A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da
Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com as
produtoras Tokyo Filmes e Livre
Associação, apresenta dia 15 de outubro, às 20h45, na
Sala P. F Gastal da Usina do Gasômetro, o Especial Nicolas
Provost, dentro do projeto Sessão Plataforma, com reprise no
sábado, 19 de outubro, às 19h.
A programação especial apresenta dois títulos. No primeiro deles, The Invader, seu primeiro longa-metragem, Provost levanta um tema tão desgastadamente europeu: o estrangeiro, o outro. Aqui os contrastes óbvios do tema já esfolados pelo tempo se transformam em um estranho flerte. Cruamente, Provost nos joga em uma Bruxelas labiríntica e neon, onde a vingança irremediável do invasor e a culpa européia se misturam com uma identificação entre a distância e a diferença. Como a sequência de abertura já anuncia, um filme sobre aproximação hipnótica, paradoxal e amarga entre corpos de dois mundos tão distantes. Um filme sobre a ruína da culpa e do fetiche europeu. Sobre a atração trágica do africano por um mundo de exploração e revanchismo. Dois mundos fadados ao mesmo fracasso.
Antecedendo o longa-metragem, será exibido Moving Stories, décimo quarto curta-metragem de Provost, que maximiza a sensação cinematográfica do espectador ao acompanhar uma simples jornada de um casal rumo ao desconhecido a 30.000 pés de altura.
THE INVADER
Direção: Nicolas Provost, 95min, BEL, 2011
- Horizons – 68th Venice Film Festival
- Bright Future - 41th Rotterdam Film Festival
- Discovery – 36th Toronto International Film Festival
- 59th San Sebastian International Film Festival
Exibição
em bluray com legendas em português.
MOVING STORIES
Direção: Nicolas Provost, 7min, BEL, 2011
- 68th Venice Film Festival
- 41th Rotterdam Film Festival
- 34th Clermont Ferrand International Shortfilm Festival
-
Sundance International Film Festival 2012
Exibição
em bluray com legendas em português.
MAIS SOBRE NICOLAS
PROVOST
O
trabalho de Nicolas Provost reflete sobre a gramática cinematográfica, a
condição humana inserida em nossa memória fílmica coletiva e na relação entre
artes visuais e experência cinematográfica. Seus filmes provocam tanto
reconhecimento quanto alienação e pescam nossas expectativas em um jogo de
mistério e abstração. A partir de manipulações do tempo, códigos e formas,
linguagens cinematográficas e narrativas são esculpidas em novas histórias.
Em
2003, Nicolas Provost retornou à Bélgica, sua terra natal, depois de 10 anos
morando na Noruega. Atualmente, Provost vive e trabalha em Nova Iorque. Suas
exibições solo passaram por museus como The Seattle Art Museum, Musée d’art
moderne et contemporain Strasbourg, France, Muziekgebouw Amsterdam, Tim Van
Laere Gallery, Antwerp and Haunch of Venison London e Berlin. Seu trabalho já
foi adquirido por grandes museus como Birmingham Museum, SMAK Gent e Royal
Museum of Fine Arst Belgium. Seu trabalho também carrega uma longa lista de
prêmios e exibições nos mais prestigiosos festivais entre eles Sundance Film
Festival, Venice Film Festival, Berlinale, San Sebastian Film Festival e Locarno
Film Festival. The Invader, primeiro longa-metragem e aclamado pela crítica,
teve sua première mundial na competitiva do 68º Festival de Veneza em 2011.
MAIS SOBRE A SESSÃO
PLATAFORMA
Realizada
mensalmente na Sala P. F. Gastal a Sessão Plataforma exibe filmes de produção recente, de diferentes
nacionalidades, com caráter predominantemente independente e sem distribuição
comercial garantida no Brasil.
Com
curadoria de Davi
Pretto e Giovani Borba, e produção de Paola Wink, a Sessão Plataforma já exibiu Room 237, de Rodney Ascher e
Bestiaire, de Denis Cote e tem confirmada, para os próximos
meses, a exibição de outros importantes filmes que circularam nos principais
festivais do mundo todo e que, no Brasil, passaram apenas pela
Mostra de Cinema de São Paulo ou pelo Festival do Rio. O próximo filme será
Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel. A cada
sessão, a Plataforma vai anunciar o filme seguinte da programação, em um
trabalho que procura difundir um novo cinema e uma busca de realizadores com
outros olhares, aproximando Porto Alegre do circuito de exibição do centro do
país, do qual atualmente a capital gaúcha se vê ainda muito distante.
A
Sessão vai produzir conteúdo sobre os filmes e os realizadores, partilhando nas
redes e no seu site, entre eles, vídeos com os realizadores, artigos e
entrevistas.
SESSÃO PLATAFORMA #
03
ESPECIAL NICOLAS
PROVOST
Dia
15 de Outubro às 20:45
Sala
P. F. Gastal
Av.
