quinta-feira, 1 de agosto de 2013

MOSTRA NA SALA P. F. GASTAL EXIBE FILMES DE JACQUES RIVETTE, O GÊNIO DESCONHECIDO DA NOUVELLE VAGUE

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com a Vai e Vem Produções Culturais e com o apoio do Curso de Realização Audiovisual da UNISINOS (em comemoração ao seu 10º aniversário), da Embaixada da França, da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français, traz a Porto Alegre a mostra Jacques Rivette – Já Não Somos Inocentes, que acontece de 6 a 11 de agosto de 2013, na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar).

Serão 9 filmes, com cópias vindas da França, todas em 35mm, à exceção do documentário Jacques Rivette, o Vigilante, que foi feito para a televisão (com direção da Claire Denis) e portanto será exibido em digital, e de Out 1 – Espectro, a ser exibido em 16mm.

Todos os filmes, à exceção do clássico A Religiosa, são inéditos no Brasil. Entre eles, o longa de estreia de Rivette, Paris nos Pertence (um dos marcos da Nouvelle Vague), os longuíssimos Amor Louco e Out 1 - Espectro (cada um com mais de 4 horas de duração), o cultuado Céline e Julie Vão de Barco, um dos favoritos do diretor espanhol Pedro Almodóvar (que o incluiu na mostra com seus filmes preferidos encomendada pela Cinemateca Francesa há alguns anos) e de David Lynch (foi uma das inspirações para Cidade dos Sonhos) e o drama de época Não Toque no Machado (adaptação do romance A Duquesa de Langeais, do Balzac).

No dia 8 de agosto, após a sessão de Paris nos Pertence (às 20h), o professor Milton do Prado, coordenador do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos, que tem um Mestrado sobre Rivette realizado na Universidade de Concordia, no Canadá, participa de um debate com o público sobre a sua obra.

Toda a programação tem entrada franca.
O mais erudito dos cineastas da Nouvelle Vague, reconhecido por sua intimidade com outras disciplinas artísticas como a literatura, o teatro e a pintura, Jacques Rivette nunca gozou da mesma popularidade que seus companheiros de geração François Truffaut, Jean-Luc Godard, Claude Chabrol ou Éric Rohmer.

Após se destacar por sua atuação como crítico da revista Cahiers du Cinéma, onde se notabilizou assinando textos em defesa de cineastas como Fritz Lang, Howard Hawks, Otto Preminger, Roberto Rossellini e Alfred Hitchcock, Rivette estreou na direção com Paris nos Pertence (1961). Desde então manteve uma produção constante, assinando filmes de grande rigor e inventividade, vários deles de longuíssima duração, o que certamente ajudou a contribuir para a sua limitada difusão.

No Brasil, a imponente filmografia de Jacques Rivette segue praticamente desconhecida, o que torna a mostra realizada pela Sala P. F. Gastal um acontecimento da maior relevância na vida cultural da cidade.

A exemplo do que vem fazendo em anos recentes com outros diretores como o tailandês Apichatpong Weerasethakul, o português João Pedro Rodrigues, a francesa Claire Denis, o lituano Jonas Mekas e o húngaro Béla Tarr, o cinema da Usina do Gasômetro segue cumprindo o importante papel de apresentar aos espectadores porto-alegrenses a obra de nomes incontornáveis do cinema contemporâneo que seguem sendo inexplicavelmente ignorados pelo circuito exibidor brasileiro.

PROGRAMAÇÃO
Paris nos Pertence (Paris nous Appartient), de Jacques Rivette. França, 1961, 141 minutos, 35mm.
Jovem estudante se integra a um grupo de teatro sem dinheiro que ensaia a peça Péricles, de Shakespeare. Ela se vê então enredada em uma estranha conspiração política em que seus envolvidos suicidam-se repentinamente. Longa-metragem de estreia de Jacques Rivette, foi um dos primeiros filmes da Nouvelle Vague a serem rodados, mas só foi lançado em 1961.

A Religiosa (La Religieuse), de Jacques Rivette. França, 1966, 135 minutos, 35mm.

Baseado no romance A Religiosa, de Denis Diderot. A protagonista Suzanne Simonin (Anna Karina) é uma jovem de 20 anos que é forçada por sua família a ingressar em um convento. Segundo longa-metragem de Jacques Rivette, foi proibido na França em 1966. Lançado nos cinemas dois anos depois, tornou-se o maior sucesso comercial da carreira do diretor.

