O Cine Esquema Novo
Expandido – Berlinale Forum 2015 apresenta, entre 03 e 08 de
novembro, na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), uma
curadoria de obras exibidas no mês de fevereiro na seção Forum / Forum
Expanded: oficialmente, "a programação mais ousada do Festival de
Cinema de Berlim”. O Forum surgiu nos anos 1970, enquanto contraponto cultural
e narrativo à competição mainstream da Berlinale. Entrada franca.
Os filmes do Fórum equilibram-se sempre na fértil
linha que perpassa a arte e o cinema - explorando, segundo seus curadores
alemães, “o Avant Garde, as obras experimentais, os ensaios, as observações de
longo prazo, a reportagem política e as paisagens cinematográficas que ainda
estão por ser descobertas”. Trata-se de uma missão de referência no panorama
audiovisual global, e que tornou-se ainda mais aguda a partir de 2006 com a
implementação do Forum Expanded - o programa que ocupa diversos espaços da
cidade de Berlim com filmes, vídeos, instalações e trabalhos de performance,
"fornecendo uma perspectiva crítica e um sentido expandido para a
cinematografia".
E é sobre este universo que os curadores convidados e
sócios do CEN, Gustavo Spolidoro e Jaqueline Beltrame, trabalharam para montar
a programação que chega às duas cidades brasileiras com entrada gratuita. Entre
os artistas / realizadores selecionados para o Cine Esquema Novo Expandido –
Berlinale Forum 2015 estão nomes como os canadenses Guy Maddin e Evan Johnson
(“The Forbidden Room”, exibido nos festivais de Sundance, Copenhagen, Barcelona
e Istambul), a israelense Silvina Landsmann (com o documentário político
“Hotline"), o mexicano Joshua Gil (discípulo de Patricio Guzmán e Carlos
Reygadas, que lhe ajudou na fase final de “La Maldad” que o CEN exibe nesta
edição), o libanês Akram Zaatari (com o impressionante ensaio visual
“Twenty-Eight Nights and a Poem” que estreia este mês no MoMA em Nova York) e
os portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (com “Iec Long”,
onde voltam a explorar o imaginário industrial da Macau, na Ásia). Completam a
programação, entre filmes e videoinstalações, obras de Basma Alsharif
(Palestina, "A Field Guide to the Ferns”), Janina Herhoffer (Alemanha,
"Freie Zeiten - After Work”) e os brasileiros Felipe Bragança
("Escape From My Eyes”), Filipe Matzembacher e Márcio Reolon (“Beira
Mar”), Fred Benevides (“Viventes”) e Arthur Tuoto (ganhador da Competição
Brasil do Cine Esquema Novo 2014 com o filme-ensaio “Aquilo que Fazemos com as
Nossas Desgraças” e que participa do CEN-E com o video loop exibido em Berlim
"Je Proclame la Destruction”).
Para Jaqueline e Spolidoro, esta é uma seleção marcada
por um olhar artístico que percorre caminhos pouco explorados. “São trabalhos
que transitam entre espaços e plataformas, seja na sala de cinema ou na
galeria, apresentando uma liberdade formal e narrativa aberta a radicalismos,
estranhamentos e ebulição social”.
A mostra está dividida em exibições no cinema, com
sessões gratuitas na Sala PF Gastal, e videoinstalações na Cinemateca
Capitólio. Esta é a primeira edição do CEN-E que será realizada em duas
cidades. As 13 obras são produções do Canadá, Portugal, Brasil, Palestina,
México, EUA, Alemanha, Israel, França, Líbano e Suíça, e foram selecionadas
entre mais de 100 trabalhos assistidos. O filme de abertura em Porto Alegre é The
Forbidden Room,exibido também no festival de Sundance, que traz no elenco
Geraldine Chaplin, Maria de Medeiros, Udo Kier e Mathieu Amalric.
O inédito gaúcho Beira Mar, de Felipe Matzenbacher e
Mário Reolon, tem pré-estreia na programação do CEN, entrando em cartaz em
seguida na programação das salas comerciais.
Em meio aos filmes, e honrando o debate proposto em
seu próprio nome, o Cine Esquema Novo Expandido - Berlinale Forum 2015 abraça
naturalmente as videoinstalações, que ocupam as dependências da Cinemateca
Capitólio. Da Suíça / Alemanha vem o queer, colorido e hermético Opaque, de
Pauline Boudry e Renate Lorenz, que conta com a performance de Werner Hirsch e
Ginger Brooks Takahash. E do Brasil, dois trabalhos de cineastas/artistas que
chegaram à Berlinale a partir dos encontros com a Curadora do Forum em Porto
Alegre durante o CEN do ano passado: Fred Benevides, com Viventes, e Arthur
Tuoto (ganhador da Competição Brasil do Cine Esquema Novo 2014 com o
filme-ensaio “Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças”), que comparece com
seu “pequeno” video loop Je Proclame La Destruction.
