A Sala P. F. Gastal integra-se ao circuito de programações que marcam a passagem do Ano da França no Brasil e recebe a partir da próxima sexta-feira, dia 1º de maio, a mostra Marguerite Duras: Escrever Imagens, que se estende até o dia 7 de maio.
Embora no Brasil seja mais conhecida como escritora (autora de livros como Moderato Cantabile e O Amante), a francesa Duras ganhou notoriedade como roteirista do clássico Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais (1959), realizando a seguir vários filmes como diretora durante as décadas de 60, 70 e 80. Nunca lançados comercialmente no país, parte dos filmes de Duras poderão ser finalmente conhecidos pelos espectadores porto-alegrenses.
O cinema de Marguerite Duras caracteriza-se por imagens de intensa beleza fotográfica e uma câmera que costuma investigar os espaços como num documentário. Além disso, o cinema de Duras propõe experiências novas em relação à utilização do som como elemento dramático. Em seus filmes, sons e imagens não apenas se confirmam numa narrativa, mas criam situações de disjunção, com relações inusitadas cujo sentido cabe ao espectador solucionar. Caso de India Song, com Delphine Seyrig e Michael Lonsdale, no qual há personagens que são apenas vozes, que assistem ao filme como nós, apaixonam-se pelas histórias das personagens em cena, mas jamais são vistos. Imagens e diálogos colocam o espectador diante de uma história de amor louco, em meio ao horror de uma Índia assolada pela lepra, pela miséria e pela fome. Em Aurélia Steiner (Melbourne), a fala de uma menina judia que sobreviveu aos campos de concentração se sobrepõe a imagens do movimento lento das águas e das pontes, dos barcos e do entorno do rio Sena, em Paris. Já em Césarée, as imagens são como ensaios fotográficos de estátuas no jardim das Tuilleries, diante do palácio do Louvre, em Paris, enquanto ouvimos a história de um imperador romano que sacrifica, por razões de Estado, seu amor por uma rainha.
Como diz a pesquisadora de cinema Stella Senra no catálogo da mostra "desde Hiroshima Meu Amor (1959), a autora investiga no cinema aquilo que é impossível ver. Na cena inicial, a atriz francesa, que está em Hiroshima gravando “um filme sobre a paz” e vive uma noite de amor com um arquiteto japonês, afirma que “viu tudo” sobre Hiroshima; e o seu amante responde que ela “nada viu”: todas as fotos, reconstituições, desenhos, objetos conservados após a destruição pela bomba, nada disso permite ver o verdadeiro horror da bomba. As imagens reduzem: só a palavra restitui a cada um a possibilidade de imaginar e viver aquilo que, na realidade, é impossível ver. E é, paradoxalmente, com o que não se pode ver que Duras faz o seu cinema."
A mostra Marguerite Duras: Escrever Imagens já passou por São Paulo e Rio de Janeiro, e tem curadoria de Maurício Ayer, que é doutor em Literatura Francesa pela Universidade de São Paulo e Universidade de Paris 8, com tese sobre as conexões entre literatura, teatro, cinema e música na obra de Duras.
Todos os filmes serão exibidos em cópias em 35mm, com legendas eletrônicas em português.
Aurélia Steiner (Melbourne) (1979, 35 minutos, colorido, cópia em 35mm)
Césarée (1979, 11 minutos, colorido, cópia em 35mm)
India Song (1975, 120 minutos, colorido, cópia em 35mm)
15h – Destruir, Disse Ela
17h – As Crianças
19h – Destruir, Disse Ela
15h – As Crianças
17h – Destruir, Disse Ela
19h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
Domingo (3 de maio)
15h – Destruir, Disse Ela
17h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
19h – India Song
15h – India Song
17h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melourne)
19h – India Song
15h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
17h – India Song
19h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melbourne)
Quinta-feira (7 de maio)
15h – O Homem Atlântico + Aurélia Steiner (Melbourne)
17h – Césarée + Agatha ou As Leituras Ilimitadas
19h – As Crianças
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