sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PLATAFORMA # 03 – ESPECIAL NICOLAS PROVOST

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com as produtoras Tokyo Filmes e Livre Associação, apresenta dia 15 de outubro, às 20h45, na Sala P. F Gastal da Usina do Gasômetro, o Especial Nicolas Provost, dentro do projeto Sessão Plataforma, com reprise no sábado, 19 de outubro, às 19h.

A programação especial apresenta dois títulos. No primeiro deles, The Invader, seu primeiro longa-metragem, Provost levanta um tema tão desgastadamente europeu: o estrangeiro, o outro. Aqui os contrastes óbvios do tema já esfolados pelo tempo se transformam em um estranho flerte. Cruamente, Provost nos joga em uma Bruxelas labiríntica e neon, onde a vingança irremediável do invasor e a culpa européia se misturam com uma identificação entre a distância e a diferença. Como a sequência de abertura já anuncia, um filme sobre aproximação hipnótica, paradoxal e amarga entre corpos de dois mundos tão distantes. Um filme sobre a ruína da culpa e do fetiche europeu. Sobre a atração trágica do africano por um mundo de exploração e revanchismo. Dois mundos fadados ao mesmo fracasso.



Antecedendo o longa-metragem, será exibido Moving Stories, décimo quarto curta-metragem de Provost, que maximiza a sensação cinematográfica do espectador ao acompanhar uma simples jornada de um casal rumo ao desconhecido a 30.000 pés de altura.

THE INVADER
Direção: Nicolas Provost, 95min, BEL, 2011
- Horizons – 68th Venice Film Festival
- Bright Future - 41th Rotterdam Film Festival
- Discovery – 36th Toronto International Film Festival
- 59th San Sebastian International Film Festival
Exibição em bluray com legendas em português.
MOVING STORIES
Direção: Nicolas Provost, 7min, BEL, 2011
- 68th Venice Film Festival
- 41th Rotterdam Film Festival
- 34th Clermont Ferrand International Shortfilm Festival
- Sundance International Film Festival 2012
Exibição em bluray com legendas em português.


MAIS SOBRE NICOLAS PROVOST

O trabalho de Nicolas Provost reflete sobre a gramática cinematográfica, a condição humana inserida em nossa memória fílmica coletiva e na relação entre artes visuais e experência cinematográfica. Seus filmes provocam tanto reconhecimento quanto alienação e pescam nossas expectativas em um jogo de mistério e abstração. A partir de manipulações do tempo, códigos e formas, linguagens cinematográficas e narrativas são esculpidas em novas histórias.
Em 2003, Nicolas Provost retornou à Bélgica, sua terra natal, depois de 10 anos morando na Noruega. Atualmente, Provost vive e trabalha em Nova Iorque. Suas exibições solo passaram por museus como The Seattle Art Museum, Musée d’art moderne et contemporain Strasbourg, France, Muziekgebouw Amsterdam, Tim Van Laere Gallery, Antwerp and Haunch of Venison London e Berlin. Seu trabalho já foi adquirido por grandes museus como Birmingham Museum, SMAK Gent e Royal Museum of Fine Arst Belgium. Seu trabalho também carrega uma longa lista de prêmios e exibições nos mais prestigiosos festivais entre eles Sundance Film Festival, Venice Film Festival, Berlinale, San Sebastian Film Festival e Locarno Film Festival. The Invader, primeiro longa-metragem e aclamado pela crítica, teve sua première mundial na competitiva do 68º Festival de Veneza em 2011.


MAIS SOBRE A SESSÃO PLATAFORMA

Realizada mensalmente na Sala P. F. Gastal a Sessão Plataforma exibe filmes de produção recente, de diferentes nacionalidades, com caráter predominantemente independente e sem distribuição comercial garantida no Brasil.

Com curadoria de Davi Pretto e Giovani Borba, e produção de Paola Wink, a Sessão Plataforma já exibiu Room 237, de Rodney Ascher e Bestiaire, de Denis Cote e tem confirmada, para os próximos meses, a exibição de outros importantes filmes que circularam nos principais festivais do mundo todo e que, no Brasil, passaram apenas pela Mostra de Cinema de São Paulo ou pelo Festival do Rio. O próximo filme será Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel. A cada sessão, a Plataforma vai anunciar o filme seguinte da programação, em um trabalho que procura difundir um novo cinema e uma busca de realizadores com outros olhares, aproximando Porto Alegre do circuito de exibição do centro do país, do qual atualmente a capital gaúcha se vê ainda muito distante. A Sessão vai produzir conteúdo sobre os filmes e os realizadores, partilhando nas redes e no seu site, entre eles, vídeos com os realizadores, artigos e entrevistas.


