segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A semana segue com inspiradores de Almodóvar, lançamento de curta e estreia de Walachai


A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), aproveitando o lançamento do último filme de Pedro Almodóvar, A Pele que Habito, segue exibindo até o dia 1º de dezembro dois filmes clássicos que serviram de inspiração direta para o diretor espanhol criar a alucinada trama estrelada por Antonio Banderas, A Noiva de Frankenstein, de James Whale, e Os Olhos sem Rosto, de Georges Franju.

A partir de sexta-feira, dia 2 de dezembro, o cinema da Usina do Gasômetro passa a exibir o documentário brasileiro Walachai, de Rejane Zilles.
Um dos mais populares filmes de terror de todos os tempos, A Noiva de Frankenstein (1935) é uma bem sucedida continuação do Frankenstein original, realizado em 1931. O lendário Boris Karloff retoma o seu papel como o monstro mais incompreendido do cinema que agora anseia por uma companheira. Colin Clive regressa como o excessivamente ambicioso Dr. Frankenstein, que cria a infortunada noiva do monstro (Elsa Lanchester). Também dirigido por James Whale (foi seu último filme de terror) e com uma assombrosa trilha sonora, A Noiva de Frankenstein destaca-se sobretudo pela impressionante caracterização da atriz Elsa Lanchester.

Clássico do cinema fantástico francês realizado em 1960, Os Olhos sem Rosto narra a história do professor Génessier, um célebre cirurgião conhecido por seus trabalhos sobre heteroplasia, que tem uma filha, Christiane, que foi horrivelmente desfigurada num acidente, ficando somente com os olhos intactos. Para tentar restituir-lhe a beleza de antes, ele e uma enfermeira sequestram e mutilam belas moças para fazer as cirurgias experimentais de enxerto de pele.

A Noiva de Frankenstein (The Bride of Frankenstein). Direção de James Whale. EUA, 1935. Com Boris Karloff, Elsa Lanchester e Colin Clive. Duração: 75 minutos. Preto e branco. Exibição em 16mm.

Os Olhos sem Rosto (Les Yeux sans Visage). Direção de Georges Franju. França, 1960. Com Pierre Brasseur, Alida Valli e Edith Scob. Duração: 87 minutos. Preto e branco. Exibição em DVD.

GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 29 de novembro a 4 de dezembro de 2011

29 de novembro (terça-feira)

15:00 – A Noiva de Frankenstein
17:00 – Os Olhos sem Rosto
19:00 – A Noiva de Frankenstein

30 de novembro (quarta-feira)

15:00 – A Noiva de Frankenstein
17:00 – Os Olhos sem Rosto
19:00 – Lançamento do curtametragem Rua dos Aflitos, 70, de Leandro Daros

1º de dezembro (quinta-feira)

15:00 – Os Olhos sem Rosto
17:00 – A Noiva de Frankenstein
19:00 – Os Olhos sem Rosto

2 de dezembro (sexta-feira)
14:00 – Usina da Educação (sessão fechada para alunos da SMED)

17:00 – Walachai
19:00 – Walachai

3 de dezembro (sábado)
15:00 – Walachai
17:00 – Walachai
19:00 – Walachai

4 de dezembro (domingo)

15:00 – Walachai
17:00 – Walachai
19:00 – Walachai

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Música e Videoarte no Multipalco do Teatro São Pedro

Música eletrônica integrada a arquitetura e as artes visuais ganham o espaço do Multipalco do Theatro São Pedro (Praça da Matriz), dia 26 de novembro, das 16 às 22h, na primeira edição gaúcha do Passport Green Sunset, que conta com o apoio da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia, da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.
O evento - inspirado nas festas de verão do MoMA (NY) - irá reunir a vanguarda da música eletrônica às artes visuais e à arquitetura do Centro Histórico de Porto Alegre. Esse é o mote da festa que, a exemplo das baladas que acontecem em terraços de museus mundo afora, tem agitado o jardim do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, há seis edições.