Amor Louco (L’Amour Fou), de Jacques Rivette. França, 1969, 252 minutos, 35mm.
Considerado o mais radical filme de Jacques Rivette, Amor Louco foi filmado em 16 e 35mm, a fim de fazer a distinção entre dois mundos: o teatro e a vida. Sebastian (Jean-Pierre Kalfon) é o diretor de teatro que tem um relacionamento com Claire (Bulle Ogier), sua atriz. Eles montam a peça Andrômaca, de Racine, na qual Claire interpreta Hermione. A sessão terá um intervalo de 20 minutos entre a primeira e a segunda parte.
Out 1: Espectro (Out 1: Spectre), de Jacques Rivette. França, 1974, 260 minutos, 16mm.
Filme de investigação: tendo como base um livro de Balzac e um poema de Lewis Carroll, Colin (Jean-Pierre Léaud) tenta comprovar a existência de uma sociedade secreta e conspiratória. Paralelamente, dois grupos de teatro encenam uma tragédia grega. Apesar de seus 260 minutos de projeção, a versão original de Out 1 – um dos projetos mais radicais de Rivette – tem quase 13 horas de duração e até hoje teve raríssimas projeções. Lançada há pouco em DVD, em uma edição alemã, somente agora esta versão longa (intitulada Out 1, Noli me Tangere) passa a estar ao alcance de um número maior de espectadores. A sessão terá um intervalo de 20 minutos entre a primeira e a segunda parte.
Céline e Julie Vão de Barco (Céline et Julie Vont en Bateau), de Jacques Rivette. França, 1974, 193 minutos, 35mm.
Baseado em histórias fantásticas de Henry James, o filme se divide em duas tramas ao mesmo tempo realistas e oníricas. Na primeira, Julie (Jane Labourier) encontra Céline (Juliet Berto) e elas passam a dividir o mesmo apartamento. Na segunda trama, Céline e Julie encontram duas mulheres fantasmas (Bulle Ogier e Marie-France Pisier) numa casa mal assombrada.
Duelle – Uma Quarentena (Duelle – Une Quarentaine), de Jacques Rivette. França, 1976, 121 minutos, 35mm.
Leni (Juliet Berto) é uma feiticeira que teme a noite. Viva (Bulle Ogier) é uma feiticeira que tem medo da luz do sol. As duas desejam um anel em poder dos mortais, que lhes permitirá permanecer na Terra. O filme que encerra o ciclo das aventuras com elementos fantásticos que Jacques Rivette realizou nos anos 70.
O Amor por Terra (L’Amour par Terre), de Jacques Rivette. França, 1984, 125 minutos, 35mm.
Uma peça mambembe é encenada em um pequeno apartamento. Ao final da apresentação, o autor da peça (Jean-Pierre Kalfon), que estava secretamente na plateia, convida as duas atrizes para um encontro. Ele propõe a elas que encenem um novo texto seu numa mansão mal-assombrada.
Não Toque no Machado (Ne Touchez pas la Hache), de Jacques Rivette. França, 2007, 137 minutos, 35mm.
Em 1823, o general Montriveau (Guillaume Depardieu) desembarca na ilha de Mallorca durante a ocupação da Espanha pelo exército francês. Por trás da missão oficial, ele na verdade procura a duquesa de Langeais (Jeanne Balibar), que conhecera há cinco anos. Baseado em A Duquesa de Langeais, de Honoré de Balzac.
Jacques Rivette, o Vigilante (Jacques Rivette, le Veilleur), de Claire Denis. França, 1990, 124 minutos, digital.
Neste documentário, realizado por Claire Denis para a série Cinéastes, de Notre Temps, vemos longas conversas de Jacques Rivette com o crítico de cinema Serge Daney. O filme compõe um extraordinário retrato de Rivette não apenas como cineasta, mas também como crítico e cinéfilo.

GRADE DE HORÁRIOS

6 de agosto (terça-feira)
15:00 – Céline e Julie Vão de Barco (193 minutos)
20:00 – Não Toque no Machado (137 minutos)

7 de agosto (quarta-feira)
15:00 – Jacques Rivette, o Vigilante (124 minutos)
17:30 – Duelle – Uma Quarentena (121 minutos)
20:00 – A Religiosa (135 minutos)

8 de agosto (quinta-feira)
17:30 – O Amor por Terra (125 minutos)
20:00 – Paris nos Pertence (141 minutos), sessão seguida de debate com o crítico de cinema e professor Milton do Prado

9 de agosto (sexta-feira)
15:00 – O Amor por Terra (125 minutos)
17:30 – Jacques Rivette, o Vigilante (124 minutos)
20:00 – Celine e Julie Vão de Barco (193 minutos)

10 de agosto (sábado)
15:00 – Duelle – Uma Quarentena (121 minutos)
17:00 – Amor Louco (252 minutos)

11 de agosto (domingo)
15:00 – Out 1: Espectro (260 minutos)
19:00 – Não Toque no Machado (137 minutos)




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