sexta-feira, 28 de junho de 2013

CICLO DE FAROESTES POLÍTICOS NA SALA P. F. GASTAL

Em sintonia com as recentes manifestações que tomaram as ruas da cidade nas últimas semanas, a Sala P. F. Gastal exibe entre os dias 2 e 14 de julho a mostra Westerns Políticos, reunindo faroestes que trazem à tona questões políticas a partir de diferentes olhares.

São muitos os conflitos e as revoluções retratados nas incursões abertamente políticas do gênero, em narrativas que questionam as figuras heróicas do imaginário norte-americano e rompem com o maniqueísmo clássico presente nas obras mais tradicionais. De grandes nomes de Hollywood, serão exibidos, entre outros, Vera Cruz, de Robert Aldrich, um dos pais do faroeste moderno, Viva Zapata!, de Elia Kazan, com Marlon Brando vivendo o emblemático líder revolucionário mexicano, e o último western de John Ford – o principal mestre do gênero –, Crepúsculo de uma Raça, espécie de acerto de contas pessoal com os índios, personagens frequentemente retratados como desordeiros violentos em obras clássicas daquele universo – incluindo muitas do próprio Ford.       

Por mais que boa parte dos westerns discorra sobre fatos históricos norte-americanos – ou de suas fronteiras mexicanas –, tais narrativas muitas vezes refletem turbulências políticas contemporâneas às suas realizações. É o caso do cultuado Quando Explode a Vingança, de Sergio Leone, outro destaque do ciclo, que aborda as conseqüências das rebeliões europeias de 1968 mesmo tendo como tema a revolução mexicana do início do século XX.

O zapata western, vertente extremamente politizada do western spaghetti com suas jornadas violentas sobre guerrilheiros e separatistas, também ganha destaque no ciclo. Além da obra-prima de Leone, serão exibidos Uma Bala para o General, um dos primeiros filmes do renomado cineasta Damiano Damiani, e o clássico Vamos Matar, Companheiros!, de Sergio Corbucci, mestre do cinema de gênero italiano recentemente homenageado por Quentin Tarantino em Django Livre.

O ciclo também exibe alguns dos faroestes que promoveram revoluções importantes dentro dos paradigmas do gênero, como Meu Ódio Será Sua Herança, de Sam Peckinpah, que elevou o nível de sordidez e violência a um patamar poucas vezes visto, El Topo, incursão surrealista do chileno Alejandro Jodorowsky aos desertos do oeste, e Jogos e Trapaças – Quando os Homens São Homens, de Robert Altman, que, apoiado pela música de Leonard Cohen, insere uma poderosa carga metafísica aos dramas de seus personagens. 

A mostra Westerns Políticos tem o apoio da distribuidora MPLC e da locadora E O Vídeo Levou, e pode ser conferida em três sessões diárias.

PROGRAMAÇÃO

Céu Amarelo (Yellow Sky), de William A. Wellman (EUA, 1948, 97 minutos)
Um dos mais sombrios e instigantes faroestes tem como tema as cidades-fantasmas. Em 1867, bandoleiros assaltam um banco em Rameyville e são perseguidos pela cavalaria do exército, o que os obriga a fugir para o deserto. Quase mortos pelo calor e falta d'água, eles chegam a uma localidade isolada, mas perdem as esperanças quando percebem tratar-se de uma cidade abandonada. Exibição em Blu-ray.



Viva Zapata! (Viva Zapata!), de Elia Kazan (EUA, 1952, 113 minutos)
Em 1909, no México, um grupo de lavradores vai até o presidente, afirmando que suas terras foram roubadas, mas um deles (Marlon Brando) deixa claro que o governo não pretende fazer nada por eles. Este lavrador acaba se tornando o lendário guerrilheiro Emiliano Zapata, que por vários anos teve importância política na vida do país. Exibição em DVD.
Vera Cruz (Vera Cruz), de Robert Aldrich (EUA, 1954, 94 minutos)
Por volta de 1860, ao escoltarem uma condessa até Vera Cruz, dois aventureiros americanos, interpretados pelos astros Gary Cooper e Burt Lancaster, involuntariamente se envolvem com a derrubada do imperador mexicano Maximiliano. Cultuado por nomes do Sergio Leone e Sam Peckinpah, o filme de Aldrich acena a paternidade do faroeste moderno ao romper de vez com os maniqueísmos do gênero. Exibição em Blu-ray.

Crepúsculo de uma Raça (Cheyenne Autumn), de John Ford (EUA, 1964, 156 minutos)
Em 1878, o governo deixa de entregar os suprimentos necessários à tribo indígena Cheyenne, como prevê um tratado assinado pelos governantes. Famintos e descontentes, mais de 300 índios decidem sair da reserva em Oklahoma numa jornada ao Wyoming, o local original onde sempre viveram. Thomas Archer, Capitão da Cavalaria Americana, é designado para a missão de conter os índios e evitar a viagem. Mas durante o percurso o oficial passa a respeitar a coragem dos índios e decide ajudá-los. É a despedida de John Ford ao lendário Monument Valley.  Exibição em DVD.

