A Coordenação de Cinema, Vídeo e
Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com a
Vai e Vem Produções Culturais e com o apoio do Curso de
Realização Audiovisual da UNISINOS (em comemoração ao seu 10º
aniversário), da Embaixada da França, da Cinemateca da Embaixada
da França no Brasil e do Institut Français, traz a Porto
Alegre a mostra Jacques Rivette – Já Não Somos Inocentes, que
acontece de 6 a 11 de agosto de 2013, na Sala P. F. Gastal da
Usina do Gasômetro (3º andar).
Serão 9 filmes, com cópias vindas da França, todas em
35mm, à exceção do documentário Jacques Rivette, o
Vigilante, que foi feito para a televisão (com direção da Claire Denis)
e portanto será exibido em digital, e de Out 1 – Espectro, a
ser exibido em 16mm.
Todos os filmes, à exceção do clássico A Religiosa, são inéditos
no Brasil. Entre eles, o longa de estreia de Rivette, Paris nos Pertence (um dos marcos da Nouvelle Vague), os
longuíssimos Amor Louco e Out 1 - Espectro (cada um com mais de 4 horas de duração), o
cultuado Céline e Julie Vão de
Barco, um dos favoritos do diretor espanhol Pedro Almodóvar (que o
incluiu na mostra com seus filmes preferidos encomendada pela Cinemateca
Francesa há alguns anos) e de David Lynch (foi uma das inspirações para Cidade dos Sonhos) e o drama de
época Não Toque no Machado (adaptação do romance A Duquesa de Langeais, do
Balzac).
No dia 8 de
agosto, após a sessão de Paris nos Pertence (às 20h), o
professor Milton do Prado, coordenador do Curso de
Realização Audiovisual da Unisinos, que tem um Mestrado sobre Rivette
realizado na Universidade de Concordia, no Canadá, participa de um debate com o
público sobre a sua obra.
Toda a
programação tem entrada franca.
O mais erudito dos cineastas da Nouvelle
Vague, reconhecido por sua intimidade com outras disciplinas artísticas como a
literatura, o teatro e a pintura, Jacques Rivette nunca gozou da mesma
popularidade que seus companheiros de geração François Truffaut, Jean-Luc
Godard, Claude Chabrol ou Éric Rohmer.
Após se destacar por sua atuação como
crítico da revista Cahiers du Cinéma, onde se notabilizou
assinando textos em defesa de cineastas como Fritz Lang, Howard Hawks, Otto
Preminger, Roberto Rossellini e Alfred Hitchcock, Rivette estreou na direção com
Paris nos Pertence (1961). Desde então manteve uma produção
constante, assinando filmes de grande rigor e inventividade, vários deles de
longuíssima duração, o que certamente ajudou a contribuir para a sua limitada
difusão.
No Brasil, a imponente filmografia de
Jacques Rivette segue praticamente desconhecida, o que torna a mostra realizada
pela Sala P. F. Gastal um acontecimento da maior relevância na vida cultural da
cidade.
A exemplo do que vem fazendo em anos recentes com outros
diretores como o tailandês Apichatpong Weerasethakul, o português João Pedro
Rodrigues, a francesa Claire Denis, o lituano Jonas Mekas e o húngaro Béla Tarr,
o cinema da Usina do Gasômetro segue cumprindo o importante papel de apresentar
aos espectadores porto-alegrenses a obra de nomes incontornáveis do cinema
contemporâneo que seguem sendo inexplicavelmente ignorados pelo circuito
exibidor brasileiro.
PROGRAMAÇÃO
Paris nos
Pertence (Paris nous Appartient), de
Jacques Rivette. França, 1961, 141 minutos, 35mm.
Jovem estudante se integra a um
grupo de teatro sem dinheiro que ensaia a peça Péricles, de Shakespeare. Ela se vê então
enredada em uma estranha conspiração política em que seus envolvidos suicidam-se
repentinamente. Longa-metragem de estreia de Jacques Rivette, foi um dos
primeiros filmes da Nouvelle Vague a serem rodados, mas só foi lançado em
1961.
A
Religiosa (La Religieuse), de Jacques
Rivette. França, 1966, 135 minutos,
35mm.
Baseado no romance
A Religiosa, de Denis Diderot. A protagonista
Suzanne Simonin (Anna Karina) é uma jovem de 20 anos que é forçada por sua
família a ingressar em um convento. Segundo longa-metragem de Jacques Rivette,
foi proibido na França em 1966. Lançado nos cinemas dois anos depois, tornou-se
o maior sucesso comercial da carreira do diretor.
Amor Louco
(L’Amour Fou), de Jacques Rivette.
França, 1969, 252 minutos, 35mm.