Os produtores Gabriel Cevallos e Marcos Guzman trazem um dos melhores artistas quando o assunto é música negra americana. O “embaixador do Boogie Funk” de Los Angeles, Dâm-Funk, é o convidado especial para o evento. Completam o line up da Passaport Green Sunset o trio Leo Felipe (Pulp), Kahara (Neon) e Chaves (Disc-o-Nexo) – três fortes nomes da cena eletrônica do sul, selecionados pelo trabalho de referência que fazem nas respectivas festas, expoentes no cenário alternativo brasileiro. E, além de muito som, os visitantes poderão conferir intervenções artísticas do coletivo paulista Grite Poesia e projeções de videoarte de Bruno Borne e Ricardo Carioba.

Ricardo Carioba é paulista, vive e trabalha em São Paulo. Desenvolve trabalhos principalmente em meios eletrônicos e digitais. Realizou exposições individuais na Galeria Vermelho, Casa Triângulo, Centro Cultural São Paulo e Paço das Artes, em São Paulo; Oi Futuro, no Rio de Janeiro; e Galery 33, em Londres. Participou de diversas mostras coletivas, como Panorama de Arte Brasileira no MAM-SP, Imagética no Solar do Barão em Curitiba, Salão da Bahia em Salvador, Em Torno de Operações Mentais no Museu de arte de Belém e O Lugar Dissonante em Recife. Seus projetos de música eletrônica foram apresentados em São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Londres e Nova York.

Bruno Borne é arquiteto e artista visual graduado pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Como artista, costuma fazer uso de projeções de animações digitais, relacionando computação gráfica com a arquitetura e as especifidades do local. Em seus trabalhos, Borne procura discutir questões relativas ao espaço e à virtualidade, utilizando recursos como a reflexão e o mise en abyme. Também produz profissionalmente ilustrações e animações para o mercado de arquitetura, tendo atuado em estúdios de destaque no Brasil. Em 2011 recebeu o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas com a mostra Seção invertida, apresentada na Galeria Lunara.

Dâm-Funk, em sua performance em Porto Alegre, apresentará a fusão do produtor com o cantor e DJ - ao mesmo tempo em que toca teclado ele canta e roda seus discos de vinil - reverenciando os antigos performers do Funk setentista.
As parcerias do DJ vão de nomes consagrados do mundo Rap como Madlib, J Rocc, Snoop Dog, até jóias do underground como Animal Collective, Ariel Pink e Nite Jewel. Esses trabalhos refletem na sua música, que resulta em um mix de black com música eletrônica e space cosmic boogie das galáxias.

Passport Green Sunset
Multipalco Theatro São Pedro
Centro – Praça da Matriz
Dia 26/11, das 16h às 22h
Entrada gratuita
O evento encerrará no horário previsto e
acontecerá normalmente, mesmo em caso de chuva.

LINE UP

Dâm-Funk (Stones Throw)
Chaves (Disc-o-Nexo)
Leo Felipe (Pulp)
Kahara (NEON)

INTERVENÇÕES

Grite Poesias

VIDEOARTE

Bruno Borne
Ricardo Carioba


APOIO INSTITUCIONAL

Multipalco Theatro São Pedro
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia / Secretaria Municipal da Cultura

APOIO

Cabaret - Disc-o-Nexo - JZK ProDJ Setups – Mycool – NEON - PEK- Pulp - Revista Void

CURADORIA VIDEOARTE

Bernardo de Souza
PRODUÇÃO E CURADORIA

Gabriel Cevallos (RS) e Marcos Guzman (SP)


Contato para Imprensa
Débora Tessler e Ulisses Carrilho
Débora Tessler Conteúdo & Relacionamento

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Listagem Projetos Habilitados VII Prêmio Santander Cultural/PMPS/APTC