Uma Bala para o General (El Chuncho, Quien Sabe?), de Damiano Damiani (Itália, 1966, 135 minutos)
Durante a Revolução Mexicana, um jovem americano misterioso se une a um grupo de saqueadores liderados por El Chucho. A partir daí, iniciam uma série de ataques selvagens para roubar armas para um general rebelde. Mas quando o Gringo resolve colocar em prática seus ideais juntamente com o grupo de bandidos, El Chucho descobre que as verdadeiras armas de guerra não pertencem a nenhum exército. Numa terra devastada pela pobreza e violência, será possível comprar a liberdade com uma única bala? Exibição em DVD.


Os Profissionais (The Professionals), de Richard Brooks (EUA, 1966, 117 minutos)
Em 1917 um rico rancheiro, J.W. Grant (Ralph Bellamy), contrata três mercenários, Henry "Rico" Farden (Lee Marvin), Hans Ehrengard (Robert Ryan) e Jacob Sharp (Woody Strode), para resgatar sua esposa Maria (Claudia Cardinale), que foi ao México e acabou sendo raptada por Jesus Raza (Jack Palance) e seu bando. Exibição em Blu-ray
Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch), de Sam Peckinpah (EUA, 1969, 145 minutos)
A história se passa em 1913, no auge da Revolução Mexicana. Os Wild Bunch são os foras-da-lei mais perigosos que o Oeste já viu. Mas a cada novo golpe, as chances de algo dar errado vêm aumentando, o que faz com que eles decidam encerrar as atuações. Só que um trem carregado de armas é uma remessa valiosa demais para passar despercebida pelos ladrões aposentados. Exibição em DVD.

El Topo (El Topo), de Alejandro Jodorowsky (México, 1970, 125 minutos)
Envolto numa roupagem alegórica e repleto de simbolismos cifrados, o filme narra as andanças de um pistoleiro místico (El Topo), interpretado pelo próprio Alejandro Jodorowsky, através do deserto do distante Oeste, numa epopéia surrealista na qual ele se supera em duelos para conseguir atribuir-se o êxito de ser a pistola mais rápida do Oeste. Um encontro cósmico profundamente influenciado pelas obras pânicas, este filme foi o tiro de saída do circuito alternativo das Sessões Malditas em Nova Iorque, propulsado pelo distribuidor Bem Barenholtz, que descobriu o filme graças a John Lennon e Yoko Ono.

Vamos Matar, Companheiros! (Vamos a Matar, Compañeros), de Sergio Corbucci (Itália, 1970, 118 minutos)
O contrabandista de armas Yolaf Peterson (Franco Nero) planeja fazer uma venda para o guerrilheiro Mongo (Francisco Bódalo), mas o dinheiro está trancado num cofre no banco e somente o Professor Xantos (Fernando Rey), um prisioneiro dos americanos, sabe a combinação. Yolaf concorda em soltar Xantos, acompanhado pelo relutante guerrilheiro Basco, mas um antigo parceiro de negócios de Yolaf, John "Mão-de-Madeira" (Jack Palance), tem outras idéias. Este faroeste político de Corbucci é uma das obras-primas do western spaghetti. Exibição em DVD.

O Pequeno Grande Homem (Little Big Man), de Arthur Penn (EUA, 1970, 139 minutos)
Aos 121 anos, Jack Crabb (Dustin Hoffman) conta num hospital a história de sua vida entre os índios Sioux. Sua indefinição racial provoca graves problemas de identidade, já que o homem não se integra com os brancos e nem com os índios. Ele aprende a ser guerreiro com o seu avô adotivo, Chefe Velha Pele Curtida (Chief Dan George); o pecado da carne com sua mãe adotiva e mulher do Reverendo (Faye Dunaway); o valor da amizade com o pistoleiro Wild Bill Hicock (Jeff Corey) e a odiar com o General Custer (Richard Mulligan). Dos filmes mais importantes da Nova Hollywood, este faroeste de Arthur Penn retrata com ironia e inteligência o período mais cruel da história dos EUA. Exibição em Blu-ray.

Quando Explode a Vingança (Giù La Testa), de Sergio Leone (Itália, 1971, 157 minutos)
Quando um terrorista irlandês (James Coburn), obcecado por dinamite, se junta a um camponês mexicano (Rod Steiger) que virou um revolucionário, os resultados só podem ser altamente explosivos! Ambientado durante a revolução mexicana de 1913, Quando Explode a Vingança (originalmente intitulado Duck, You Sucker!) é uma agitada história sobre poder e política dirigida por Sergio Leone, o celebrado diretor de Três Homens em Conflito e de Era uma Vez na América. Exibição em DVD.

Jogos e Trapaças – Quando os Homens São Homens (McCabe & Mrs. Miller), de Robert Altman (EUA, 1971, 120 minutos)
Presbyterian Church é uma pequena cidade no extremo oeste dos Estados Unidos, o lugar perfeito para o carismático mas fracassado jogador, John Q. McCabe, começar seu próprio negócio: construir um bordel. Constance Miller é uma mulher da cidade grande que utiliza seus dons para ajudar McCabe a realizar seu sonho.  Uma das grandes obras-primas de Robert Altman, o filme apresenta as estrelas Warren Beatty e Julie Christie, indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1971 por este trabalho. Exibição em DVD.