O Cine Esquema Novo Expandido – Berlinale Forum 2015 é
uma realização da ACENDI - Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da
Imagem, com correalização da Prefeitura de Porto Alegre - Coordenação de
Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura e Goethe-Institut
Porto Alegre. Mais informações no site: www.cineesquemanovo.org.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Terça, 03/11 – 20h
The Forbidden Room,
de Guy Maddin e Evan Johnson (Canadá)
2015, 120min (Forum)
Uma tripulação de submarino, um temido grupo de
bandidos da floresta, um cirurgião famoso e um batalhão de crianças soldados
todos recebem mais do que o esperado conforme avançam com ideias progressivas
sobre a vida e o amor.
Quarta, 04/11 – 20h
Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da
Mata (Portugal)
2014, 31min (Forum Expanded)
Macau, ilha de Taipa, 2014. Foi em Macau que primeiro
se ouviu a palavra panchão. Do chinês, “pan-tcheong” ou “pau-tcheong”, consta
nos dicionários como um regionalismo macaense também chamado “estalo da China”
ou “foguete chinês”. Quem vive na antiga Fábrica de Panchões Iec Long?
+
Beira-Mar, de Filipe Matzenbacher e Márcio Reolon
(Brasil)
2015, 83min (Forum)
Martin e Tomaz passam um fim de semana imersos em um
universo próprio. Alternando entre distrações corriqueiras e reflexões sobre
suas vidas e sua amizade, os garotos se abrigam em uma casa de vidro, à beira
de um mar frio e revolto.
Quinta, 05/11 – 20h
A field guide to the ferns, de Basma Alsharif
(Palestina)
2015, 11min (Forum Expanded)
Um filme de terror da natureza. “Selvageria primitiva
encontra a brutalidade do mundo moderno na peça atemporal do terror de Ruggero
Deodato”. O filme ‘Holocausto Canibal’ é revivido nas profundezas das florestas
de New Hampshire, onde a apatia e a violência se turvam.
+
La Maldad, de Joshua Gil (México)
2015, 74min (Forum)
Um homem decidido, uma amizade destruída, um país em
catarse. Rafael é um camponês ancição que decide escrever a história da sua
vida no que considera um roteiro cinematográfico. Cegado pela convicção de
realizar seu filme, trai o seu único amigo para conseguir viajar à capital em
busca dos fundos necessários. La Maldad é a história de um homem abraçado com a
solidão e a falta de esperança.
Sexta, 06/11 –
20h
Counting, de Jem Cohen (EUA)
2015, 111min (Forum)
Os quinze capítulos de Counting unem sinfonias
urbanas, filme diário e ensaios pessoais/ politicos (os enteados
indisciplinados do documentário) para construir um retrato vívido da vida
contemporânea. Filmado em locações que incluem Rússia, Istambul e Nova York,
seus temas passam pelo teatro de rua espontâneo de Moscou, pela a espionagem da
NSA até a destrução de marcos do Brooklyn. Na exploração de 30 anos de Cohen do
documentário como um caminho de questionamentos abertos, o filme é talvez seu
cômputo mais pessoal.
Sábado, 07/11 – 18h30
Freie Zeiten (After Work), de Janina Herhoffer
(Alemanha)
2015, 71min (Forum)
Uma banda de garotas faz música. Mulheres em um curso
de emagrecimento falam sobre seu sucesso em perder peso controlando o que se
come. Adolescentes saem para dançar ou fazer compras. Uma representação de
conflitos profissionais é realizada em um encontro de um grupo de homens.
Outras pessoas fazem ioga, meditam ao som de vasos cantantes tibetanos, se
aquecem falando bobagens ou correm em círculos em um ginásio. Um documentário
que mira o seu olhar em atividades de grupo. Existe algo levemente insano em
ver uma turma inteira de ioga pendurada de cabeça para baixo por cordas, uma
imagem que fascina e aliena em quantidades iguais. Em momentos assim, os
protagonistas aparecem como criaturas desconhecidas performando estranhos
rituais. O filme permanece os ouvindo e assistindo com verdadeira precisão. A
câmera estática e enquadramentos cuidadosamente planejados geram claridade e
concentração. A montagem consegue trazer um cilma de abstraçaõ dessas
observações concretas de situações recorrentes. Um retrato do tempo livre surge
como um projeto para tratar do próprio corpo, da consciência ou das habilidades
performáticas, seja através da disciplina, de jogos ou de conversas. Não se
podia imaginar que uma pesquisa sobre o lazer poderia ser tão visualmente rica.
Sábado, 07/11 –
20h
Escape from my eyes, de Felipe Bragança (Brasil /
Alemanha)
2015, 33min (Forum Expanded)
“Eles vêem um homem negro e pensam que viram um leão.”
Documentário e imagens ficcionais se misturam para contar as memórias e sonhos
de três refugiados de guerra vivendo acampados em uma praça no coração de
Berlin.
+
Hotline, de Silvina Landsmann (Israel / França)
2015, 100min (Forum)
Hotline vai ao cerne de uma ONG baseada em Tel Aviv: A
Hotline para Imigrantes e Refugiados. Em proporção inversa à pequena escala
dessa organização dos direitos humanos, as questões com que eles lidam são
enormes, assim como os números daqueles que procuram ajuda.
