Segundo o Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da SMC, Bernardo de Souza, “o ineditismo e a bravura da escolha feita pelos norte-americanos nos levou a mapear a produção audiovisual e fotográfica desenvolvida sob o signo da black culture, voltando nossa atenção particularmente para a obra de artistas e cineastas originada no hemisfério norte, na busca de melhor compreender a experiência racial travada naquelas nações, cujos desdobramentos sociais se mostraram radicalmente diversos dos nossos”.
No projeto Black a fotografia está representada pelo inglês Jason Evans, cujas obras em exibição na Galeria Lunara (no quinto andar da
Jason Evans é colaborador de diversos jornais e revistas, como o The Guardian, o Independent, a Vogue e a The Face, entre outras. Suas imagens já foram expostas no MoMA NY, no Victoria & Albert Museum, na Tate Modern, entre outros espaços de arte. A obra do fotógrafo faz parte das coleções da British Library e das já citados Tate e V&A. Ele é professor da University for the Creative Arts, no Reino Unido, e seu trabalho já integrou diversas publicações das editoras Taschen e Phaidon.
No dia 16 de abril, quinta-feira, às 19h, na Galeria Lunara, acontecerá o coquetel de abertura da exposição.
A mostra de filmes do evento Black tem uma curadoria tripla, assinada por Bernardo de Souza, Leornardo Bomfim e
Além destes filmes, a mostra irá apresentar filmes de artistas negros de grande expressão, cujas obras abordam questões raciais – como as de Isaac Julien, que se debruçou sobre o tema em uma série de filmes e vídeo-instalações que lhe renderam o posto de destaque que hoje ocupa no cenário internacional – ou mesmo desbordam esses limites, caso do artista britânico Steve McQueen, vencedor do Turner Prize em 2001 e participante da última Bienal do Mercosul, que integra o presente projeto com seu primeiro longa-metragem, Hunger, inédito no Brasil e incensado pela revista Cahiers du Cinéma como um dos dez melhores filmes de 2008.
Também serão exibidos títulos nacionais pioneiros na abordagem racial, assinados pelos diretores negros Zózimo Bulbul e Odilon Lopez, também na década de 1970. Por fim, foram pinçados filmes de nomes consagrados do cinema, como os belgas Agnès Varda e Jean-Luc Godard, que encontraram no grupo radical Panteras Negras fonte de inspiração para alguns de seus trabalhos mais politizados.
Programação Mostra de Filmes
Hunger, de Steve McQueen (Inglaterra/Irlanda, 2008, 96 minutos). As seis últimas semanas de vida do militante do IRA Bobby Sands, que morreu na prisão em 1981, em consequência dos efeitos provocados por uma greve de fome. Primeiro longa-metragem de ficção do artista negro Steve McQueen, ainda inédito no Brasil. Duas únicas exibições em 35mm, nos dias 25 e 31 de maio.
Rififi no Harlem (Cotton Comes To Harlem), de Ossie Davis (EUA, 1970, 96 minutos). Um dos filmes mais influentes do movimento Blaxploitation, Rififi no Harlem destacou-se por introduzir o humor nas cenas de ação. Dois detetives investigam um esquema envolvendo lavagem de dinheiro e outros crimes.
Heavy Traffic, de Ralph Bakshi (EUA, 1973, 77 minutos) – legendas em espanhol. Rara animação black, sobre cartunista judeu-italiano que tem uma namorada negra na Nova Iorque dos anos 70.
Sweet Sweetback´s Baadasssss Song, de Melvin Van Peebles (EUA, 1971, 97 minutos). Obra-prima precursora do movimento Blaxpoitation, que impressiona pela originalidade e transformou Melvin Van Peebles em ícone do cinema independente. O próprio diretor interpreta o protagonista, um jovem garanhão desejado pelas mulheres e temido pelos inimigos.
O Chefão do Gueto (Black Caesar), de Larry Cohen (EUA, 1973, 94 minutos). Clássico do Blaxpoitation, este drama violento acompanha a ascensão e queda de um gângster.
Shaft, de Gordon Parks (EUA, 1971, 100 minutos). O detetive John Shaft é contratado por um chefão do crime organizado para encontrar sua filha, que foi raptada.
Super Fly, de Gordon Parks Jr. (EUA, 1972, 93 minutos) – legendas em espanhol. Traficante de cocaína entra em crise com sua profissão ao perceber que a atividade pode levá-lo em breve à prisão ou à morte.