CONCURSO Nº 17/2011

Processo 001.021495.11.4

 
VII Prêmio Santander Cultural / Prefeitura de Porto Alegre / APTC/ABD-RS

A SECRETARIA MUNICIPAL DA CULTURA comunica aos interessados o resultado da reunião de habilitação jurídica do Concurso em epígrafe, conforme segue:

PROJETOS HABILITADOS:

 “Operação Copacabana” (WALPER RUAS PRODUÇÕES LTDA.);

 “Petsburg” (A. R. BOZZETTI - AUDIOVISUAIS ME);

 “La Hermosa” (KARINE MEDEIROS EMERICH);

 “Te darei o céu” e “Olho de Gato” (MODUS VIVENDI PRODUTORA DE ÁUDIO VISUAL LTDA.);

 “Noite Adentro”, “Canções que fiz para você dormir” e “Por Amor” (BESOURO FILMES LTDA.);

 “Mudança” (RAINER CINE LTDA.);

 “Nós, que nos queremos tão pouco” (RS MULTIMEDIA TELEVISÃO E CINEMA LTDA – ME);

 “Centauro” (GOULART MULLER PRODUÇÃO AUDIOVISUAL LTDA.);

 “Os dezesseis do rio” (DE A A Z - PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS LTDA.);

 “Depois da Enchente” (TEMPO SERVIÇOS DE PRODUÇÃO LTDA.);

 “Lembranças de Lugar Nenhum” e “Mar das Árvores” (GUSTAVO SPOLIDORO – ME);

 “Passado molhado de sangue”, “Moloque“ e “Lord Baccarat” (PANDA FILMES LTDA. - EPP);

 “Pegando Onda” (CLIP PRODUTORA DE CINEMA E VÍDEO LTDA.);

 “Mais uma História de Amor” (BRITO, MARTINS E SANTOS PRODUÇÕES LTDA.);

 “Puro Sangue” e “Gurgel, Um Visionário” (MENDINA DE MORAIS SANTOS PRODUÇÕES LTDA.);

 “De Kombi à La Loca” (TURNING POINT PRODUÇÕES LTDA.);

 “Até o Caminho” (TOKYO FILMES LTDA.);

 “Vermelha” (COLATERAL FILMES LTDA.);

 “Time Line” (ACCORDE PRODUÇÃO DE AUDIOVISUAIS LTDA.).

PROJETOS INABILITADOS:


 "Estrada da Solidão" (EMPRESA CINEMATOGRÁFICA PAMPEANA LTDA.) por não atender o disposto no item 6.1, letra "m" do edital;

 "Além Mar", "Meu Insólito Mundo Particular" e "Feliz Fim do Mundo" (ZEPPELIN PRODUÇÕES DE CINEMA E TELEVISÃO LTDA.) por não atenderem o disposto no item 5.1 e no item 6.1, letras "h", "i" e "n" do edital;

 "Memórias em Sal de Prata", "Um Cálice por dia" e "Jardim Cinéreo" (EPIFANIA FILMES PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E PRODUÇÃO AUDIOVISUAL LTDA.) por não atenderem o disposto no item 3.1 do edital;

 "Porto Alegre 2014 - O Ano da Copa" (PATRÍCIA LUCEIRO DE OLIVEIRA – ME) por não atender o disposto no item 3.1 e no item 6.1, letra "l" do edital;

 "Passageiros" (BUREAU DE CINEMA E ARTES VISUAIS LTDA.) por não atender o disposto no subitem 5.1.1 e no item 6.1, letra “k” do edital;

 "Areia nos Dentes" (LOCKHEART FILMES LTDA.) por não atender o disposto no item 5.1 e no item 6.1, letras "e", "f" e “k” do edital;

 "Tempo Comum" (ORGANISMO FILMES LTDA.) por não atender o disposto no item 6.1, letras "e" e "f" do edital;

 "Os Guaxos" e "Cale-se de Anis" (BRITO, MARTINS E SANTOS PRODUÇÕES LTDA.) por não atenderem o disposto no item 5.1 do edital;

 "Rumo a Guizos" (MANGA ROSA FILMES LTDA.) por não atender o disposto no item 5.1 do edital;

 "Albardão" e "Uma porção de dinheiro" (CUBO FILMES PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA – ME) por não atenderem o disposto no item 6.1, letra "c" do edital.



