quinta-feira, 28 de julho de 2011

Censura e Cinema na Sala P.F. Gastal

 A fim de estimular o debate e marcar posição contra o recente e absurdo episódio envolvendo a proibição do filme A Serbian Film no Rio de Janeiro, a Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro – 3º andar) realiza uma pequena mostra reunindo seis célebres títulos que enfrentaram problemas com a censura e tiveram dificuldades de chegar ao público. Entre as atrações programadas, clássicos como Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, Glória Feita de Sangue, de Stanley Kubrick, e Terra em Transe, de Glauber Rocha. A programação tem o apoio da MPLC Distribuidora e da Programadora Brasil.

         Na sessão das 17h, a Sala P. F. Gastal segue apresentando a produção uruguaia La Matinée, de Sebastián Bednarik, dentro do projeto Mirada Latina, destinado a exibir produções independentes do cinema latino-americano.


PROGRAMAÇÃO



Último Tango em Paris (Last Tango in Paris), de Bernardo Bertolucci. França/Itália, 1972, 129 minutos.

Ele (Marlon Brando) é um americano de 45 anos morando em Paris, atormentado pelo suicídio de sua esposa. Ela (Maria Schneider) é uma beldade parisiense de 20 anos, noiva de um jovem cineasta. Sem sequer saber os nomes um do outro, estas duas almas torturadas se unem para satisfazer seus desejos sexuais em um apartamento vazio. Cercado de uma aura de escândalo à época de seu lançamento, Último Tango em Paris foi proibido pela moralista censura do governo militar. Revisto hoje, suas sequências de sexo (que motivaram a sua proibição na época) chegam a ser pudicas. Exibição em DVD.



Terra em Transe, de Glauber Rocha. Brasil, 1964.

Uma poética e libertária visão sobre o transe político pelo qual passavam os países da América Latina na década de 1960. Considerado o mais importante e polêmico filme de Glauber Rocha e um dos precursores do Cinema Novo e do movimento tropicalista, Terra em Transe tornou-se um clássico do cinema moderno, tendo conquistado, entre outros, o Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes de 1967. Lançado no ano do golpe militar no Brasil, o filme enfrentou inúmeros problemas com a censura e levou seu diretor ao exílio. Exibição em DVD.



Glória Feita de Sangue (Paths of Glory). EUA, 1957, 88 minutos.

Primeira Guerra Mundial. Da segurança de um castelo atrás das linhas de combate, o Quartel General francês passa uma ordem direta para o Coronel Dax (Kirk Douglas): tomar uma posição inimiga a qualquer custo. Uma missão totalmente suicida, e um ataque destinado ao fracasso. Para dar cobertura a seu erro fatal, os generais ordenam a prisão de três soldados inocentes, acusando-os de covardia e motim. Inspirado em fatos reais, este clássico do cinema anti-militarista provocou a ira do governo francês, que proibiu sua difusão na França durante vários anos. Exibição em DVD.


Iracema, uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna (Brasil, 1975, 90 minutos)

Misto de documentário e ficção sobre uma jovem índia (Edna de Cássia) que cruza a Amazônia na companhia de um motorista de caminhão (Paulo César Pereio). Em contraste com a propaganda oficial da ditadura e o ufanismo nacionalista da época, o filme de Jorge Bondazky e Orlando Senna usa o cinema para denunciar o desmatamento, as queimadas, o trabalho escravo, a prostituição infantil e outras mazelas do Brasil que as autoridades preferiam encobrir. Proibido durante seis anos no país, o filme só começou a circular em 1981, quando foi o grande vencedor do Festival de Brasília. Exibição em DVD.



Queimada! (Burn!), de Gillo Pontecorvo (Itália/França, 1969, 112 minutos)

Uma ilha do Caribe na metade do século XIX. Escravos de vastas plantações de açúcar dos portugueses estão prontos para transformar sua miséria em revolta. Para reverter a situação a seu favor, o governo britânico envia para a ilha o agente William Walker em uma missão tripla e desonesta: convencer os escravos a se rebelarem, tomar o comércio de açúcar para a Inglaterra e restabelecer o regime de escravidão. Marlon Brando estrela esta obra-prima do cinema político, que foi proibida pelo governo militar brasileiro. Exibição em DVD.