GRADE DE HORÁRIOS
Primeira Semana (2 a 7 de julho de 2013)

2 de julho (terça-feira)
15:00 – Vera Cruz, de Robert Aldrich
17:00 – Crepúsculo de uma Raça, de John Ford
20:00 – Exibição do curta Sincronário

3 de julho (quarta-feira)
15:00 – Céu Amarelo, de William A. Wellman
17:00 – Os Profissionais, de Richard Brooks
19:00 –  El Topo, de Alejandro Jodorowsky

4 de julho (quinta-feira)
15:00 – Vamos Matar, Companheiros!, de Sergio Corbucci
17:00 – Viva Zapata!, de Elia Kazan
19:00 – Quando Explode a Vingança, de Sergio Leone

5 de julho (sexta-feira)
15:00 – Os Profissionais, de Richard Brooks
17:00 – Vera Cruz, de Robert Aldrich
19:00 – Crepúsculo de uma Raça, de John Ford

6 de julho (sábado)
15:00 – Viva Zapata!, de Elia Kazan
17:00 – Céu Amarelo, de William A. Wellman
19:00 –  El Topo, de Alejandro Jodorowsky

7 de julho (domingo)
15:00 – Vamos Matar, Companheiros!, de Sergio Corbucci
17:00 – Os Profissionais, de Richard Brooks
19:00 – Quando Explode a Vingança, de Sergio Leone


Apoio

19 NOTAS INCOMPLETAS SOBRE BÉLA TARR - Por Francesca Azzi - Curadora da Mostra

“Meu ponto de vista moral questiona para mim aquilo que penso.” (B.Tarr)



1. 1977. Para um jovem diretor húngaro de 22 anos, o cinema estava indo de mal a pior. Distante da sua realidade, os atores e cenografias pareciam artificiais, os roteiros medíocres. Ele queria mais do cinema. Com este impulso de ser um “filmfighter” como ele mesmo se definiu, BélaTarr realizou seu primeiro filme “no budget” - sem dinheiro algum, “Ninho Familiar”. Convidou pessoas comuns (atores não profissionais), improvisou câmera e roteiro e discutiu de maneira intensa a questão da moradia e do espaço das relações familiares na Hungria comunista. Enclausurados numa convivência forçada com toda família num apartamento, um casal vive esta impossibilidade utópica do “viver junto”. A individualidade é esmagada pelas desavenças. A câmera é claustrofóbica como o exíguo espaço urbano.

2. Béla estava no auge de sua juventude quando se juntou aos amigos para criar o que foi reconhecido como a Budapest School. Um grupo de documentaristas de um lado e artistas experimentais do outro que disputavam as verbas do Estúdio de BélaBalázs. Preservavam o realismo masBéla pendia para a “coisa” poética, estando no limiar entre ficção e documentário desde o início e sempre.

3. 1982. “Pessoas Pré-fabricadas” parece complementar (com “Ninho Familiar” e “O Outsider”) a trilogia da desagregação social e familiar. A classe operária é a personagem de Tarr. Pela primeira vez contrata atores profissionais. As más condições de vida levam a refletir mais sobre o sistema. “Não é só um problema social, mas ontológico, quase cósmico”, como diz Béla.

4. BélaTarr prefere o não ator ou o ator “não tão bom”. Para expor sua personalidade real?

5.1981. BélaTarr se forma na Academia Húngara de Teatro e Cinema, mas agradece mesmo ao professor que lhe diz: “Não fique sentado aqui, vá e filme!”.

6. Começa a refinar seu estilo. Seu cinema trata da decadência e dos distúrbios da sociedade, embora com um viés metafísico. A construção deste homem imaginário e real.

7. O cinema de Béla, como é conhecido hoje, se delineia assim emblemático a partir de “Maldição” (1987). A fotografia preto e branco, uma espécie de continuidade psicológica, longos silêncios, monólogos, longos e poucos planos, a composição suntuosa do quadro, a música, e uma câmera inconfundível que escrutina o ambiente em travellings lentos e sóbrios. E os temas repassam a moral deste homem: suas escolhas, a solidão, sua dignidade.

8. “Todos os heróis são solitários.”

9. Segundo Béla, cabe ao diretor ter tudo meticulosamente planejado para que algo aconteça ali, intensamente. É fundamental a escolha da locação, a precisão, para que o imprevisto, a improvisação dos atores aconteça.

10. Me parece que toda a trajetória de BélaTarr apontava para o nascimento de sua obra-prima “Satantango” em 1994. Um filme de 7 horas e 15 minutos que possui apenas 150 planos, baseado no livro de László Krasznahorkai.

