Cinemateca RS

Em 2006 foi lançado em DVD o filme Coisa na Roda, dirigido por Werner Schünemann em 1982. Este lançamento faz parte da programação oficial da Secretaria Municipal da Cultura para a Semana de Porto Alegre
O filme é o quinto título da coleção Cinemateca RS, projeto da Secretaria Municipal da Cultura que tem o objetivo de recuperar e editar em vídeo obras significativas do cinema gaúcho. Até o momento já foram lançados Deu Pra Ti Anos 70, de Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti; Vento Norte, de Salomão Scliar; Beijo Ardente - Overdose, de Flávia Moraes e Hélio Alvarez; e Inverno, de Carlos Gerbase. A partir do lançamento de Coisa na Roda, os títulos da coleção passam a ser editados em DVD.
Um clássico do cinema gaúcho, Coisa na Roda foi o primeiro longa-metragem dirigido pelo hoje galã global Werner Schünemann, ainda em Super-8. Coisa na Roda faz parte do revolucionário ciclo de longas realizados em Super-8 na capital gaúcha no início dos anos 80, iniciado com o surpreendente sucesso de Deu Pra Ti Anos 70 (1981), responsável pela revelação de toda uma nova geração de profissionais de cinema no Rio Grande do Sul. A Deu Pra Ti Anos 70 se seguiriam títulos como Inverno (1983), de Carlos Gerbase, o próprio Coisa na Roda e Tempo Sem Glória (1984), de Henrique de Freitas Lima. Schünemann daria seguimento à sua carreira de diretor, tendo realizado ainda Me Beija (1984) e O Mentiroso (1988), ambos em 35mm. Atualmente, Schünemann finaliza aquele que será seu quarto longa como diretor, o documentário Mar Doce.
Coisa na Roda mostra a amizade e a convivência de quatro rapazes que dividem um apartamento em Porto Alegre no início dos anos 80. Em princípio, tudo pode ser “posto na roda”, conversado e compartilhado, mas as coisas começam a mudar com a chegada de um quinto morador, mais velho e desiludido, cuja presença irá desestabilizar a relação dos amigos. No elenco do filme, figuras conhecidas do cinema local, como Pedro Santos, Rudi Lagemann, Nilo Cruz, Sérgio Horst, Marta Biavaschi e Ivonete Pinto. Além de suas qualidades cinematográficas, o filme tem um notável caráter documental, revelando imagens de uma Porto Alegre que já não existe mais.
O diretor Werner Schünemann estará presente na sessão de lançamento do DVD de Coisa na Roda, cuja arte da capa é assinada por Flávio Wild, a partir do cartaz original do filme. A partir do dia 22, Coisa na Roda entra em cartaz na Sala P. F. Gastal, na sessão das 18:30, com entrada franca.

O Processo de Recuperação do Filme

Como Coisa na Roda foi rodado em super-8, ele não possui negativo; a matriz do filme, que foi filmada em 1981 e montada no início de 1982, é a própria "cópia", que foi exibida mais de 200 vezes. Isso, evidentemente, provocou um grande desgaste na imagem, mas uma degradação maior ainda no som, pois o som do super-8 é gravado numa fita magnética de 0,79 mm (menos de 8 décimos de milímetro) de largura, frágil demais para suportar uma grande quantidade de sessões.
A imagem do filme teve de ser telecinada nos Estúdios Mega, em São Paulo, passando para meio digital. Depois, no Final Cut, foi feito um trabalho de "limpeza" na imagem, eliminando trechos muito degradados, substituindo fotogramas, etc. Todo este processo de "remasterização digital" foi realizado por Giba Assis Brasil, com assistência do Alfredo Barros, e produção de Flávia Matzenbacher e Renata Ferraz.
O som mixado original do filme também foi digitalizado, mas apenas para servir de base para o processo de remasterização. Aliás, dizer que o som foi remasterizado é pouco. Ele foi na verdade totalmente reeditado, a partir das dublagens originais, que estavam gravadas em fita cassete e foram ressincronizadas, frase por frase, às vezes até palavra por palavra (em um trabalho meticuloso assinado por Lúcio Born). As músicas foram recolocadas a partir de CDs ou vinis. Foi feita uma longa pesquisa no arquivo de Jailton Moreira, pois não havia nenhum registro de quais tinham sido as músicas orginalmente utilizadas. Os ruídos foram totalmente reeditados por Cristiano Scherer, com ruídos de sala adicionais criados pelo Celso Coelho.