Emmanuelle, de Just Jaeckin  (França, 1974, 90 minutos)

Na exótica Tailândia, Emmanuelle (Sylvia Kristel), uma linda e sensual modelo, viaja para encontrar o seu marido diplomata, Jean (Daniel Sarky), bem mais velho que ela. Ambos são tolerantes com os casos extraconjugais do outro e embora Emmanuelle tenha aprendido muitas coisas sobre o amor com o marido, Jean acredita que ela deva se aventurar em novas experiências sexuais. Um clássico do cinema erótico, Emmanuelle transformou Sylvia Kristel numa estrela e enfrentou problemas com a censura em diversos países. Vistas hoje, suas seqüências de sexo, a exemplo do que aconteceu com Último Tango em Paris, são quase pueris. Exibição em DVD.





GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 2 a 7 de agosto de 2011


Terça-feira (2 de agosto)

15:00 – Glória Feita de Sangue
17:00 – La Matinée
19:00 – Último Tango em Paris

Quarta-feira (3 de agosto)

15:00 – Queimada!
17:00 – La Matinée
19:00 – Iracema, uma Transa Amazônica

Quinta-feira (4 de agosto)

15:00 – Terra em Transe
17:00 – La Matinée
19:00 – Emmanuelle

Sexta-feira (5 de agosto)

15:00 – Iracema, uma Transa Amazônica
17:00 – La Matinée
19:00 – Queimada!

Sábado (6 de agosto)

15:00 – Glória Feita de Sangue
17:00 – La Matinée
19:00 – Último Tango em Paris

Domingo (7 de agosto)

15:00 – Queimada!
17:00 – La Matinée
18:30 – Manhã Cinzenta, de Olney São Paulo (aguarde divulgação) – Dia do Documentário
19:00 – Emmanuelle

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Anri Sala na Galeria Iberê Camargo da Usina do Gasômetro


A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Porto Alegre, com o apoio do Instituto Inhotim, apresenta a obra Air-Cushioned Ride, do artista albanês Anri Sala.

Nascido em Tirana, em 1974, ele vive entre Paris e Berlim, e desde 1998 vem exibindo sua obra em importantes instituições do mundo todo como, como a Tate e a Serpentine Gallery, com passagens de grande sucesso pelas bienais de Veneza (1998 e 2003) e de São Paulo (2002 e 2010), entre outras. Formado na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs, em Paris, e em Le Fresnoy, Studio National des Arts Contemporains, em Tourcoing, na França, é considerado um dos artistas mais importantes de sua geração.

Inicialmente interessado nas questões políticas inerentes às conturbadas transformações pelas quais passava seu País, hoje Sala faz uso de filme e vídeo para a construção de narrativas mínimas, onde a relação com a paisagem, o tempo e a memória servem como ponto de partida para a discussão da própria linguagem audiovisual e da maneira como esta se relaciona com o som, a luz e a arquitetura.

"Alguns lugares não guardam edifícios ou datas a serem lembrados, mas produzem sua própria trilha sonora". Com essas palavras, retiradas de suas anotações, Anri Sala descreve a ambientação de Air-Cushioned Ride (2006). O vídeo documenta uma descoberta de Sala enquanto atravessava o estado do Arizona, nos Estados Unidos, ouvindo música barroca no rádio de seu carro. Assim que o artista entrou numa área de descanso para motoristas à margem da estrada, o sinal de rádio sofreu interferência de vários caminhões estacionados. Ao circular continuamente o agrupamento de caminhões, Sala ouvia a música country transmitida por uma segunda estação de rádio que interrompia, de modo intermitente, a música barroca. Ao som dessa trilha, o vídeo de Anri Sala mostra caminhões chegando e partindo do estacionamento e uma linha de horizonte sem fim. Numa clara referência ao gênero road movie, Sala investiga a idéia de um lugar intermediário, que nunca é o ponto de partida ou de chegada, mas que desenvolve suas potenciais qualidades a partir do tempo.