11. Béla vai para o campo, muda-se a perspectiva do homem e do espaço.

12. “Satantango” está dividido em 12 partes assim como o tango. Uma comunidade rural comunista está falida, e seus moradores pretendem abandonar o lugar. A decadência física e moral nos faz perguntar: que homem é este? Que mente, trai, mata e espia o outro? Chove, está frio, e a vida corre num ritmo estranho. Tarr talvez queira dizer muito pouco, mas a intensidade do que diz faz valer cada minuto. Cada evento é contado mais de uma vez, sob um outro ponto de vista, criando assim um quebra-cabeças engenhoso e soturno.

13. Que homem é este, Béla? “Quero acreditar que todos nós temos a humanidade no sangue. É uma ilusão, eu sei.” O escuro de BélaTarr é mais escuro do que o escuro da noite.

14. O vento de BélaTarr é o vento. O indizível do vento, o vento absoluto, o vento cruel, a metáfora do vento, a espera do vento. Segundo ele, o cinema é feito de informação, tempo, espaço. Não apenas de narrativas ou história mas este algo entre.

15. 2007. “O Homem de Londres”, baseado no livro de Georges Simenon, filme falado em inglês com a atriz compete no Festival de Cannes.

16. 2011. “O Cavalo de Turim”, ganha o Urso de Prata em Berlim. BélaTarr é aclamado como um dos mais completos e inovadores diretores contemporâneos do cinema autoral.

17. Em “O Cavalo de Turim” abandona quase completamente a história em si. A repetição é o fio condutor destas três vidas (o pai, a filha e o cavalo). Negando esta sequência de fatos narrativos novos, implementa esta repetição como fato em si “cinematográfico”. Tarr nos coloca diante de uma angústia, uma sensação de vida como ela é. Mas que, na verdade, é artificializada num excesso de realismo causado nos detalhes. A fotografia preto e branco, o som forte da música, a casa, naquele lugar, numa vida campestre, extremamente dura no século XIX, as condições climáticas e os personagens. O silêncio dos planos.

18. Qualquer coisa que se diga sobre O Cavalo de Turim é ainda incompleta. Nesta incompletude, a perfeição do cinema de Béla.

19. Segundo BélaTarr, O Cavalo de Turim será seu último filme...
Francesca Azzi
                                                                                                                               Curadora


A MOSTRA O CINEMA DE BÉLA TARR 
SEGUE EM EXIBIÇÃO ATÉ DOMINGO, DIA 30 DE JUNHO.

terça-feira, 25 de junho de 2013

O CINEMA DE BÉLA TARR

O cinema do cultuado realizador húngaro Béla Tarr será exibido em mostra de 25 a 30 de junho



Com filmes em 35 mm, a mostra O Cinema de Béla Tarr 
é uma realização da Surreal Filmes em parceria com a 
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Prefeitura de Porto Alegre


Pela primeira vez os cinéfilos porto-alegrenses terão a oportunidade de desfrutar de uma retrospectiva da obra singular do cineasta húngaro Béla Tarr. Cinco filmes em 35mm, transportados desde a Hungria até aqui, serão vistos nesta mostra que se inicia dia 25 de junho, na Sala P. F. Gastal e tem entrada franca. A mostra é uma realização da Surreal Filmes em parceria com a Coordenação de Cinema e Vídeo da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, com curadoria de Francesca Azzi, consultoria da Zeta Filmes e apoio cultural da Embaixada da Hungria-Brasília.

Nascido em 1955, na pequena cidade de Pécs, Béla Tarr vem sendo aclamado como um dos grandes gênios do cinema contemporâneo. Ainda que seu nome seja pouco conhecido no Brasil – até o momento, nenhum de seus filmes teve lançamento comercial no país –, Tarr dá continuidade a uma nobre linhagem de cineastas húngaros, na qual se destacam nomes como Jan Kadar (A Pequena Loja da Rua Principal), Miklos Jancsó (Vícios Privados, Virtudes Públicas), Károly Makk (O Amor), István Szabó (Mephisto), Marta Meszáros (Diário Íntimo) e Pal Gabor (A Doutrinação de Vera).

A filmografia de Tarr começou a ser conhecida fora das fronteiras de seu país no final dos anos 1980, com o lançamento de Maldição (1988), cuja repercussão positiva seria amplificada pelo impacto do monumental Satantango (1994), com suas sete horas e meia de duração. A partir daí, a produção do diretor desperta a atenção de personalidades da estatura de Gus Van Sant – que definiu Tarr como “um dos poucos cineastas genuinamente visionários” e dedicou ao colega húngaro um de seus filmes mais bem sucedidos, Gerry (2002) – e Susan Sontag. A ensaísta americana foi, a propósito, uma das primeiras vozes fora da Europa a saudar o talento de Tarr, chegando a incluir Maldição na célebre mostra que reuniu seus 25 filmes favoritos, realizada em 1990 no cinema Arsenal, em Berlim.