Fica aberto o prazo recursal de cinco (05) dias úteis referente à Fase de Habilitação, a contar do primeiro dia útil após a data de publicação deste aviso.


Porto Alegre, 22 de novembro de 2011.


SERGIUS GONZAGA,

Secretário Municipal da Cultura

_________________
OBS.: O resultado foi publicado no DOPA e Correio do Povo do dia de hoje, 22/11 e os projetos inabilitados tem 5 dias a contar do dia 23 para recorrer da decisão.

Convite Lançamento Democracine


A Prefeitura de Porto Alegre e o Observatório Internacional de Democracia Participativa,
em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
convidam para lançamento da primeira edição do
Democracine - Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre,
que contará com Painel e coquetel.

Dia 23 de novembro de 2011 – às 18h, na Sala P. F. Gastal

O Painel de lançamento do Democracine 2012, Imagem, Democracia e Cidades, contará com Jorge Furtado, Evaldo Mocarzel e Giovanni Allegretti como debatedores.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

KOPECK de Jaime Lerner tem lançamento dia 24

A Manga Rosa Filmes convida para o Lançamento do curta metragem KOPECK de Jaime Lerner

Dia: 24/11
Horário: 19h30min
Onde: PF Gastal- Usina do Gasômetro 3º andar
Ficção: 35mm / /12’40”/ cor/ 2011
Prêmio de Melhor Produção - Mostra Gaúcha no Festival de Gramado -2011

Sinopse: Jarvis, quer escrever um grande romance – almeja se expressar e ser reconhecido pelas grandes histórias que não consegue contar. Um filme que trata de memórias emprestadas, sonhos não realizados, ambições frustradas, luto e no meio de todos estes sentimentos, uma descoberta transformadora.

Dois Clássicos para dialogar com o novo Almodóvar

          A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), aproveitando o lançamento do último filme de Pedro Almodóvar, A Pele que Habito, coloca em cartaz entre os dias 22 e 27 de novembro dois filmes clássicos que serviram de inspiração direta para o diretor espanhol criar a alucinada trama estrelada por Antonio Banderas, A Noiva de Frankenstein, de James Whale, e Os Olhos sem Rosto, de Georges Franju. 

Um dos mais populares filmes de terror de todos os tempos, A Noiva de Frankenstein (1935) é uma bem sucedida continuação do Frankenstein original, realizado em 1931. O lendário Boris Karloff retoma o seu papel como o monstro mais incompreendido do cinema que agora anseia por uma companheira. Colin Clive regressa como o excessivamente ambicioso Dr. Frankenstein, que cria a infortunada noiva do monstro (Elsa Lanchester). Também dirigido por James Whale (foi seu último filme de terror) e com uma assombrosa trilha sonora, A Noiva de Frankenstein destaca-se sobretudo pela impressionante caracterização da atriz Elsa Lanchester.


Clássico do cinema fantástico francês realizado em 1960, Os Olhos sem Rosto narra a história do professor Génessier, um célebre cirurgião conhecido por seus trabalhos sobre heteroplasia, que tem uma filha, Christiane, que foi horrivelmente desfigurada num acidente, ficando somente com os olhos intactos. Para tentar restituir-lhe a beleza de antes, ele e uma enfermeira sequestram e mutilam belas moças para fazer as cirurgias experimentais de enxerto de pele.

A Noiva de Frankenstein (The Bride of Frankenstein). Direção de James Whale. EUA, 1935. Com Boris Karloff, Elsa Lanchester e Colin Clive. Duração: 75 minutos. Preto e branco. Exibição em 16mm.

