Instáveis, pulsantes, fugidias, as imagens de Jonas Mekas preservam a mesma transitoriedade encontrada na memória, sobrepondo-se umas às outras tal qual um palimpsesto sendo permanentemente reescrito, produzindo novos sentidos sempre que novamente acessadas. Acervo colossal das lembranças de uma longa vida, elas compõem o vasto painel político e afetivo que dimensiona a obra e a estatura de seu autor.
Amplamente debatida, a filmografia de Mekas constitui uma espécie de monolito no cenário artístico contemporâneo. Suas películas marcaram de maneira indelével a história da sétima arte, inspirando igualmente cineastas e artistas plásticos ao fazer da linguagem cinematográfica uma grande colcha de retalhos, tão caótica e aparentemente aleatória em sua formidável lógica de montagem.
Autor de filmes que romperam estética e formalmente com o cinema tradicional, Mekas logrou desenvolver uma linguagem audiovisual própria, estruturada a partir de planos curtos, obtidos com a câmera Bolex que o acompanhou por mais de 70 anos, cujos rolos de filme 16mm registraram os mais íntimos momentos de sua trajetória artística. Os diários filmados ao longo de décadas são hoje tão preciosos quanto as experiências políticas e pessoais travadas pelo artista, quer fossem nos campos de refugiados ou nos jardins da casa de Jackie O.
Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia
Secretaria Municipal de Cultura
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