A estreita colaboração de Tarr com o escritor Lászlo Krasznahorkai, com o compositor Mihaly Vig e com o diretor de fotografia Gabor Medvigy se materializa em uma série de filmes hipnotizantes, marcados por um preto e branco suntuoso e por majestosos e elaboradíssimos planos-sequência. Ambientados em pequenos vilarejos do interior da Hungria, constantemente fustigados pela chuva e pelo frio, estes filmes oferecem um registro perturbador da experiência individual nos países do leste europeu nos estertores do século XX, formando um dos conjuntos cinematográficos mais expressivos produzidos nas últimas três décadas. Agora, finalmente, colocado ao alcance dos espectadores de Porto Alegre.


SOBRE BÉLA TARR


Béla Tarr nasceu na Hungria, em 1955. Criado na capital Budapeste, onde seu pai e sua mãe trabalhavam com teatro e cinema, começou a filmar com uma câmera 8mm aos 16 anos. Seu trabalho amador atraiu a atenção do Estúdio de Béla Balázs, que ajudou a patrocinar o longa-metragem de estreia de Tarr, “Ninho Familiar”, rodado aos 22 anos. O filme manteve-se fiel à “Escola de Budapeste”, o estilo documentário popular naquela época no Estúdio de Béla Balázs, preservando um absoluto realismo social na tela. Tarr graduou-se pela Academia Húngara de Teatro e Cinema, em Budapeste, em 1981.

Em 1982, com sua adaptação para a televisão de “Macbeth”, a obra de Tarr começou a sofrer alterações estilísticas que continuam até hoje: o estilo pessoal de Tarr foi refinado com o uso de suas inconfundíveis imagens em preto e branco, a atmosfera meticulosamente composta e longas cenas. Seu cinema ainda trata da decadência e dos distúrbios da sociedade, embora com um viés mais metafísico.

Tendo tratado de questões sociais em seus primeiros três filmes, Béla Tarr aborda os problemas de seus compatriotas esmagados pela pobreza nos filmes subsequentes, buscando também respostas para determinadas questões ontológicas. Tarr, que acredita na tese de que há uma razão para tudo no mundo, enxerga o ser humano com uma das menores unidades do universo. “Maldição” (1988), um dos mais memoráveis filmes da história; “Satantango” (1994), com seus 450 minutos de duração; e “Harmonias de Werckmeister” (2000), que combina tristeza e melancolia, são, nesse sentido, perfeitos exemplos de filmes em que o diretor analisa questões existenciais e aborda fatos como a pobreza, a decadência e a falência moral. Em 2007, “O Homem de Londres”, filme de Tarr baseado no livro de Georges Simenon, competiu no Festival de Cannes. Béla Tarr surpreendeu seus admiradores ao anunciar que deixaria de fazer filmes após seu último trabalho, “O Cavalo de Turim”, que lhe valeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. Béla Tarr é aclamado como um dos mais completos e inovadores diretores contemporâneos de cinema autoral.


SOBRE OS FILMES



NINHO FAMILIAR | Családi Tűzfészek | Family Nest
1977, Hungria | Hungary, 35mm, 108 min.
Roteiro: BélaTarr
Fotografia: BarnaMihók, Ferenc Pap
Montagem: Anna Kornis
Música: JánosBródy, MihályMóricz, SzabolcsSzörényi , BélaTolcsvay, László Tolcsvay
Com: Gábor Kun, MrsGábor Kun, Mrs László Horváth, László Horváth

Sinopse: Irén e sua pequena filha, Krisztike, vivem apertadas em uma quitinete no subúrbio, que precisam dividir com quatro parentes do marido de Irén, agora no Exército. Um clássico da Budapest School, uma espécie de cinéma-verité húngaro da qual BélaTarr era um dos mentores, o filme captura a vida de uma família comum em uma sociedade falida. A proximidade de várias pessoas em um espaço tão reduzido leva a brigas intermináveis e a um sentimento infinito de desesperança. A situação no pequeno apartamento começa a ficar insuportável…


MALDIÇÃO | Kárhozat | Damnation
1987, Hungria , 35mm, 122 min.
Roteiro: László Krasznahorkai, BélaTarr
Fotografia: GáborMedvigy
Montagem: ÁgnesHranitzky
Música: MihályVig
Com: MiklósSzékely B., ValiKerekes, HédiTemessy, GyulaPauer, GyörgyCserhalmi

Sinopse: Em “Maldição”, o enquadramento claustrofóbico e as técnicas do cinéma-verité dos primeiros filmes de Tarr cedem lugar a paisagens expansivas e a uma mise-en-scène estilizada. O filme acompanha os planos e confabulações de um triste quarteto de personagens. Karel apaixona-se por uma atraente e perigosa cantora de cabaré, mas ela apenas o usa. O clima gélido, os bares escuros e os cães vadios são metáforas para o desespero de Karel. Para Tarr, a trama é secundária: “O filme é sobre a paisagem, os elementos e a natureza – sobre um mundo único em que nada permanece.”


SATANTANGO | Sátántangó
1994, Hungria/Alemanha/Suiça, 35mm, 435 min.
Roteiro: László Krasznahorkai, BélaTarr
Fotografia: GáborMedvigy
Montagem: ÁgnesHranitzky
Música: MihályVíg
Com: MihályVíg, PutyiHorváthDr., Peter Berling, BarnaMihók, ÉvaAlmási Albert, AlfrédJárai, Erika Bók, MiklósSzékely B., JánosDerzsi, László Felugossy, ErzsébetGaál, IrénSzajki.

