Através de uma parceria entre o Goethe-Institut Porto Alegre e o CineBancários, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) recebe entre os dias 6 e 18 de setembro a mostra Sou o que São Meus Filmes, que reúne parte significativa da produção documental realizada pelo cineasta alemão Werner Herzog. Dividida entre as duas salas, a programação tem entrada franca.
No dia 8 de setembro, o cinema da Usina realiza a pré-estreia do premiado filme brasileiro Além da Estrada, de Charly Braun, que a partir de sexta-feira, dia 9 de setembro, divide horários com a mostra dedicada a Herzog.Herzog Documentarista
Figura central do Novo Cinema Alemão, Werner Herzog é conhecido sobretudo pela sua filmografia ficcional, marcada por títulos inquietantes como O Enigma de Kaspar Hauser, Aguirre, a Cólera dos Deuses, Nosferatu, o Fantasma da Noite ou Fitzcarraldo, com seus personagens rebeldes, solitários e incompreendidos. Paralelamente, no entanto, o diretor alemão desenvolveu uma sólida carreira como documentarista. É este “outro Herzog” que o público local poderá conhecer na presente mostra, na qual serão exibidos 23 títulos, divididos em cinco temáticas: Sobre Werner Herzog, Criação e Apocalipse, O Início e o Fim da Linguagem, Guerreiro e Perpetrador e Decolagem e Queda. Os documentários foram produzidos entre 1965 e 2005 e incluem desde Hércules, seu trabalho de estreia de 1965, passando por Balada de um Pequeno Soldado, de 1984, até os mais recentes, como Além do Azul Selvagem, de 2005, e O Diamante Branco, de 2004. Todos os filmes têm legendas em português.
PROGRAMAÇÃO
Sobre Werner Herzog
Sou o que São Meus Filmes - Parte 1
Direção: Christian Weisenborn, Erwin Keusch, colorido, 93 min., 1976-78.
Um retrato de Werner Herzog em sua fase inicial, que procura, sobretudo, sondar o homem por trás do artista. Ele se nutre da proximidade do entrevistador, proximidade esta produz instrutivos momentos de perplexidade.
Sou o que são Meus Filmes – Parte 2 - 30 Anos Depois
Direção: Christian Weisenborn, colorido, 97 min., 2009/10. Legendas em inglês
Christian Weisenborn já havia feito um documentário sobre Herzog em 1976/78. Desta vez, ele visita Werner Herzog em Los Angeles, entrevistando-o minuciosamente sobre seus documentários. Uma entrevista com várias cenas de filmes.
Werner Herzog – Retrato de um Diretor
Direção: Werner Herzog, colorido, 30 min., 1986.
Um breve autorretrato de Werner Herzog, em que se mesclam relatos, fragmentos de filmes e pequenas cenas documentais, entre as quais uma visita do diretor à lendária historiadora do cinema e sua grande amiga, Lotte Eisner, em Paris.
Até o Fim – E Além
Direção: Peter Buchka, 60 min., colorido, 1988.
Um retrato de Werner Herzog elaborado a partir de declarações do diretor e de cenas de seus filmes.
Criação e Apocalipse
Fata Morgana
Direção: Werner Herzog, colorido, 79 min, 1970.
Uma viagem pela África, poética e surreal, como um sonho, fragmentária, por ser destituída de qualquer história, ainda assim amparada em uma coerência interna. Herzog confronta os mitos da criação com imagens da destruição.
Hércules
Direção: Werner Herzog 10 min, p/b, 1962 – 1965
O trabalho de estreia de Herzog busca já a imperceptível transgressão do mero documentário e evoca um tema central de suas obras: o ridículo da revolta titânica.
Direção: Werner Herzog, colorido, 31 min., 1976.
Verão de 1976: há uma ameaça de uma erupção devastadora do vulcão "La Soufrière" na ilha de Guadalupe, Antilhas Francesas. A ilha é evacuada. Werner Herzog e sua equipe de filmagem ficam para filmar a catástrofe – e aguardam a erupção em vão.
Lições da Escuridão
Direção: Werner Herzog, colorido, 55 min., 1992.
Pouco antes da segunda Guerra do Golfo, tropas iraquianas incendiaram campos de petróleo e terminais durante sua retirada do Kuait. Herzog e seu cinegrafista tentam registrar o inconcebível, o apocalipse, através de suas imagens.