Os Olhos sem Rosto (Les Yeux sans Visage). Direção de Georges Franju. França, 1960.Com Pierre Brasseur, Alida Valli e Edith Scob. Duração: 87 minutos. Preto e branco. Exibição em DVD.

 GRADE DE HORÁRIOS
Semana de 22 a 27 de novembro de 2011
  
22 de novembro (terça-feira)
15:00 – Salão de Arte Afrobrasileira
17:00 – Os Olhos sem Rosto
19:00 – A Noiva de Frankenstein


23 de novembro (quarta-feira)
15:00 – A Noiva de Frankenstein
18:00 – Lançamento I Democracine – Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre, com debate com os diretores Jorge Furtado e Evaldo Mocarzel e o socióligo italiano Giovanni Allegretti
  
24 de novembro (quinta-feira)
15:00 – Os Olhos sem Rosto
17:00 – A Noiva de Frankenstein
19:00 – Lançamento do curtametragem Kopeck, de Jaime Lerner
  
25 de novembro (sexta-feira)
15:00 – Salão de Arte Afrobrasileira
17:00 – Os Olhos sem Rosto
19:00 – A Noiva de Frankenstein

26 de novembro (sábado)
15:00 – Os Olhos sem Rosto
17:00 – A Noiva de Frankenstein
19:00 – Capoeira em Cartaz
  
27 de novembro (domingo)
15:00 – A Noiva de Frankenstein
17:00 – Os Olhos sem Rosto
19:00 – A Noiva de Frankenstein

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A força autêntica e simples de Um Homem que Grita - por Marcelo Oliveira da Silva

Transcrevemos abaixo artigo que Marcelo Oliveira da Silva escreveu sobre o grande filme O homem que grita, que estreia na P. F. Gastal na próxima semana.
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A força autêntica e simples de Um Homem que Grita

Marcelo Oliveira da Silva



A primeiríssima grande qualidade do filme Um Homem que Grita é romper a virtual invisibilidade da África no cinema. Certo, você talvez pensará, “O que eu aqui em Porto Alegre ganho com isso?” Bem, não se trata apenas de uma chance de vislumbrar a vida como ela é, ou também pode ser, naquele continente pouco visto e menos ainda conhecido, mas sobretudo a de conferir como é possível se contar muito bem uma história com muita simplicidade.

O diretor Mahamat Saleh Haroun nasceu no Chade (onde se passam todos os seus filmes) e estudou cinema e jornalismo na França. Sua temática está centrada nos mais de trinta anos de guerra civil que inviabilizam sempre mais sua terra natal. No caso de Um Homem que Grita, prêmio do júri em Cannes neste ano, sua verve de jornalista dá lugar ao cronista sóbrio, que pinça o drama familiar de um homem comum para evocar a situação de sua nação.

Adam (Youssouf Djaoro) foi campeão nacional de natação na juventude e hoje cuida da piscina de um hotel de luxo. Quando o hotel é privatizado, ele perde a posição para o ajudante, seu filho, sendo colocado na portaria. Ao mesmo tempo, emissários informais do governo lhe pedem dinheiro para combater as tropas rebeldes. Adam afirma não ter dinheiro e de fato se pode compreender que não tivesse poupança. Um segundo aviso de que seu filho seria colocado no posto de capitão podia ter acendido em Adam a necessidade de vender a motocicleta ou o que fosse para evitar o alistamento. Adam não faz isso, talvez por acreditar que como oficial o filho estaria mais seguro, talvez por desejar reaver sua posição de administrador da piscina do clube ao qual dedicou sua existência. O rapaz acaba sendo recrutado à força e Adam terá de conviver com o dilema moral de não ter feito mais para salvar seu menino.