SESSÃO PLATAFORMA # 03
ESPECIAL NICOLAS PROVOST
Dia 15 de Outubro às 20:45
Sala P. F. Gastal
Av. Pres. João Goulart, 551 – 3º andar
(reprise dia 19/10 às 17h)


Contato
Paola Wink paolawt@gmail.com
51-8541.3204

Curadoria
Davi Pretto e Giovani Borba

Produção
Paola Wink

Realização
Tokyo Filmes, Livre Associação
e Coordenação de Cinema e Vídeo
da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre

Apoio
Cervejaria Rasen Bier

Reproduzimos, abaixo, texto dos curadores da Sessão Plataforma:
A BASE
Uma base para se estar mais próximo aos filmes, pensando os filmes e pensando o cinema.
Foi com esse desejo que concebemos a Plataforma; imaginando uma estrutura horizontal, praticamente suspensa, onde se pode ir além. Um espaço para compartilhar a experiência cinematográfica da sala, e que além dela, na descoberta de novos filmes, de novos realizadores. Lugar que nos aproxima do horizonte e nos convida à contemplar, nos convida à refletir.
A Plataforma carrega um conjunto de idéias e ações que venham a encontrar novos caminhos para a situação paradigmática que nos encontramos atualmente na cinematografia brasileira. Vemos uma quantidade grande, ainda que desigual, de ações e investimentos governamentais, aliado com a facilidade trazida pela transformação para os equipamentos digitais (câmeras, projetores, etc). Vemos uma quantidade bastante significativa, e que cresce exponencialmente, de filmes nacionais lançados, inúmeros novos realizadores de lugares que antes eram desprovidos da possibilidade de produzir. Vemos a formação e crescimento de movimentos e realizadores que buscam uma produção mais horizontal e igualitária de criação coletiva, que corre em paralelo e independente de um modelo industrial. Porém há ainda um abismo que distancia a possibilidade de diálogo e inclusão desses filmes e cineastas com produções de grande orçamento e o circuito comercial “de shopping”. Nessa inclusão, quando ocorre, essas obras são forçadas a se enquadrar em um modelo industrial, que se propuseram a contrapor.
A democratização das salas de cinema não legitimaria esse novo cinema, afinal essas obras já percorrem um circuito completo por si só. Festivais, mostras, cineclubes e exibições online que já somam números de público para essas obras, maiores que filmes de grande orçamento que pairam apenas em uma rede convencional de exibição. É imprescindível pensarmos como esses dois modelos de fazer cinema podem interagir sem a necessidade de nenhum deles perder sua personalidade.
Essa questão da afirmação e preservação do âmago desse novo cinema também é indiretamente abalada quando ações do estado de financiamento fazem realizadores submeter seus projetos em modelos clássicos, onde são exigidos documentos dignos de uma proposta industrial. Roteiros, metas e justificativas. Projetos de realizadores internacionais renomados que trabalham com propostas fluídas e híbridas de encontro e acaso, dificilmente seriam aprovados em editais no modelo encontrado no Brasil. Ainda parece que esbarramos em um pensamento de criação de um produto óbvio, como uma linha de montagem. Mais uma vez, vemos uma tentativa inadequada de controlar e definir o descontrole.
A diversidade cinematográfica atravessa as fronteiras entre gêneros, bitolas, formatos, meios de exibição, de linguagem e metragem. Desta mesma maneira, pensamos que uma janela para este outro cinema pode se apresentar de maneiras também diversas, onde o formato com que se apresentam os filmes, é parte de uma proposta artística que busca novas direções.
Foi deste pensar os filmes que queremos mostrar, e como mostrá-los, que surge a Sessão Plataforma. Com o entendimento de que a Plataforma não está para uma mostra, tampouco um festival de filmes. Nossa proposta é oferecer uma sessão única, e mesmo exibindo regularmente, essa premissa da sessão única, faz de cada uma das sessões uma nova edição, para um pequeno universo específico de cinema. Onde cada filme traz uma reflexão, imprime uma idéia, aponta novos caminhos, proporciona um outro olhar. Uma experiência cinematográfica periódica e extensiva; um formato horizontal, ao invés do formato vertical, intensivo e anual de eventos do gênero.
A Sessão Plataforma é apenas uma das vertentes desta rede maior que propomos para refletir, exibir, escrever e produzir junto com esse novo cinema. Desta Plataforma, nosso olhar se lança neste horizonte, em busca da produção contemporânea ao redor do mundo que explora nas possibilidades narrativas e estéticas, sem artifícios mirabolantes, que atritam, provocam e instigam; que possam reinventar um certo fazer cinematográfico, sob a ótica das mais diferentes culturas, de onde volta e meia, nos surpreendem aquelas cinematografias pouco conhecidas.

Davi Pretto, Giovani Borba, Paola Wink

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