Sinopse: A obra-prima de Tarr foi saudada como um panorama definitivo do fim do Comunismo na Europa Oriental. Com mais de sete horas de duração, este épico mostra o desmoronamento, em desagregação e traição, de uma fazenda coletiva. A complexa trama acompanha um grupo de pessoas que vive em uma pequena cidade dilapidada na Hungria pós-comunismo. Tarr examina suas vidas paralisadas através de uma série de episódios narrados a partir do ponto de vista de cada pessoa. O diretor afirmou que a estrutura do filme foi inspirada no tango, com seus seis passos para frente e seis para trás – uma ideia que também se reflete nas redundâncias do esquema temporal. A narrativa é acompanhada por uma impressionante fotografia em preto-e-branco e pelos movimentos pacientes e sinuosos da câmera. Os véus de lama e chuva não obscurecem o humor macabro de Tarr.


HARMONIAS DE WERCKMEISTER | WerckmeisterHarmóniák | WerckmeisterHarmonies
2000, Hungria/Itália/Alemanha/França, 35mm, 145 min.
Roteiro: BélaTarr, László Krasznahorkai
Fotografia: Erwin Lanzensberger, MiklósGurbán, Emil Novák, Patrick De Ranter, JörgWidmer, GáborMedvigy, Rob Tregenza
Montagem: ÁgnesHranitzky
Música: MihályVíg
Com: DjokoRosić, Ferenc Kállai, JánosDerzsi, Hanna Schygulla, Peter Fitz, Lars Rudolph, TamásWichmann

Sinopse: No meio de um inverno rigoroso, em uma cidade das planícies, um povo estranhamente inativo, dividido e impaciente espera por um circo que apresentará uma magnífica baleia e um misterioso príncipe. Rodado no mesmo soturno mundo rural de “Maldição” e “Satantango”, o filme explora as fronteiras precárias entre civilização e barbárie. Violência e beleza irrompem de modo igualmente inesperado neste fascinante universo.


O CAVALO DE TURIM | A Torinói Ló | The Turin Horse
2011, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA, 35mm, 146 min.
Roteiro : BélaTarr, László Krasznahorkai
Co-author: ÁgnesHranitzky
Fotografia : Fred Kelemen
Montagem : ÁgnesHranitzky
Música : MihályVíg
With: JánosDerzsi, Erika BókandMihályKormos

Sinopse: “Em Turim, em 3 de janeiro de 1889, Friedrich Nietzsche sai do imóvel da Via Carlo Albert, número 6. Não muito longe dali, o condutor de uma carruagem de aluguel está tendo problemas com um cavalo teimoso. O cavalo se recusa a sair do lugar, o que faz com que o condutor, apressado, perca a paciência e comece a chicoteá-lo. Nietzsche aparece no meio da multidão e põe fim à cena brutal, abraçando o pescoço do animal, em prantos. De volta à sua casa, Nietzsche então permanece imóvel e em silêncio durante dois dias estendido em um sofá, até que pronuncia as definitivas palavras finais (“Mãe, eu sou um idiota”) e vive por mais dez anos, mudo e demente, sendo cuidado por sua mãe e suas irmãs. Não se sabe que fim levou o cavalo.” Esse é o texto de abertura de O Cavalo de Turim. BélaTarr, a partir desse evento de Nietzsche, dá prosseguimento à história, descrevendo minuciosamente a vida do condutor de uma carroça, de sua filha e do cavalo após o acontecido. Este último trabalho do diretor húngaro contém todas as marcas registradas de seu estilo inimitável, incluindo longas cenas, fotografia em preto-e-branco e raro diálogo.
Premiação: Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri no festival de Berlim /2011


PROGRAMAÇÃO


25 de junho, terça-feira
19h – coquetel de abertura
20h – O CAVALO DE TURIM | 2011, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA, 35mm, 146 min.

26 de junho, quarta-feira
20h- HARMONIAS DE WERCKMEISTER | 2000, Hungria/Itália/Alemanha/França, 35mm, 145 min.

27 de junho – quinta-feira
18h -NINHO FAMILIAR | 1977, Hungria , 35mm, 108 min.
20h -MALDIÇÃO | 1987, Hungria , 35mm, 122 min.

28 de junho – sexta-feira
20h- MALDIÇÃO | 1987, Hungria , 35mm, 122 min.

29 de junho - sábado
15h - SATANTANGO | 1994, Hungria/Alemanha/Suiça, 35mm, 435 min.
Obs.: sessão dividida em 3 partes devido à duração do filme, com intervalo de 15min.

30 de junho - domingo
15h - NINHO FAMILIAR | 1977, Hungria, 35mm, 108 min.
17h - HARMONIAS DE WERCKMEISTER | 2000, Hungria/Itália/Alemanha/França, 35mm, 145 min.
20h- O CAVALO DE TURIM | 2011, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA, 35mm, 146 min.