Air-Cushioned Ride, 2006 - Vídeo, 6'4"
(Coleção Inhotim, Minas Gerais, Brasil)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Filmes Latinos na Sala P.F. Gastal


A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) inaugura na próxima terça-feira, dia 26 de julho, um projeto de exibição de filmes latino-americanos, idealizado pela distribuidora Zapata Filmes, do cineasta colombiano – radicado em Porto Alegre – Juan Zapata. Intitulado Mirada Latina, o projeto estreia em Porto Alegre com a produção uruguaia La Matinée, de Sebastián Bednarik. Segundo Juan Zapata, “este projeto de distribuição, que acontece simultaneamente em diversos países, tem a intenção de programar obras do cinema latino-americano independente, abrindo uma janela para que o continente possa ver suas próprias histórias”.

Realizado em 2007, La Matinée faz um retrato do Carnaval de Montevidéu, através do olhar de um grupo de participantes veteranos da festa, a mais tradicional das comemorações populares no Uruguai. O filme de Sebastián Bednarik é uma amostra do atual bom momento vivido pelo cinema uruguaio, que tem ganhado destaque internacional com a premiação de filmes como Whisky, O Banheiro do Papa e Gigante em importantes festivais mundo afora.


La Matinée pode ser conferido na Sala P. F. Gastal em três sessões diárias, às 15:00, 17:00 e 19:00. Ingressos a R$ 3,00 e R$ 6,00.



La Matinée. Direção de Sebastián Bednarik. Uruguai, 2007. Documentário. Duração: 78 minutos.



GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 26 a 31 de julho de 2011


Terça-feira (26 de julho)

15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

Quarta-feira (27 de julho)

15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

Quinta-feira (28 de julho)

15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

Sexta-feira (29 de julho)


15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

Sábado (30 de julho)

15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

Domingo (31 de julho)

15:00 – La Matinée
17:00 – La Matinée
19:00 – La Matinée

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Oportunidade dupla de ver Kenneth Anger

Até 24 de julho a  Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro exibe uma programação especial paralela à exposição Kenneth Anger, que tem visitação até 31/07 no 2º andar da Usina do Gasômetro.

 Além de mostrar alguns dos filmes de Anger na tela grande, também fazem parte da mostra diversos títulos que dialogam com sua obra, como Veludo Azul, de David Lynch, e Uma Canção de Amor, de Jean Genet.

Frequente colaborador da banda Rolling Stones (sendo o inspirador do hit Sympathy for the Devil), Kenneth Anger é o mais cultuado dos cineastas norte-americanos de vanguarda. Famoso pelas delirantes imagens de seus clássicos filmes experimentais (Scorpio Rising, Fireworks, Lucifer Rising), Anger influenciou diretores como Gus Van Sant, David Lynch e Rainer Werner Fassbinder e, segundo Martin Scorsese, este “artista de extraordinária imaginação” é um dos nomes “mais assombrosos e secretos do cinema americano”.

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA

Fireworks, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1947, 20 minutos)

Fantasia onírica sobre o desejo masculino, inspirada nos conflitos entre marinheiros e mexicanos ocorridos em Los Angeles, em 1944. Anger tinha apenas 20 anos quando dirigiu o filme, inteiramente rodado na casa dos pais, com uma câmera 16mm, e é também seu ator principal. Fireworks ganhou a admiração de Tennessee Williams e de Jean Cocteau, que o selecionou para o Festival do Filme Maldito, em 1949, onde foi premiado. Exibição em DVD.

Uma Canção de Amor (Um Chant d’amour), de Jean Genet. França, 1950,

Numa prisão, o amor entre dois homens dá origem a um poema erótico dirigido por Jean Genet, neste filme-irmão de Fireworks, a obra de estreia de Anger. Exibição em DVD.