Domingo, 08/11 –
20h
Twenty-eight nights
and a poem, de Akram Zaatari (Líbano)
2015, 120min (Forum)
Em parte um estudo do trabalho de um estúdio fotográfico
na metade do século XX e parte uma exploração da essência atual dos arquivos, o
filme tenta entender como esse modo de produzir imagens funcionava na vida das
comunidades que servia e como ele deixou de existir, e onde isso levou? Ele se
passa entre a Arab Image Foundation, onde a maior parte da coleção de Hashem el
Madani está preservada hoje em dia, e o Studio Shehrazade em Saida, onde o
fotógrado ainda passa o tempo cercado por suas velhas máquinas, ferramentas,
fotografias, negativos e o que restou de milhões de transações que se passaram
por lá. É uma reflexão sobre a criação de imagens, sobre a indústria da criação
de imagens, sobre a idade e sobre a vida que permanence e continua a crescer em
um arquivo. Tudo é apresentado nesse filme através de um conjunto de
intervenções encenadas das quais o próprio Madani faz parte.
NA GALERIA
Cinemateca Capitólio
Rua Demetrio Ribeiro, 1085 (esquina com Borges de
Medeiros) – Centro Histórico
Entrada Franca
de Terça a Domingo, 03 a 08 de Novembro:
terça a sexta, das 9h às 21h / sábado e domingo, das
15h às 21h
* Opaque, de Pauline Boudry e Renate Lorenz (Suíça /
Alemanha)
2014, 10min (Forum Expanded Exhibition)
Uma cortina, dois intérpretes dentro dos restantes de
uma antiga piscina pública. Os intérpretes dizem ser os representantes de uma
organização do submundo. A cortina está lá para o anonimato deles. O publico já
foi embora, o lugar parece abandonado. Quando a cortina é removida, outra
aparece. Essa, uma zebrada rosa, une a técnica de guerra da camuflagem com o
estilo de roupas-homo e se torna um mostruário para a entrada de grandes
quantidades de fumaça. A densa fumaça talvez venha de bombardeios, ou é
liberada como um sinal durante uma demonstração política. Depois, um discurso é
proferido, baseado em um texto de Jean Genet. O assunto? O desejo por um
inimigo impecável adequado. Ele abre a questão de como se mover para frente na
guerra ou em uma luta de resistência sem nenhum inimigo declarado ou ‘visível’.
As cortinas e a fumaça dão o “direito à opacidade” (Edouard Glissant) para os
corpos que eles mascaram e disfarçam? Ou elas turvam as linhas que separam um
do outro, entre cúmplice e inimigo?
* Je proclame la destruction, de Arthur Tuoto (Brasil)
2014, 4min, (Forum Expanded Exhibition)
Dois planos do filme “Le diable probablement” (1977),
de Robert Bresson, são repetidos em um loop, criando um cíclico e interminável
raccord. A constante repetição da frase “Je proclame la destruction” (Eu
proclamo a destruição) revela um mantra anarquista de poder universal e
atemporal.
* Viventes, de Frederico Benevides (Brasil)
2015, 21min, (Forum Expanded Exhibition)
Fortaleza é uma das muitas cidades brasileiras
passando por um processo de “Miamização”, dando origem a uma área blindada e
impenetrável para a maioria de seus habitantes. Moreira Campos foi um escritor
de olhar cirúrgico para as imagens transparentes das formas de vida de seus
habitantes que hoje desaparecem sem deixar rastro. Sua casa, por exemplo, foi
demolida para que se construísse ali um estacionamento para abastecer mais um
shopping da cidade. Esse trabalho tenta tocar a transparência das imagens
desses habitantes e os impasses trazidos por esses processos de formalização da
vida.
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
03 a 08 de novembro de 2015
03/11 (terça)
15:00 – Alma em Pânico, de Otto Preminger
17:00 – Cimarron, de Wesley Ruggles
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (The Forbidden Room,
de Guy Maddin e Evan Johnson)
04/11 (quarta)
15:00 – Rancor, de Edward Dmytryk
17:00 – Cinzas que Queimam, de Ida Lupino e Nicholas Ray
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da
Mata + Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon)
05/11 (quinta)
15:00 – O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
17:00 – Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (A field guide to the ferns, de Basma Alsharif + La
Maldad, de Joshua Gil)
06/11 (sexta)
15:00 – O
Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks
17:00 – O Picolino, de Mark Sandrich
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Counting, de Jem Cohen)
07/11 (sábado)
15:00 – King
Kong, de Merian C. Cooper
17:00 – O
Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
18:30 – CINE ESQUEMA NOVO (Freie Zeiten (After Work), de Janina Herhoffer)
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Escape from my eyes, de Felipe Bragança + Hotline, de Silvina
Landsmann)
08/11 (domingo)
15:00 – Levada da Breca, de Howard Hawks
17:00 –
Cimarron, de Wesley Ruggles
20:00 – CINE ESQUEMA NOVO (Twenty-eight nights
and a poem, de Akram Zaatari)
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