SERVIÇO


O cinema de Béla Tarr - mostra de filmes em 35mm
De 25 a 30 de junho de 2013
Sala P.F. Gastal / Usina do Gasômetro- 3ºandar
Av. Presidente João Goulart, 551
Entrada franca
Com retirada de senhas meia hora antes de cada sessão, na bilheteria da Sala P.F. Gastal

Informações:
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Usina do Gasômetro, 3º andar
Av. Presidente Goulart, 551
Porto Alegre, RS – BRASIL – CEP 90010-120
Fone (51) 3289 8133 e 3289 8137

Mais informações nos sites:

Realização - Surreal Filmes e Prefeitura de Porto Alegre
Curadoria - Francesca Azzi
Consultoria - Zeta Filmes
Apoio cultural - Embaixada da Hungria-Brasília


Informações para a imprensa: 
bebê baumgarten / bd divulgação
(51) 3028.4201 / 8111.8703
Nextel: 78142244 / ID 84.39184
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À LUZ DE Béla Tarr - Texto de Marcelo Perrone na Capa do Segundo Caderno da Zero Hora de hoje

– O que eu tinha para fazer no cinema, já fiz. É de forma sintética e objetiva que Béla Tarr responde que, sim, “como já disse mil vezes”, O Cavalo de Turim foi o último longa-metragem que dirigiu. Esse derradeiro filme, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim de 2011, é uma das atrações da retrospectiva com cinco trabalhos do diretor húngaro que a Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro exibe de hoje a domingo, com entrada franca.

Afora a oportunidade muito rara de se conhecer o trabalho de um dos mais celebrados realizadores do cinema contemporâneo – nenhum de seus filmes teve lançamento no Brasil –, os cinco longas serão exibidos com projeção em película 35mm. São as condições ideais para sentir na plenitude o impacto sensorial do cinema de Béla Tarr.

Seus filmes ilustram, em um contrastante preto e branco e com fartos e vagarosos planos-sequência, um universo em desencanto, pela opressão política e econômica, pela bestialidade humana, pelo rigor da natureza, pelo fastio físico e existencial. É uma representação ao mesmo tempo hiper-realista e onírica.

– Não se trata de conceito visual. Nunca trabalhei nesse sentido, nunca elaborei conceito visual algum. Essa é minha linguagem, é a forma como eu vejo e sinto o mundo, é a forma, para mim, correta de representá-lo – diz Béla Tarr a ZH, por telefone, desde a Hungria.

O Cavalo de Turim, que abre a mostra, hoje, às 20h, é simbólico do estado de espírito do diretor de 57 anos. Citando o episódio que fez Friedrich Nietzsche chorar, Béla Tarr especula sobre o destino do cavalo protegido do espancamento pelo filósofo alemão. Nas duas horas e meia seguintes, assiste-se à rotina de um camponês e sua filha nos confins da Hungria, ao longo de seis dias que parecem se repetir. Quase não há diálogos, o som onipresente é o do vento que fustiga o lugar. Como Tarr já disse, o filme (em suas múltiplas leituras) representa o curso da vida, que se encerra quando já não há mais energia e esperança.

O interior rural da Hungria também é tema da obra-prima do cineasta, Satantango (1994), monumento com mais de sete horas de duração no qual ele apresenta um quebra-cabeças narrativo que segue a métrica musical do tango – diferentes pontos de vista sobre um mesmo episódio erguem, indo e vindo no tempo, um painel sobre carências físicas e morais da Hungria pós-comunismo.

– Comecei a trabalhar sob a censura política do regime comunista e passei a trabalhar sob a censura econômica do regime capitalista. O que posso dizer é que os dois são uma m. – diz o diretor, destacando que as crescentes dificuldades para realizar filmes em seu país também colaboraram para ele jogar a toalha.

Sem se seduzir pela tecnologia digital (“Ainda é fake, artificial”), reverente a mestres como Jean Luc-Godard (“Não tenho interesse pelo cinema que fazem hoje”), Béla Tarr tem como motivação agora a escola de cinema que criou em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina.

– Não encontro mais trabalho em meu país, onde tornei-me uma ovelha negra. Sarajevo é uma cidade internacional e multicultural, com católicos, muçulmanos e ortodoxos. É o lugar certo para um jovem cineasta. Tenho alunos vindos de países como Japão, México, Islândia, França, Espanha e Portugal.

A mostra O Cinema de Béla Tarr é uma realização da Surreal Filmes, em parceria com a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da prefeitura de Porto Alegre. Os ingressos estão disponíveis mediante retirada de senha 30 minutos antes da sessão, na bilheteria.