Scorpio Rising, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1963, 29 minutos)

Depois de voltar da França, Anger começou a documentar a vida da comunidade masculina dos motociclistas do Hell’s Angels da área de Brooklyn. Uma reflexão sobre velocidade, morte, masculinidade, fascismo, religião, revelando as sombrias correntes presentes na cultura popular americana do pós-guerra. Exibição em DVD.

O Selvagem, de Laszlo Benedek (The Wild One). EUA, 1953, 79 minutos.

O ator Marlon Brando interpreta Johnny, o líder de uma gangue de motociclistas que invade uma pequena e tranquila cidade da Califórnia, neste filme que remete ao clássico Scorpio Rising, de Anger, com seus motoqueiros de jaquetas de couro. Exibição em DVD.




Lucifer Rising, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1970-1980, 29 minutos)

Uma das mais elaboradas produções de Anger começou a ser rodada por volta de 1966 e foi abandonada em 1967, com a denúncia de que as latas teriam sido furtadas pelo jovem Bobby Beausoleil, contratado para atuar e compor a trilha musical. Anos mais tarde, as filmagens foram retomadas com a cantora inglesa Marianne Faithfull e o diretor escocês Donald Cammel no elenco. Participação especial do guitarrista Jimmy Page, do Led Zeppelin, numa cena em que ele admira um retrato do ocultista Aleister Crowley. Filmado em grande parte no Egito, o filme ficou pronto em 1972, mas só conseguiu distribuição em 1980. Exibição em DVD.


Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard), de Billy Wilder. EUA, 1950, 110 minutos.

Um roteirista ambicioso e desconhecido (William Holden) envolve-se com a decadente estrela do cinema mudo Norma Desmond (Gloria Swanson), nesta obra-prima que dialoga com o célebre Hollywood Babylon, livro de Anger com relatos de escândalos envolvendo celebridades da meca do cinema. Exibição em DVD.

Ruby, a Amante Diabólica (Ruby), de Curtis Harrington (EUA, 1977, 85 minutos)

Parceiro de Anger, o diretor Curtis Harrington dirigiu este cultuado filme de terror sobre satanismo, um dos temas preferidos de ambos os diretores. Exibição em DVD.

Veludo Azul (Blue Velvet), de David Lynch. EUA, 1986, 121 minutos.

Numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, rapaz descobre o lado obscuro da existência, numa das obras-primas de Lynch, diretor claramente influenciado pela obra de Anger. Exibição em DVD.

Coração Selvagem (Wild at Heart), de David Lynch. EUA, 1990, 128 minutos.

A louca paixão de Sailor (Nicolas Cage) por Lula (Laura Dern), no filme que deu a David Lynch a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Exibição em DVD.

One Plus One, de Jean-Luc Godard. Inglaterra, 1968, 100 minutos.

Godard filma os Rolling Stones, parceiros de Anger, inspirador da música Sympathy for the Devil. Exibição em DVD.


GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 19 a 24 de julho de 2011


Terça-feira (19 de julho)
15:00 – O Selvagem / 79 min.
17:00 – Fireworks (20 min) + Uma Canção de Amor (26 min) / Total: 46 min.
19:00 – Ruby, a Amante Diabólica / 85 min.

Quarta-feira (20 de julho)
15:00 – Crepúsculo dos Deuses / 110 min.
17:00 – Ruby, a Amante Diabólica / 85 min.
19:00 – One Plus One / 100 min.

Quinta-feira (21 de julho)
15:00 – One Plus One / 100 min.
17:00 – Fireworks (20 min) + Uma Canção de Amor (26 min) / Total: 46 min.
19:00 – Coração Selvagem (128 min)

Sexta-feira (22 de julho)
15:00 – Crepúsculo dos Deuses / 110 min.
17:00 – Ruby, a Amante Diabólica / 85 min.
19:00 – Scorpio Rising (29 min) + Lucifer Rising (29 min) / Total: 58 min.