Pastores do sol
Direção: Werner Herzog, colorido, 50 min, 1989.
Tendo como ponto de partida uma festa, que se realiza anualmente, Herzog retrata a tribo nômade dos wodaabe, no sul do Saara. Em momento algum, ele suprime o desconhecido e o irritante em suas observações, enfatizando, assim, a identidade inconfundível da antiga tribo do povo dos fulbes.
O Início e o Fim da Linguagem
Últimas Palavras
Direção: Werner Herzog, p/b, 13 min., 1967.
O cenário é o nordeste da ilha de Creta: a polícia usa de violência para levar um homem da ilha de Spinalonga para a ilha principal. Esse homem, um tocador de lira, se recusa a fazer qualquer declaração sobre suas experiências. As pessoas fazem suas próprias suposições.
O País do Silêncio e da Escuridão
Direção: Werner Herzog, colorido, 85 min., 1971.
Aparentemente este é um documentário sobre surdos-cegos: alguns encontraram refúgio num asilo; outros estão abandonados sem esperança alguma. Num plano mais profundo, o espectador descobre um ensaio fílmico e sensorial sobre a comunicação, que também constitui o momento do devir humano.
How Much Wood Would a Woodchuck Chuck
Direção: Werner Herzog, colorido, 45 min, 1976.
Observações sobre o Campeonato Mundial dos Leiloeiros de Gado, realizado em 1975, em Fort Collins, no Colorado. Herzog observa a ladainha dos leiloeiros, que o leigo mal entende. Para o diretor, a linguagem deles, cujo som lembra o de um berimbau, tem “algo de assustador e fascinante” e poderia “ser a última poesia lírica imaginável”.
A Pregação de Huie
Direção: Werner Herzog, colorido, 42 min., 1980.
Bem no centro do Brooklyn, em uma área decadente, o bispo Huie L. Roger prega no “Greater Bible Way Temple“, e encanta os fiéis com sua paixão. Werner Herzog fascina os fieis com sua impetuosidade. Werner Herzog observa o que ocorre de forma bem tranquila e concentrada, abstendo-se de comentar.
Fé e Moeda
Direção: Werner Herzog, 44 min, colorido, 1980
Há anos, quase que diariamente, o pregador televisivo Dr. Gene Scott se põe diante da câmera pronunciando suas ideias acerca do cristianismo; elas têm como objetivo angariar doações em dinheiro.
Guerreiro e Perpetrador
Medidas Contra Fanáticos
Direção: Werner Herzog, colorido, 12 min., 1969.
A Defesa sem Precedentes do Forte Deutschkreutz
Direção: Werner Herzog, p/b, 15 min., 1966.
Quatro jovens invadem uma fortaleza antiga e abandonada e encontram armas, capacetes de aço e uniformes deixados para trás. No início, eles ainda se apropriam dos objetos de forma jocosa, mas a brincadeira ameaça virar algo mais sério. Eles se exercitam, atiram e esperam pelo inimigo, porque “têm que mostrar serviço!“
Ecos de um Império Sombrio
Direção: Werner Herzog, colorido, 87 min., 1990.
Uma busca por pistas de Jean-Bédel Bokassa (1921–1996), o ditatorial presidente e posterior imperador da África Central. O ponto de partida é a investigação do jornalista norte-americano Michael Goldsmith, que no passado por pouco escapara da morte em uma prisão de Bokassa.
O Pequeno Dieter Precisa Voar
Direção: Werner Herzog, colorido, 80 min., 1997.
Com 18 anos de idade, Dieter Dengler tinha deixado a sua cidade natal na Floresta Negra. Ele fora aos EUA para ser piloto. Após desvios pela Força Aérea, chegou à Marinha americana, ficou estacionado como piloto de caça em um porta-aviões, foi convocado para o Vietnã, abatido sobre o Laos e feito prisioneiro. Após uma fuga aventuresca, chegou à Tailândia, e de volta à sua unidade. Werner Herzog observa o homem em sua casa perto de São Francisco (EUA), vai com ele visitar a velha pátria na Floresta Negra e acompanha-o ao extremo Oriente, onde pede que Dieter Dengler reencene as estações de sua fuga. Um adendo póstumo relata o enterro de Dieter Dengler no cemitério dos soldados de Arlington em 2001.
Balada de um Pequeno Soldado
Direção: Werner Herzog, colorido, 45 min., 1984.