Pres. João Goulart, 551 – 3º andar
(reprise dia 19/10 às 17h)
Contato
Paola Wink paolawt@gmail.com
51-8541.3204
Curadoria
Davi
Pretto e Giovani Borba
Produção
Paola
Wink
Realização
Tokyo
Filmes, Livre Associação
e
Coordenação de Cinema e Vídeo
da
Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre
Apoio
Cervejaria
Rasen Bier
Reproduzimos, abaixo,
texto dos curadores da Sessão Plataforma:
A BASE
Uma
base para se estar mais próximo aos filmes, pensando os filmes e pensando o
cinema.
Foi
com esse desejo que concebemos a Plataforma; imaginando uma estrutura
horizontal, praticamente suspensa, onde se pode ir além. Um espaço para
compartilhar a experiência cinematográfica da sala, e que além dela, na
descoberta de novos filmes, de novos realizadores. Lugar que nos aproxima do
horizonte e nos convida à contemplar, nos convida à refletir.
A
Plataforma carrega um conjunto de idéias e ações que venham a encontrar novos
caminhos para a situação paradigmática que nos encontramos atualmente na
cinematografia brasileira. Vemos uma quantidade grande, ainda que desigual, de
ações e investimentos governamentais, aliado com a facilidade trazida pela
transformação para os equipamentos digitais (câmeras, projetores, etc). Vemos
uma quantidade bastante significativa, e que cresce exponencialmente, de filmes
nacionais lançados, inúmeros novos realizadores de lugares que antes eram
desprovidos da possibilidade de produzir. Vemos a formação e crescimento de
movimentos e realizadores que buscam uma produção mais horizontal e igualitária
de criação coletiva, que corre em paralelo e independente de um modelo
industrial. Porém há ainda um abismo que distancia a possibilidade de diálogo e
inclusão desses filmes e cineastas com produções de grande orçamento e o
circuito comercial “de shopping”. Nessa inclusão, quando ocorre, essas obras são
forçadas a se enquadrar em um modelo industrial, que se propuseram a contrapor.
A
democratização das salas de cinema não legitimaria esse novo cinema, afinal
essas obras já percorrem um circuito completo por si só. Festivais, mostras,
cineclubes e exibições online que já somam números de público para essas
obras, maiores que filmes de grande orçamento que pairam apenas em uma rede
convencional de exibição. É imprescindível pensarmos como esses dois modelos de
fazer cinema podem interagir sem a necessidade de nenhum deles perder sua
personalidade.
Essa
questão da afirmação e preservação do âmago desse novo cinema também é
indiretamente abalada quando ações do estado de financiamento fazem realizadores
submeter seus projetos em modelos clássicos, onde são exigidos documentos dignos
de uma proposta industrial. Roteiros, metas e justificativas. Projetos de
realizadores internacionais renomados que trabalham com propostas fluídas e
híbridas de encontro e acaso, dificilmente seriam aprovados em editais no modelo
encontrado no Brasil. Ainda parece que esbarramos em um pensamento de criação de
um produto óbvio, como uma linha de montagem. Mais uma vez, vemos uma tentativa
inadequada de controlar e definir o descontrole.
A
diversidade cinematográfica atravessa as fronteiras entre gêneros, bitolas,
formatos, meios de exibição, de linguagem e metragem. Desta mesma maneira,
pensamos que uma janela para este outro cinema pode se apresentar de maneiras
também diversas, onde o formato com que se apresentam os filmes, é parte de uma
proposta artística que busca novas direções.
Foi
deste pensar os filmes que queremos mostrar, e como mostrá-los, que surge a
Sessão Plataforma. Com o entendimento de que a Plataforma não está para
uma mostra, tampouco um festival de filmes. Nossa proposta é oferecer uma sessão
única, e mesmo exibindo regularmente, essa premissa da sessão única, faz de cada
uma das sessões uma nova edição, para um pequeno universo específico de cinema.
Onde cada filme traz uma reflexão, imprime uma idéia, aponta novos caminhos,
proporciona um outro olhar. Uma experiência cinematográfica periódica e
extensiva; um formato horizontal, ao invés do formato vertical, intensivo e
anual de eventos do gênero.
A
Sessão Plataforma é apenas uma das vertentes desta rede maior que
propomos para refletir, exibir, escrever e produzir junto com esse novo cinema.
Desta Plataforma, nosso olhar se lança neste horizonte, em busca da produção
contemporânea ao redor do mundo que explora nas possibilidades narrativas e
estéticas, sem artifícios mirabolantes, que atritam, provocam e instigam; que
possam reinventar um certo fazer cinematográfico, sob a ótica das mais
diferentes culturas, de onde volta e meia, nos surpreendem aquelas
cinematografias pouco conhecidas.
Davi Pretto, Giovani
Borba, Paola Wink
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