ruggles
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (The Forbidden Room, de Guy Maddin e Evan Johnson)

04/11 (quarta)

15:00 – Rancor, de Edward Dmytryk
17:00 – Cinzas que Queimam, de Ida Lupino e Nicholas Ray
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata + Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon)


05/11 (quinta)

15:00 – O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
17:00 – Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (A field guide to the ferns, de Basma Alsharif + La Maldad, de Joshua Gil)


06/11 (sexta)

15:00 – O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks
17:00 – O Picolino, de Mark Sandrich
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Counting, de Jem Cohen)


07/11 (sábado)

15:00 – King Kong, de Merian C. Cooper
17:00 – O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
18:30 – CINE ESQUEMA NOVO (Freie Zeiten (After Work), de Janina Herhoffer)
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Escape from my eyes, de Felipe Bragança + Hotline, de Silvina Landsmann)


08/11 (domingo)

15:00 – Levada da Breca, de Howard Hawks
17:00 – Cimarron, de Wesley Ruggles
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Twenty-eight nights and a poem, de Akram Zaatari)