Sábado (23 de julho)
15:00 – Fireworks (20min) + Uma Canção de Amor (26 min) / Total: 46 min.
17:00 – O Selvagem / 79 min.
19:00 – One Plus One / 100 min.

Domingo (24 de julho)
15:00 – O Selvagem / 79 min.
17:00 – Scorpio Rising (29 min) + Lucifer Rising (29 min) / Total: 58 min.
19:00 – Veludo Azul / 121 min.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SALA P. F. GASTAL EXIBE FILMES QUE DIALOGAM COM A OBRA DE KENNETH ANGER

O Selvagem (The Wild One)
Um ícone do cinema do século XX, o norte-americano Kenneth Anger veio a Porto Alegre especialmente para a abertura de uma exposição sobre sua obra, inaugurada no dia 1º de julho último, no mezanino da Usina do Gasômetro. Uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura, com o apoio cultural do Hotel Embaixador, a exposição Kenneth Anger tem curadoria da alemã Susanne Pfeffer, do KW Instituto de Arte Contemporânea de Berlim e do MoMA PS1 NY, e chega à capital gaúcha depois de passar por Nova York, em 2009, onde obteve grande sucesso de crítica e público. Trata-se de uma instalação, realizada a partir dos principais filmes de Anger, que são projetados simultaneamente em diversas telas distribuídas em duas salas revestidas de vinil vermelho e prata, respectivamente. A exposição estende-se até o dia 31 de julho e pode ser visitada entre 9h e 21h.
No período de 12 a 24 de julho, ainda, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro exibe uma programação especial paralela à exposição. Além de mostrar alguns dos filmes de Anger na tela grande, também serão programados diversos títulos que dialogam com sua obra, como Veludo Azul, de David Lynch, e Uma Canção de Amor, de Jean Genet.
Frequente colaborador da banda Rolling Stones (sendo o inspirador do hit Sympathy for the Devil), Kenneth Anger é o mais cultuado dos cineastas norte-americanos de vanguarda. Famoso pelas delirantes imagens de seus clássicos filmes experimentais (Scorpio Rising, Fireworks, Lucifer Rising), Anger influenciou diretores como Gus Van Sant, David Lynch e Rainer Werner Fassbinder e, segundo Martin Scorsese, este “artista de extraordinária imaginação” é um dos nomes “mais assombrosos e secretos do cinema americano”.

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA

Fireworks, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1947, 20 minutos)

Fantasia onírica sobre o desejo masculino, inspirada nos conflitos entre marinheiros e mexicanos ocorridos em Los Angeles, em 1944. Anger tinha apenas 20 anos quando dirigiu o filme, inteiramente rodado na casa dos pais, com uma câmera 16mm, e é também seu ator principal. Fireworks ganhou a admiração de Tennessee Williams e de Jean Cocteau, que o selecionou para o Festival do Filme Maldito, em 1949, onde foi premiado. Exibição em DVD.

Scorpio Rising, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1963, 29 minutos)

Depois de voltar da França, Anger começou a documentar a vida da comunidade masculina dos motociclistas  do Hell’s Angels da área de Brooklyn. Uma reflexão sobre velocidade, morte, masculinidade, fascismo, religião, revelando as sombrias correntes presentes na cultura popular americana do pós-guerra. Exibição em DVD.

Lucifer Rising, de Kenneth Anger (Estados Unidos, 1970-1980, 29 minutos)

Uma das mais elaboradas produções de Anger começou a ser rodada por volta de 1966 e foi abandonada em 1967, com a denúncia de que as latas teriam sido furtadas pelo jovem Bobby Beausoleil, contratado para atuar e compor a trilha musical. Anos mais tarde, as filmagens foram retomadas com a cantora inglesa Marianne Faithfull e o diretor escocês Donald Cammel no elenco. Participação especial do guitarrista Jimmy Page, do Led Zeppelin, numa cena em que ele admira um retrato do ocultista Aleister Crowley. Filmado em grande parte no Egito, o filme ficou pronto em 1972, mas só conseguiu distribuição em 1980. Exibição em DVD.