Considerado o mais radical filme de
Jacques Rivette, Amor
Louco foi
filmado em 16 e 35mm, a fim de fazer a distinção entre dois mundos: o teatro e a
vida. Sebastian (Jean-Pierre Kalfon) é o diretor de teatro que tem um
relacionamento com Claire (Bulle Ogier), sua atriz. Eles montam a peça
Andrômaca, de Racine, na qual Claire
interpreta Hermione. A sessão terá um intervalo de 20 minutos entre a primeira e
a segunda parte.
Out 1: Espectro
(Out 1: Spectre), de Jacques
Rivette. França, 1974, 260 minutos,
16mm.
Filme de investigação: tendo como
base um livro de Balzac e um poema de Lewis Carroll, Colin (Jean-Pierre Léaud)
tenta comprovar a existência de uma sociedade secreta e conspiratória.
Paralelamente, dois grupos de teatro encenam uma tragédia grega. Apesar de seus
260 minutos de projeção, a versão original de Out 1 – um dos projetos mais radicais de
Rivette – tem quase 13 horas de duração e até hoje teve raríssimas projeções.
Lançada há pouco em DVD, em uma edição alemã, somente agora esta versão longa
(intitulada Out 1, Noli me Tangere) passa a estar ao alcance de um
número maior de espectadores. A sessão terá um intervalo de 20 minutos entre a
primeira e a segunda parte.
Céline e Julie Vão de Barco (Céline et Julie Vont en Bateau), de Jacques Rivette.
França, 1974, 193 minutos, 35mm.
Baseado
em histórias fantásticas de Henry James, o filme se divide em duas tramas ao
mesmo tempo realistas e oníricas. Na primeira, Julie (Jane Labourier) encontra
Céline (Juliet Berto) e elas passam a dividir o mesmo apartamento. Na segunda
trama, Céline e Julie encontram duas mulheres fantasmas (Bulle Ogier e
Marie-France Pisier) numa casa mal assombrada.
Duelle – Uma
Quarentena
(Duelle – Une Quarentaine), de Jacques Rivette. França, 1976, 121 minutos,
35mm.
Leni
(Juliet Berto) é uma feiticeira que teme a noite. Viva (Bulle Ogier) é uma
feiticeira que tem medo da luz do sol. As duas desejam um anel em poder dos
mortais, que lhes permitirá permanecer na Terra. O filme que encerra o ciclo das
aventuras com elementos fantásticos que Jacques Rivette realizou nos anos
70.
O Amor por
Terra
(L’Amour par Terre), de Jacques Rivette. França, 1984, 125 minutos,
35mm.
Uma
peça mambembe é encenada em um pequeno apartamento. Ao final da apresentação, o
autor da peça (Jean-Pierre Kalfon), que estava secretamente na plateia, convida
as duas atrizes para um encontro. Ele propõe a elas que encenem um novo texto
seu numa mansão mal-assombrada.
Não Toque no
Machado
(Ne Touchez pas la Hache), de Jacques Rivette. França, 2007, 137 minutos,
35mm.
Em 1823, o general Montriveau
(Guillaume Depardieu) desembarca na ilha de Mallorca durante a ocupação da
Espanha pelo exército francês. Por trás da missão oficial, ele na verdade
procura a duquesa de Langeais (Jeanne Balibar), que conhecera há cinco anos.
Baseado em A Duquesa
de
Langeais, de Honoré de
Balzac.
Jacques Rivette, o Vigilante
(Jacques
Rivette, le Veilleur), de Claire Denis. França, 1990, 124 minutos,
digital.
Neste documentário, realizado por
Claire Denis para a série Cinéastes, de Notre Temps, vemos longas conversas de Jacques
Rivette com o crítico de cinema Serge Daney. O filme compõe um extraordinário
retrato de Rivette não apenas como cineasta, mas também como crítico e
cinéfilo.
GRADE
DE HORÁRIOS
6 de agosto
(terça-feira)
15:00 – Céline e Julie Vão
de Barco (193 minutos)
20:00 – Não Toque no
Machado (137 minutos)
7 de agosto
(quarta-feira)
15:00 – Jacques Rivette, o
Vigilante (124 minutos)
17:30 – Duelle – Uma
Quarentena (121 minutos)
20:00 – A Religiosa (135
minutos)
8 de agosto
(quinta-feira)
17:30 – O Amor por Terra
(125 minutos)
20:00 – Paris nos Pertence
(141 minutos), sessão seguida de debate com o crítico de cinema e professor
Milton do Prado
9 de agosto
(sexta-feira)
15:00 – O Amor por Terra
(125 minutos)
17:30 – Jacques Rivette, o
Vigilante (124 minutos)
20:00 – Celine e Julie Vão
de Barco (193 minutos)
10 de agosto
(sábado)
15:00 – Duelle – Uma
Quarentena (121 minutos)
17:00 – Amor Louco (252
minutos)
11 de agosto
(domingo)
15:00 – Out 1: Espectro
(260 minutos)
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