quarta-feira, 27 de março de 2013

SESSÃO AURORA NA SALA P. F. GASTAL EXIBE RARO FILME SOBRE A COLÔNIA CECÍLIA


A Sessão Aurora apresenta no sábado, 30, às 18h, na Sala P. F. Gastal, o longa-metragem La Cecilia (1975), um dos raros filmes de ficção do renomado crítico de cinema francês Jean-Louis Comolli. Após a sessão, haverá um debate com os editores da revista Aurora. A entrada é franca.

La Cecilia versa sobre um grupo de italianos que migra para os confins do Brasil no século XIX com a intenção de criar uma comunidade anarquista. Distante da Europa e dos anos 1970, Comolli busca inspiração na vida do pensador libertário Giovanni Rossi para colocar em debate alguns dos tópicos mais urgentes das rupturas políticas setentistas – que ainda ecoam em nossos dias –, como a negação das hierarquias, o desejo como uma condição essencial da revolução e as relações estreitas entre amor e poder.

Para além das questões mais pontuais daqueles anos, Comolli destaca o fato de que seu filme também lança um olhar sobre a migração: “A passagem de um país a outro, de uma cultura, de uma língua, de uma sociedade a outra, mas também a passagem de um tipo de luta a outra, de um tipo de marginalidade a outra”. La Cecilia sempre foi tido como um título discreto entre as produções europeias contemporâneas, especialmente as de realizadores italianos como Francesco Rosi, Elio Petri e os Irmãos Taviani, mas a problematização dos diversos processos de transformação, do extremo íntimo ao social, faz do filme um exemplar precioso (e atual) do cinema político dos anos 1970.
Jean-Louis Comolli foi editor-chefe da revista francesa Cahiers du Cinéma entre 1966 e 1971, período que marca a transição da defesa intensa do cinema moderno, encarnado especialmente nas manifestações experimentais dos Novos Cinemas espalhados pelo mundo, para a morte da cinefilia clássica – com a absorção total das reviravoltas políticas pós-maio de 1968 em seus escritos.

La Cecilia será exibido numa cópia em DVD, com legendas em português.

La Cecilia. França/Itália, 1975, cor, 113 minutos. Direção: Jean-Louis Comolli. Com Massimo Foschi, Maria Carta, Vittorio Mezzogiorno e Mario Bussolino.

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