Se o enredo pode ser descrito em pouquíssimas linhas, o mesmo não pode ser dito da narrativa. A câmara e a edição de imagens não estão a serviço da espetacularização estética, mas do contexto. Contudo, não falta à fotografia rigor estético. Somos poupados daquelas imagens demasiado familiares de por-do-sol tropical. E somos não poucas vezes surpreendidos pela beleza de elementos insuspeitos, como por exemplo esteiras penduradas na calha da varanda de Adam, filtrando o sol, mas deixando antever o que se passava ali atrás de uma maneira original e ainda assim em nada estetizada.

Em se tratando do drama de um pai em meio a uma guerra civil, há grande chance de pieguice e paternalismo comprometerem a história. Outro grande acerto no sentido de evitar a estetização e conferir realismo à obra foi a decisão do diretor de empregar apenas atores amadores. A qualidade do resultado é também comprovada pelo merecido prêmio para Youssouf Djaoro no Festival de Chicago.

Outro ponto que confere autenticidade a Um Homem que Grita é a maneira como conflitos e questões de família são resolvidas naquela cultura. Muito ao sabor da restrição implacável que o calor impõe aos movimentos e, por consequência, aos diálogos, muito do que se comunica é apenas sugerido por meio de silêncios, olhares e gestos – ou a ausência deles. O que quer que precise ser extravasado, não encontra sua liberação na verborragia, mas em atitudes concretas. É assim quando Adam ataca o homem que lhe informou a convocação do filho ao vê-lo fugir disfarçado de mulher quando a cidade é evacuada. É assim quando a namorada do rapaz exprime numa cantiga triste – e efetivamente emocionante para o espectador na sala de cinema – a dor da separação.

Um Homem que Grita termina com uma citação que também nos sacode na confortável cadeira de espectadores. O breve texto nos convida a descruzar os braços, “porque um homem que chora não é um espetáculo e seu rosto em lágrimas não é um palco”. É possível que desde Porto Alegre não possamos de fato fazer muita coisa concreta pelo drama no Chade, mas saber de sua existência, falar dele, certamente ajudará a tornar o problema mais visível, aproximando-o ao menos da solidariedade.

Aclamado filme Africano entra em cartaz dia 15

A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) coloca em cartaz a partir de terça-feira, 15 de novembro, o premiado filme africano Um Homem que Grita, exibido com sucesso no Festival de Cannes de 2010. A exibição de Um Homem que Grita na Sala P. F. Gastal é uma parceria com o SESC Porto Alegre, para marcar a passagem da Semana da Consciência Negra. As sessões têm entrada franca

Um Homem que Grita conta a história de Adam, 60 anos, um ex-campeão de natação que trabalha como guardião de uma piscina de um hotel de luxo no Chade, na África. Obrigado a ceder sua vaga para o filho mais jovem, Adam entrará em conflito ao ver-se diante de uma terrível decisão, envolvendo a guerra civil que assola o seu país e o destino do próprio filho.

Primeiro filme a ser rodado no Chade, Um Homem que Grita foi aclamado pela crítica pela perfeita combinação entre drama político e relato intimista, e trouxe notoriedade a seu diretor, Mahamat-Saleh Haroun, que este ano esteve no Brasil como um dos jurados da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma rara oportunidade para os espectadores conhecerem uma cinematografia pouquíssimo divulgada no Brasil.

Um Homem que Grita (Un Homme qui Crie), de Mahamat-Saleh Haroun. Chade/França/Bélgica, 2010. Duração: 92 minutos. Exibição em DVD.

GRADE DE HORÁRIOS
Semana de 15 a 20 de novembro de 2011

15 de novembro (terça-feira)
15:00 – Um Homem que Grita
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Um Homem que Grita
16 de novembro (quarta-feira)
10:00 – Mostra Produção Alunos SMED (sessão fechada)
15:00 – Mostra Produção Alunos SMED (sessão fechada)
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Lançamento documentário Simplesmente

17 de novembro (quinta-feira)
10:00 – Mostra Produção Alunos SMED (sessão fechada)
15:00 – Mostra Produção Alunos SMED (sessão fechada)
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Um Homem que Grita