Foxy Brown, de Jack Hill (EUA, 1974, 94 minutos) – legendas em espanhol. A bela e sensual Foxy Brown busca vingar a morte do namorado, um agente do governo federal assassinado por um casal de gângsters. Filme que consagrou a atriz negra Pam Grier e inspirou Quentin Tarantino no roteiro de Kill Bill.
One Plus One, de Jean-Luc Godard (França, 1968, 97 minutos). Também conhecido como Sympathy for the Devil, este filme de Godard propõe, através de uma série de vinhetas abstratas, temas diversos como raça, pornografia e contracultura.
Negros – A Identidade no Coração da Questão Negra (Noirs, l
Panteras Negras (Black Panthers), de Agnès Varda (França, 1968, 28 minutos). Documentário em que a diretora francesa Agnès Varda entrevista alguns dos principais líderes do grupo radical negro Panteras Negras.
Um Culpado Ideal (Un Coupable Ideal), de Jean-Xavier de Lestrade (França, 2002, 115 minutos). Maio de 2000. Em Jacksonville, uma turista branca é morta com um tiro na cabeça. Um jovem negro de 15 anos é preso e confessa o crime. Oscar de melhor documentário de 2002.
O Retorno de Sweetback (How to Get the Man´s Foot Outta Your Ass), de Mario Van Peebles (EUA, 2003, 108 minutos). Os bastidores da realização do mítico filme Sweet Sweetback´s Baadasssss Song, de Melvin Van Peebles, de 1971, precursor do movimento Blaxploitation. Dirigido e protagonizado pelo filho de Van Peebles, Mario Van Peebles, que interpreta o personagem do pai.
Filmes de Isaac Julien
The Attendant (Inglaterra, 1992, 8 minutos)
As fantasias homoeróticas de um velho funcionário negro que trabalha em um museu de Londres.
The Darker Side of Black (Inglaterra, 1993, 55 minutos)
Documentário sobre o preconceito de cantores de rap e reggae contra gays e lésbicas.
Baadasssss Cinema (Inglaterra/Estados Unidos, 2002, 58 minutos)
Documentário que recupera os principais momentos do movimento cinematográfico conhecido como Blaxploitation, entrevistando alguns de seus principais protagonistas.
Blacula, de William Crain (EUA, 1972, 92 minutos) – legendas em espanhol. Vampiro negro aterroriza as ruas de Los Angeles. Única exibição no projeto Raros, no dia 17 de abril, às 19:00.
The Thing With Two Heads, de Lee Frost (EUA, 1972, 93 minutos) – legendas em inglês. Milionário racista tem sua cabeça transportada para o corpo de um negro. Única exibição no projeto Raros, dia 24 de abril, às 21:00.
Compasso de Espera, de Antunes Filho (Brasil, 1973, 98 minutos). Um poeta negro vive com a proprietária de uma agência de publicidade, branca e mais velha do que ele. Um dia, conhece e se apaixona por uma jovem, também branca. Único filme dirigido por Antunes Filho, com Zózimo Bulbul, Renée de Vielmond, Stênio Garcia e Antônio Pitanga no elenco.
Vida Nova Por Acaso, de Odilon Lopez (Brasil, 1970, 48 minutos). A paixão impossível de um negro batedor de carteiras por uma loura ricaça. Um dos episódios de Um é Pouco, Dois é Bom, primeiro longa-metragem brasileiro assinado por um diretor negro, Odilon Lopez.
Curtas de Zózimo Bulbul
Ao longo de mais de 40 anos de carreira, o olhar do cineasta Zózimo Bulbul sempre esteve direcionado ao registro da vivência do povo negro. Sua obra cinematográfica denuncia as diferenças, a solidão, a discriminação e a desigualdade que a população negra vivencia no Brasil.
República Tiradentes (2005, 36 minutos)
Uma homenagem à origem das gafieiras.
Pequena África (2002, 14 minutos)
Pequena África apresenta a Praça XI, a Central do Brasil, Gamboa, Saúde e bairro de Santo Cristo de hoje, e que eram conhecidos nos idos de 1850 até
1920 como "Pequena África", por terem sido locais habitados por escravos alforriados no período imperial e depois deste.
Samba no Trem (2005, 18 minutos)
Documentário sobre a celebração do Dia Nacional do Samba.
Alma no Olho (1973, 11 minutos)
Um estudo sobre a transposição do africano para as Américas.
Aniceto do Império – Em Dia de Alforria (1981, 11 minutos)
A trajetória de um compositor, fundador de uma escola de samba e militante no Cais do Porto, Aniceto do Império Serrano.
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