O cinema contemporâneo tem como um de seus aspectos mais destacados o diálogo constante com obras de outros tempos. Longe da reverência trivial, Tabu, aclamado longa-metragem do português Miguel Gomes que entrou cartaz em Porto Alegre no mês de agosto, traz entre suas referências Aurora (1927) e o homônimo Tabu (1932), obras célebres do período norte-americano de F. W. Murnau, além de um dos últimos filmes de Josef von Sternberg, Macau, cuja trama se passa na ex-colônia portuguesa – e que também foi retomado por outro destaque da cinematografia portuguesa recente, A Última Vez que Vi Macau, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. Com a intenção de promover o debate sobre a relação entre as obras contemporâneas e o cinema clássico, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta a mostra Tabu: Influências e Confluências com os filmes de F. W. Murnau e Josef von Sternberg que inspiram a obra-prima de Miguel Gomes.
Com narrativas sobre infidelidade e amores condenados, Aurora e Tabu são os dois principais filmes que F.W. Murnau, o grande gênio do cinema alemão dos anos 1920, realizou nos Estados Unidos. O primeiro é uma superprodução lançada em 1927, ano em que Hollywood começa a dar os primeiros passos em direção ao cinema sonoro, historicamente situada como um dos filmes que esgotam as possibilidades estéticas e narrativas do período silencioso. O segundo é uma produção independente filmada na Polinésia Francesa em parceria com Robert J. Flaherty, um dos pioneiros do documentário. Assim como o filme de Gomes – que apenas inverte a ordem das narrativas de Murnau –, a história é divida em duas partes: Paraíso e Paraíso Perdido.
Macau é um dos cultuados filmes policiais de série B produzidos pela RKO, com um charme particular por ter sua história ambientada em um território exótico, poucas vezes visto em filmes norte-americanos do gênero daquela época. Teve uma produção turbulenta – Nicholas Ray precisou terminar algumas cenas – e se destaca na última década de realização de um dos estetas mais influentes do cinema clássico, Josef von Sternberg, outro germânico radicado nos Estados Unidos, cuja parceria – cinematográfica e amorosa – com Marlene Dietrich no início dos anos 1930 rendeu a Hollywood alguns de seus momentos mais provocantes.
A mostra Tabu: Influências e Confluências tem o apoio da distribuidora MPLC e da locadora E o Vídeo Levou.
PROGRAMAÇÃO
13 de agosto a 18 de agosto de 2013
Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans), de F.W. Murnau (EUA, 1927, 94 minutos)
Seduzido por uma moça da cidade, um fazendeiro tenta afogar sua mulher, mas desiste no último momento. Esta foge para a cidade, mas ele a segue para provar o seu amor. Exibição em DVD.
Tabu (Tabu), de F.W. Murnau (EUA, 1931, 82 minutos)
Pescador de uma aldeia do Taiti se apaixona por uma garota. Só que ela é considerada "tabu" depois de ser condenada pelos deuses a não se apaixonar ou se entregar a qualquer homem. Mas o amor entre os dois é mais forte que o próprio tabu e eles fogem para escapar dessa maldição. Exibição em DVD.
Macau (Macao), de Josef von Sternberg (EUA, 1952, 80 minutos)
Nick Cochran, um norte-americano exilado em Macau, tem a chance de restaurar seu nome, ajudando capturar um chefão do crime internacional. Exibição em DVD.
GRADE DE HORÁRIOS
13 de agosto a 18 de agosto de 2013
13 de agosto (terça-feira)
14:00 – Sessão fechada
17:00 – Aurora
19:00 – Tabu
14 de agosto (quarta-feira)
15:00 – Aurora
17:00 – Tabu
19:00 – Macau
15 de agosto (quinta-feira)
15:00 – Tabu
17:00 – Macau
19:30 – Sessão Sincronário
16 de agosto (sexta-feira)
15:00 – Macau
17:00 – Tabu
19:00 – Aurora
17 de agosto (sábado)
15:00 – Sessão História no Cinema (Coronel Delmiro Gouveia)
18:00 – Aurora
18 de agosto (domingo)
15:00 – Aurora
17:00 – Tabu
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