Uma Canção de Amor (Um Chant d’amour), de Jean Genet. França, 1950,

Numa prisão, o amor entre dois homens dá origem a um poema erótico dirigido por Jean Genet, neste filme-irmão de Fireworks, a obra de estreia de Anger. Exibição em DVD.

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard), de Billy Wilder. EUA, 1950, 110 minutos.

Um roteirista ambicioso e desconhecido (William Holden) envolve-se com a decadente estrela do cinema mudo Norma Desmond (Gloria Swanson), nesta obra-prima que dialoga com o célebre Hollywood Babylon, livro de Anger com relatos de escândalos envolvendo celebridades da meca do cinema. Exibição em DVD.

Ruby, a Amante Diabólica (Ruby), de Curtis Harrington (EUA, 1977, 85 minutos)

Parceiro de Anger, o diretor Curtis Harrington dirigiu este cultuado filme de terror sobre satanismo, um dos temas preferidos de ambos os diretores. Exibição em DVD.

Veludo Azul (Blue Velvet), de David Lynch. EUA, 1986, 121 minutos.

Numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, rapaz descobre o lado obscuro da existência, numa das obras-primas de Lynch, diretor claramente influenciado pela obra de Anger. Exibição em DVD.

Coração Selvagem (Wild at Heart), de David Lynch. EUA, 1990, 128 minutos.

A louca paixão de Sailor (Nicolas Cage) por Lula (Laura Dern), no filme que deu a David Lynch a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Exibição em DVD.

One Plus One, de Jean-Luc Godard. Inglaterra, 1968, 100 minutos.

Godard filma os Rolling Stones, parceiros de Anger, inspirador da música Sympathy for the Devil. Exibição em DVD.

O Selvagem, de Laszlo Benedek (The Wild One). EUA, 1953, 79 minutos.

O ator Marlon Brando interpreta Johnny, o líder de uma gangue de motociclistas que invade uma pequena e tranquila cidade da Califórnia, neste filme que remete ao clássico Scorpio Rising, de Anger, com seus motoqueiros de jaquetas de couro. Exibição em DVD.



GRADE DE HORÁRIOS

Semana de 12 a 17 de julho de 2011

Terça-feira (12 de julho)
15:00 – O Selvagem
17:00 – Scorpio Rising + Lucifer Rising
19:00 – Veludo Azul

Quarta-feira (13 de julho)
15:00 – One Plus One
17:00 – Fireworks + Uma Canção de Amor
19:00 – Coração Selvagem

 Quinta-feira (14 de julho)
15:00 – Crepúsculo dos Deuses
17:00 – Ruby, a Amante Diabólica
19:00 – One Plus One

Sexta-feira (15 de julho)
15:00 – Fireworks + Uma Canção de Amor
17:00 – O Selvagem
19:00 – One Plus One

Sábado (16 de julho)

15:00 – Crepúsculo dos Deuses
17:00 – Ruby, a Amante Diabólica
19:00 – Scorpio Rising + Lucifer Rising

Domingo (17 de julho)
15:00 – O Selvagem
17:00 – Fireworks + Uma Canção de Amor
19:00 – Ruby, a Amante Diabólica

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Claire Denis ontem na P.F. Gastal

Claire Denis foi recebida por uma Sala P. F. Gastal lotada na noite de 5 de julho, quando acompanhou a sessão comentada do longa Bom Trabalho.
O público, super atento, enfrentou o frio e não teve motivos de arrependimento, pois foi brindado com a oportunidade de conversar com uma cineasta, que além de brilhante, mostrou-se muito simpática. 





segunda-feira, 4 de julho de 2011

CINEASTA FRANCESA CLAIRE DENIS GANHA RETROSPECTIVA NA SALA P. F. GASTAL

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, em parceria com a produtora carioca Electra, e com o apoio da Embaixada da França, realiza entre os dias 5 e 10 de julho a mostra Claire Denis – Um Olhar em Deslocamento, retrospectiva dedicada a esta que é uma das mais talentosas autoras do cinema contemporâneo.