18 de novembro (sexta-feira)
10:00 – Mostra Produção Alunos SMED (sessão fechada)
15:00 – Salão de Arte Afrobrasileira
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Um Homem que Grita

19 de novembro (sábado)
15:00 – Um Homem que Grita
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Um Homem que Grita

20 de novembro (domingo)
15:00 – Um Homem que Grita
17:00 – Um Homem que Grita
19:00 – Um Homem que Grita

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Sala P. F. Gastal dedica mostra a Ícones do Cinema Paulista

A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) realiza entre os dias 8 e 13 de novembro uma pequena mostra dedicada ao cinema paulista, reunindo três longas e um programa de curtas, a serem exibidos alternadamente em três sessões diárias, 15h, 17h e 19h. A mostra Ícones do Cinema Paulista é realizada com o apoio da Programadora Brasil, programa do Ministério da Cultura dedicado à difusão do cinema brasileiro. Todas as sessões têm entrada franca. No sábado, 12 de novembro, a partir das 17h, o cinema da Usina do Gasômetro recebe ainda a mostra com os resultados da oficinas de vídeo do projeto de Descentralização da Cultura da SMC.

PROGRAMAÇÃO
São Paulo Sociedade Anônima, de Luiz Sérgio Person (Brasil, 1965, 107 minutos)

Grande painel sobre o impacto das transformações sociais e econômicas na cidade de São Paulo provocadas pelo surto da implantação da indústria automobilística no Brasil, sob a ótica de um indivíduo em ascensão. Após casar-se, ter amantes e progredir socialmente, unindo-se a um empresário do setor automobilístico, ele entra em crise e tenta abandonar sua carreira e sua vida conjugal. Um clássico do cinema brasileiro, com grandes atuações de Walmor Chagas e Eva Wilma. Exibição em DVD.

O Corintiano, de Milton Amaral (Brasil, 1966, 98 minutos)

Comédia protagonizada pelo grande ator brasileiro Mazzaropi, o filme narra a paixão do brasileiro pelo futebol e a rivalidade histórica entre Corinthians e Palmeiras. Aqui Mazzaropi é “Seu” Manuel, barbeiro fanático pelo Corinthians, capaz de loucuras: andar com um burro preto-e-branco, bater boca com torcedores de times rivais, fazer promessas malucas, orações, sofrer e xingar na arquibancada. Exibição em DVD.
A Dama do Cine Shanghai, de Guilherme de Almeida Prado (Brasil, 1988, 115 minutos)

Numa noite quente e úmida de verão, Lucas, um corretor de imóveis e ex-boxeador, entra em um cinema no centro de São Paulo para ver um filme policial. Na sala escura conhece Suzana, uma bela e misteriosa mulher, muito parecida com a protagonista do filme. A partir desse encontro, aparentemente fortuito, o vendedor passa a viver uma aventura de suspense e sua paixão o envolve num labirinto de pistas e assassinatos. Releitura do filme noir, com Antônio Fagundes e Maitê Proença à frente do elenco. Prêmio de melhor filme no Festival de Gramado. Exibição em DVD.

Programa Memórias da Boca do Lixo (duração total: 102 minutos)

Candeias: da Boca Pra Fora, de Celso Gonçalves (Brasil, 2002, 17 minutos)

Um retrato original de um dos mestres do Cinema Marginal, Ozualdo Candeias, realizador dos clássicos A Margem e Zezero; genuinamente um cineasta do povo. Divertidos e controversos depoimentos de personalidades do cinema como Zé do Caixão, Carlos Reichenbach, Inácio Araújo e Jairo Ferreira. Exibição em DVD.

Soberano, de Ana Paula Orfandi e Kiko Mollica (Brasil, 2005, 15 minutos)

Reminiscências resgatam a trajetória do bar Soberano, símbolo da intensa e espontânea produção do movimento cinematográfico da Boca do Lixo. Exibição em DVD.