Marcelo Perrone
25 de junho de 2013

Capa Segundo Caderno - Zero Hora

quinta-feira, 20 de junho de 2013

MASTER CLASS COM WILLIAN RABAN E ABERTURA EXPOSIÇÕES SERÃO ADIADAS

Comunicamos que, devido ao fechamento do prédio da Usina do Gasômetro, hoje, a partir das 17h, por determinação do Sr. Prefeito,  as atividades programadas: Master Class do artista britânico Willian Raban e Coquetel de abertura de suas videoinstalações na Galeria Lunara e Galeria Iberê Camargo ficam adiadas.
Logo estaremos divulgando nova data.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

WILLIAN RABAN NA SALA P. F. GASTAL

A Usina do Gasômetro é a base das atividades envolvendo a presença do artista britânico William Raban em Porto Alegre. Vindo ao Brasil pela primeira vez enquanto convidado especial do Cine Esquema Novo Expandido, Raban é um pioneiro no conceito e na prática do que se convencionou chamar cinema expandido, ultrapassando a sala de cinema e a relação linear entre projeção, plateia e tela de exibição. 

Alguns de seus trabalhos mais marcantes farão parte da programação do CEN-E na Usina, graças a uma colaboração direta com a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, ao lado da 9ª Bienal do Mercosul / Porto Alegre.

No dia 22 de junho, às 10h. na Sala P. F. Gastal, Raban vai liderar a master classMaterialidade do Tempo: o suporte fílmico e a cidade , cuja participação dependia de inscrições que foram realizadas até 10 de junho. A partir do filme-performance Take Measure(1973), que será reproduzido ao vivo na sala, o artista vai apresentar trechos de diversas obras suas para discutir a utilização do suporte filme na construção de ensaios cinematográficos sobre a cidade de Londres. Confira uma imagem de Take Measure via no.w.here

take_measure_william_raban_credito_foto_no.w.here


No mesmo dia 22/06, a partir das 12h, Raban acompanha pessoalmente a abertura de suas videoinstalações na Usina, abertas ao público até o fim de julho.

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VIDEOINSTALAÇÕES
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Galeria Lunara (5º andar) 
exibição do video The Houseless Shadow (2011)


The Houseless Shadow foi um dos filmes de destaque da exposição 
Dickens and London, que esteve em cartaz no Museum of London 
entre 08 de dezembro de 2011 e 10 de junho de 2012. 

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Galeria Iberê Camargo (andar térreo) 
exibição dos vídeos Time and the Wave (2013) 
About Now MMX (2010)

About Now MMX teve première na Tate Modern 
e foi exibida posteriormente em cinemas  e como instalação de galeria 
na Helsinki Photo Biennial (2012) e na exposição 
Troubled Waters, no Kuandu Museum of Fine Arts, em Taiwan (2013). 
Raban apresentou filmes multitela e também a obra 
Duchamp’s Dissent (2012), 
uma instalação digital com três telas, no programa 
The Tanks: Art in Action
da Tate Modern (16-21 de outubro de 2012).


Time and the Wave  tem estreia mundial em Porto Alegre 
e conta com cenas como esta, do funeral de Margaret Thatcher.

William Raban - Time and the wave
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O britânico completa sua participação no CEN-E na própria abertura do festival, no dia 19/06, quando um barco para convidados vai navegar pelo Rio Guaíba, saindo a partir da Usina do Gasômetro, para projetar seu emblemático longa-metragem Thames Film (1986). Esta atividade será restrita a convidados.

Nascido em Fakenham, Norfolk, em 1948, William Raban formou-se em pintura na St. Martins School of Art, em 1967. Foi diretor do London Filmmaker’s Co-op Workshop (uma associação de cineastas experimentais interessados em explorar criticamente o potencial das imagens em movimento) de 1972 a 1976, além de ter feito parte do coletivo Filmaktion, que movimentou a cena londrina dos anos 1970 com uma série de projetos de cinema expandido recentemente resgatados pelo Tate Modern. Ao longo das décadas realizou mais de 40 filmes, muitos deles têm Londres como tema. Atualmente é professor de cinema no London College of Communication (University of the Arts London).

Além de Raban, a programação do CEN-E conta com a participação dos artistas brasileiros convidados Carlosmagno Rodrigues (MG), Distruktur (Melissa Dullius & Gustavo Jahn) (RS – Alemanha), Guto Parente (CE), Ricardo Alves Jr. (MG) e Sérgio Borges (MG), que realizam video instalações na Galeria Ecarta e sessões de cinema e seminários no Santander Cultural. Além disso, um curso (com seleção aberta) ministrado por Maria Helena Bernardes completa a grade de atividades desta edição compacta e especial do CEN.


WILLIAN RABAN

19/06 - Exibição de Thames Film em Barco no Guaíba 
(somente para convidados)

22/06 - 12h - Master Class com o artista 
na Sala P. F. Gastal (3º andar da Usina do Gasômetro)
(somente para inscritos previamente. Inscrições realizadas até 10/06)

22/06 - Coquetel de abertura das exposições

De 23/06 a 21/07 - Exibição Videoinstalações 
Galeria Lunara (5º andar da Usina do Gasômetro e
e Galeria Iberê Camargo (andar térreo da Usina do Gasômetro)

Visitação de terças a sextas-feiras, das 9 às 21h 
e finais de semana das 10 às 21h.

Informações

Fones 3289 8133 / 3289 8135
 Programação completa do Cine Esquema Novo em
 www.cineesquemanovo.org