Ao longo de uma semana, o público local poderá conferir na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), os 11 longas-metragens de ficção realizados por Denis, de Chocolate (1998) ao recente Minha Terra, África (2008), todos projetados em cópias em 35mm, com legendas eletrônicas em português. Tendo em vista que apenas três filmes da diretora tiveram lançamento comercial no Brasil – Noites sem Dormir (1994), Desejo e Obsessão (2001) e Minha Terra, África (2008) – a presente retrospectiva impõe-se desde logo como um dos mais importantes acontecimentos do calendário cinematográfico local em 2011, especialmente pelo fato de que a abertura da mostra, no dia 5 de julho, será acompanhada pela própria Denis.

Na ocasião, a cineasta participa de uma sessão comentada com o público após a exibição de Bom Trabalho (Beau Travail), às 19h.

Claire Denis nasceu em 1948 e foi criada na África. Começou sua carreira no cinema como assistente de direção de Wim Wenders e Jim Jarmusch, e em 1988 lançou seu primeiro longa-metragem, Chocolate. A trama do filme, claramente autobiográfico, acompanha o retorno de uma mulher (não por acaso chamada França) para a África, país onde passou sua infância. Em flashback, acompanhamos através dos olhos dessa menina o relacionamento entre sua mãe, seu pai e um empregado negro, revelando os traumas da herança colonialista francesa, tema que será constante ao longo de toda a filmografia da diretora.

Segundo Bernardo José de Souza, titular da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da SMC, os filmes de Denis são “painéis multiculturais de extrema potência, que tratam de investigar as relações humanas ao mesmo tempo em que contextualizam personagens expatriados em espaços geográficos que, por si só, exercem o protagonismo nos dramas individuais e coletivos apresentados em sua obra”.

A mostra Claire Denis – Um Olhar em Deslocamento conta ainda com o apoio cultural do Hotel Embaixador e dos restaurantes Pâtissier, Chez Phillipe, Lorita, Le Bistrot, Tartoni, Faro, Du Attos, Aquavit, Moeda, Santo Antônio e Fazenda Barba Negra.

Programação

Chocolate (Chocolat). França/Alemanha/República de Camarões, 1988, 105 minutos.

Uma jovem francesa retorna para Camarões, África, onde viveu com sua família, para contemplar e relembrar a infância. A memória mais forte é a do empregado Protée, um homem bonito, forte e inteligente, submetido às barreiras raciais existentes na África Colonial.


Dane-se a Morte (Se’en Fout la Mort). França/Alemanha, 1990, 90 minutos.

A vida de dois irmãos imigrantes do oeste da África no subúrbio de Paris. Confinados, eles preparam os animais para a briga de galo no subsolo do restaurante onde trabalham. A briga de galo serve como símbolo da vida sórdida e violenta destes dois irmãos.

USA Go Home (US Go Home). França, 1993, 58 minutos.

A história de duas adolescentes, uma festa e as tensões sociais e sexuais que envolvem o evento. Um dos capítulos de uma série para a televisão francesa, Tous les Garçons et les Filles de leur Âge, que envolveu nove diretores, incluindo Denis, Olivier Assayas e André Téchine. A adolescência e a música marcante da época, em um filme quase autobiográfico, que remete ao choque cultural vivido pela diretora quando ela voltou da África e passou a viver em Paris.

 Noites Sem Dormir (J’ai Pas Sommeil). França/Alemanha/Suíça, 1994, 110 minutos.

Uma jovem imigrante da Lituânia chega a Paris. Théo, um músico de jazz que ganha seu dinheiro através de trabalho ilícito, perdeu toda a esperança e espera voltar para a Martinica com seu filho. Seu irmão homossexual, Camile, canta em bares à noite, trabalha como michê, trafica drogas e juntamente com seu amigo mata senhoras velhas. Denis não está interessada em criar tensão em volta dos assassinatos, mas na cidade grande como grande mosaico sem descanso, ao mesmo tempo anônima e íntima.

