Numa
célebre frase sobre a criação artística, Pablo Picasso certa vez disse que “eu
não procuro, eu acho”. E ainda que o curta-metragem Depois da Poeira, que estreia na Sala P.F. Gastal no próximo dia 18 às 20h, não chegue a ser um ready made no sentido estrito, ele
certamente é um filme mais achado do que procurado. A entrada para a sessão é gratuita.
No final de 2010, a metade abandonada
do Hospital Universitário do Fundão no Rio de Janeiro (construída nos anos 70
mas jamais terminada, até acabar condenada à implosão sem chegar a funcionar)
foi separada por britadeiras da parte funcionante do prédio, para evitar que a
estrutura inteira desabasse. Após vivenciar o processo de separação das duas
metades do hospital ao longo de meses, o diretor Olavo Amaral retornou de
férias para encontrar, logo em frente ao seu local de trabalho na UFRJ, um
impressionante cenário de ruínas que poderia dar margem a uma infinidade de
filmes de gênero. Vindo de uma separação ele mesmo, porém, acabou fazendo (ou
achando) um filme que fala sobre a procura do que fazer (e de que histórias
contar) com os escombros que a vida coloca em nosso caminho.
Nesse
emaranhado de narrativas metaficcionais, Naiumi Goldoni e Rafael Mentges dão
vida a um casal que se encontra nos escombros, cuja história se confunde com as
ficções de fantasia, guerra ou apocalipse através das quais revivem sua
relação. Com uma equipe em sua maior parte nascida no Rio Grande do Sul, mas
espalhada ao redor do país e reunida em torno do filme, “Depois da Poeira” foi
produzido e rodado pouco antes da remoção dos destroços da implosão e
finalizado ao longo dos anos seguintes, graças ao trabalho de uma equipe
mobilizada em torno de um cenário efêmero e de um filme urgente demais para
depender de financiamento externo. Desta forma, o curta chega às telas como uma
produção independente de parceiros gaúchos e cariocas, e se prepara para
iniciar sua trajetória no circuito de festivais.
Biografia
do diretor:
Olavo
Amaral nasceu em Porto Alegre em 1979 e vive no Rio de Janeiro. Como escritor,
é autor dos volumes de contos "Estática" (IEL-RS, 2006) e
"Correnteza e Escombros" (7Letras, 2012), e atualmente trabalha em um
terceiro livro intitulado “Dicionário de Línguas Imaginárias”. No cinema, atuou
como roteirista em curtas-metragens como "Perro en el Columpio" (Cachorro no Balanço) (Barcelona, 2008)
e dirigiu o curta "A Porta do Quarto" (Porto Alegre, 2012). “Depois
da Poeira” é seu segundo trabalho de ficção como diretor. Além da atuação na
área artística, é médico e professor do Instituto de Bioquímica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde trabalha como pesquisador na área
de neurobiologia da memória.
Sinopse:
Nos
escombros de uma implosão, um casal revisita suas ficções para tentar inventar
uma nova narrativa.
Ficha
Técnica:
Elenco:
Naiumi Goldoni, Rafael Mentges
Direção
de Fotografia: Edu Rabin
Assistência
de Fotografia: Leonardo Maestrelli
Som
direto: Rubinei Filho
Produção:
Michelle Sales, Olavo Amaral
Assistência
de Produção: Renan Zanotto, Pedro Ribeiro
Assistência
de Set: Wellington Rabelo
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