Boca Aberta, de Rubens Xavier (Brasil, 1984, 20 minutos)

Documentário realizado em 1984 sobre alguns dos principais protagonistas da cinematografia ligada à Boca do Lixo, como Odi Fraga, realizador que dirigiu inúmeros longas, muitos deles sobre a temática do sexo explícito, Ozualdo Candeias, com uma filmografia mais autoral, e Toni Vieira, que dirigiu mais de 20 filmes. A rotina de atores e produtores ligados a este pólo de produção de filmes de apelo mais popular e que foram responsáveis pela produção das comédias eróticas das décadas de 60 e 70. Exibição em DVD.

O Galante Rei da Boca, de Alessandro Gamo e Luís Rocha Melo (Brasil, 2003, 50 minutos)

Também chamado de o "Rei da Boca", ou o "Produtor Biônico", A. P. Galante produziu de filmes de cangaço a comédias eróticas, dramas psicológicos e filmes policiais, passando por bang-bangs e filmes de kung-fu, num total de mais de 50 obras. Com depoimentos do prórpio Galante, trechos de seus filmes, imagens de São Paulo e da Boca do Lixo de ontem e de hoje e entrevistas inéditas com nomes como Carlos Reichenbach, Jairo Ferreira, Rogério Sganzerla, Inácio Araújo, Severino Dadá, Miro Reis, Sylvio Renoldi, Pio Zamuner, Antônio Meliande, Cláudio Portioli, Sebastião de Souza e João Silvério Trevisan (técnicos, diretores e críticos que fizeram a história do cinema brasileiro), O Galante Rei da Boca é um documentário que, com humor e a simpatia peculiares de seu personagem central, reflete e informa sobre o fazer cinema no Brasil. Exibição em DVD.

GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 8 a 13 de novembro de 2011

Terça-feira (8 de novembro)
15:00 – O Corintiano
17:00 – Programa de Curtas
19:00 – São Paulo Sociedade Anônima

Quarta-feira (9 de novembro)
15:00 – Programa de Curtas
17:00 – O Corintiano
19:00 – A Dama do Cine Shanghai

Quinta-feira (10 de novembro)
15:00 – São Paulo Sociedade Anônima
17:00 – A Dama do Cine Shanghai
19:00 – O Corintiano

Sexta-feira (11 de novembro)
14:00 – Usina da Educação (sessão fechada para alunos da rede municipal)
17:00 – Programa de Curtas
19:00 – A Dama do Cine Shanghai

Sábado (12 de novembro)
15:00 – O Corintiano
17:00 – Mostra das Oficinas de Vídeo da Descentralização da Cultura (até as 21h)

Domingo (13 de novembro)
15:00 – O Corintiano
17:00 – Programa de Curtas
19:00 – São Paulo Sociedade Anônima

terça-feira, 1 de novembro de 2011

PROJETO RAROS APRESENTA FILME INSPIRADO NA OBRA DE CHARLES BUKOWSKI


 
O projeto Raros da Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro, 3º andar) exibe nesta sexta-feira, 04 de novembro, às 20 horas,  o filme belga Crazy Love, baseado na obra do escritor maldito Charles Bukowski. Realizado em 1987, Crazy Love é o primeiro longa-metragem do diretor belga Dominique Deruddere, mais conhecido do grande público por sua indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2001 por Fama Para Todos. Inspirado em diversos contos de Bukowski, sendo mais evidente a transposição de “A Sereia que Copulava em Veneza, Califórnia”, do livro “Crônica de Um Amor Louco”, a trama acompanha três momentos distintos na vida do trágico e patético personagem Harry Voss, e sua incessante busca por amor e aceitação, passando por sua adolescência conturbada, até focar o retrato cruel de um homem amargo e solitário. Crazy Love é considerada uma das mais fiéis adaptações do universo de desesperança e degradação concebido por Bukowski.
 ENTRADA FRANCA

Crazy Love, de Dominique Deruddere (Bélgica, 1987). Duração: 90 minutos.