Nénette e Boni (Nénette et Boni). França, 1996, 103 minutos.

Nénnette e Boni foram criados separados porque seus pais eram divorciados. Boni trabalha em uma pizzaria para um casal intrigante, quando sua irmã foge da escola e de repente reaparece. Os dois agora terão que se redescobrir.


Bom Trabalho (Beau Travail). França, 1999, 92 minutos.

O filme é um passeio coreográfico pelo campo de treinamento da Legião Francesa, no nordeste da costa africana. As imagens mostram o universo repressor e os conflituosos sentimentos do sargento Gualp. Livremente baseado na novela Billy Budd, de Herman Melville.


Desejo e Obsessão (Trouble Every Day). França/Alemanha/Japão, 2001, 101 minutos.

Shane e June são um perfeito casal americano em lua de mel em Paris na tentativa de reconstruir uma vida nova. Secretamente, Shane começa a frequentar uma clínica médica que trata da libido humana e se deixa levar por perigosos impulsos sexuais.


Sexta-feira à Noite (Vendredi Soir). França, 2002, 90 minutos.

Laure está em mudança para morar com seu namorado. Ela entra no carro e fica presa no trânsito por horas. Sem pressa, ela observa o caos da cidade de Paris e oferece carona para um estranho, Jean, com quem vai passar uma noite.


O Intruso (L’intrus). França, 2004, 130 minutos

Louis Trebor, um homem de 70 anos, mora sozinho com seus cachorros em uma floresta entre a França e a Suíça. Ele precisa de um transplante de coração e vai até o Taiti procurar o filho que abandonou há muitos anos.

35 Doses de Rum (35 Rhums). França/Alemanha, 2008, 100 minutos.

O filme mostra o relacionamento entre um pai viúvo e sua jovem filha no subúrbio de Paris, habitado principalmente por negros e descendentes árabes. Uma homenagem ao cinema de Yasujiro Ozu, na qual Denis faz uma releitura do clássico Pai e Filha, uma das obras-primas do diretor japonês.

Minha Terra, África (White Material). França/República de Camarões, 2009, 106 minutos.

Em um país africano não definido e ameaçado constantemente por rebeliões, vive Maria, mulher branca que se nega a abandonar o local e deixar para trás sua plantação de café. André, ex-marido e pai de seu filho, teme pela vida de Maria e passa a arquitetar um plano de fuga para a França, sem desconfiar que não seria tão simples quanto pensava.

GRADE DE HORÁRIOS

5 a 10 de julho de 2011

5 de julho (terça-feira)
15:00 – Noites Sem Dormir (J’ai Pas Sommeil)
17:00 – Chocolate (Chocolat)
19:00 – Bom Trabalho (Beau Travail), seguido de conversa com a diretora Claire Denis (entrada franca)

6 de julho (quarta-feira)
15:00 – O Intruso (L’intrus)
17:30 – Nénette e Boni (Nénette et Boni)
19:30 – 35 Doses de Rum (35 Rhums)

7 de julho (quinta-feira)
15:00 – Sexta-feira à Noite (Vendredi Soir)
17:00 – Desejo e Obsessão (Trouble Every Day)
19:00 – Minha Terra, África (White Material)

8 de julho (sexta-feira)
15:00 – Minha Terra, África (White Material)
17:00 – Dane-se a Morte (Se’en Fout la Mort)
19:00 – O Intruso (L’intrus)

9 de julho (sábado)
15:00 – USA Go Home (US Go Home)
17:00 – Chocolate (Chocolat)
19:00 – Bom Trabalho (Beau Travail)

10 de julho (domingo)
15:00 – 35 Doses de Rum (35 Rhums)
17:00 – Noites Sem Dormir (J’ai Pas Sommeil)
19:00 – Nénette e Boni (Nénette et Boni)