Fevereiro de 1984: Em um pedaço de terra distante e de difícil acesso na costa do Atlântico, os índios miskitos lutam contra o exército sandinista. Werner Herzog e o jornalista fotográfico Denis Reichle observam principalmente os soldados-criança nas fileiras dos miskitos.
Decolagem e Queda
Gasherbrum
Direção: Werner Herzog, colorido, 45 min., 1984.
Em junho de 1984, os dois renomados alpinistas Reinhold Messner e Hans Kammerlander fazem uma expedição incomum. Eles querem conquistar em uma única escalada dois picos de mais de 8000m na Serra de Karakorum, que são o Gasherbrum 1 e o Gasherbrum 2, e isso sem equipamento de oxigênio, sem grande bagagem e sem retorno intermediário ao acampamento de base. Herzog acompanha a expedição até o acampamento de base nas geleiras eternas.
O Grande Êxtase do Entalhador Steiner
Direção: Werner Herzog, colorido, 47 min., 1973/74
Um retrato incomum do ex-campeão mundial de salto de esqui, Walter Steiner. No centro do filme está a competição de Steiner na Semana Internacional de Salto de Esqui na grande rampa de Planica
(Eslovênia) em março de 1974.
O Diamante Branco
Direção: Werner Herzog, colorido, 88 min., 2004
Werner Herzog acompanha o engenheiro aeronáutico Graham Dorrington (Universidade de Londres) à Guiana. Dorrington havia construído um pequeno dirigível com o objetivo de explorar a flora e a fauna das copas das árvores. Ele testa o dirigível próximo às cataratas de Kaieteur. Para o diretor não se trata de uma exploração na busca de conhecimentos biológicos, mas da observação de pessoas em situações extremas.
Além do Azul Selvagem
Um extraterrestre relata sua fuga de um planeta congelado em uma galáxia longínqua; discorre sobre as tentativas de se estabelecer na Terra e por fim revela seu conhecimento secreto, conseguido também pela CIA, acerca de uma viagem em direção oposta. Na busca por um novo habitat, cinco astronautas viajam pelo universo e exploram o planeta abandonado, “além do azul selvagem“. Quando retornam após 820 anos, a Terra está inabitada.
GRADE DE HORÁRIOS
Semana de 6 a 11 de setembro de 2011
Terça-feira (6 de setembro)
14:00 - Seminário Fundação Social Itaú (até as 18h)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
19:00 – O Pequeno Dieter (80 minutos) + Balada de um Pequeno Soldado (45 minutos)
Quarta-feira (7 de setembro)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
15:00 – Além do Azul Selvagem (81 minutos)
17:00 – Sou o que São Meus Filmes – Parte 1 (93 minutos)
19:00 – Sou o que São Meus Filmes – Parte 2 (97 minutos)
Quinta-feira (8 de setembro)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
15:00 – O Diamante Branco (88 minutos)
17:00 – Gasherbaum (45 minutos) + O Grande Êxtase do Entalhador Steiner (47 minutos)
20:00 - Pré-estreia Além da Estrada (entrada franca)
Sexta-feira (9 de setembro)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
15:00 – Gasherbaum (45 minutos) + O Grande Êxtase do Entalhador Steiner (47 minutos)
17:00 – Além da Estrada
19:00 – Além da Estrada
Sábado (10 de setembro)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
15:00 – O Diamante Branco (88 minutos)
17:00 – Além da Estrada
19:00 – Além da Estrada
Domingo (11 de setembro)
Mostra Werner Herzog (entrada franca)
15:00 – Gasherbaum (45 minutos) + O Grande Êxtase do Entalhador Steiner (47 minutos)
17:00 – Além da Estrada
19:00 – Além da Estrada
Werner Herzog é um gênio sem sombra de duvida, mas sempre houve certas lendas sobre a produção de seus filmes que ele levava o elenco ao extremo cansaço e a beira da loucura. Seria uma forma de deixar seus filmes mais verossímeis? Seria uma forma de retratar na tela a sua própria insanidade oculta? Isso é o que menos importa, o importante é que ele nos brindou com obras inesquecíveis que retratam a persistência e a loucura do homem em busca de seus objetivos, tal como em filmes como Cólera dos Deuses e Fitzarraldo, isso sem falar em Nosferatu, que para muitos é considerado uma versão muito superior se comparado a versão de 1922 de Murnal.
ResponderExcluir100% de certeza estarei em uma dessas sessões. Continue assim meus amigos