Entre
os dias 05 e 17 de maio a Sala P. F.
Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta a mostra O Cinema de Kenji Mizoguchi, com seis
filmes em película do grande mestre do cinema japonês, incluindo Contos da Lua Vaga, O Intendente Sansho e Oharu – A Vida de uma Cortesã. Com
apoio a Fundação Japão e do Escritório Consular do Japão em Porto
Alegre, a mostra tem entrada franca. Durante a mostra, acontece uma edição
especial do Projeto Raros, com o
filme Desejo Profano, obra-prima
de Shohei Imamura, um dos principais
herdeiros de Mizoguchi dentro da Nouvelle
Vague Japonesa.
KENJI MIZOGUCHI
A
mostra O Cinema de Kenji Mizoguchi
exibe seis filmes realizados durante a década de 1950, a última (e uma das mais
prolíficas) do diretor japonês, que morreu precocemente em 1956, aos 58 anos, após
várias décadas marcadas por dezenas de obras-primas da história do cinema. A
mostra exibe os filmes Oharu – A Vida de
uma Cortesã (1952, 16mm) Contos da
Lua Vaga (1953, 16mm), A Música de
Gion (1953, 35mm), Os Amantes
Crucificados (1954, 16mm), O
Intendente Sansho (1954, 16mm) e A
Nova Saga do Clã Taira (1955, 16mm).
Destacando-se
nos principais festivais europeus na década de 1950 (Oharu, Contos da Lua Vaga
e O Intendente Sansho receberam prêmios importantes em Veneza), Mizoguchi foi
rapidamente alçado ao panteão dos principais realizadores do mundo,
especialmente pela crítica francesa, que via na obra do japonês o supra-sumo
daquilo que era tido como a principal especificidade do cinema: a arte da mise
en scène. Dizia o então crítico Jacques Rivette, na revista Cahiers du Cinéma: “esses
filmes - que nos falam, numa língua estrangeira, de histórias às quais nossos
costumes e modos de vida são completamente alheios - se comunicam conosco
através de uma linguagem familiar. Qual linguagem? A única à qual um cineasta
deve reivindicar quando tudo está dito e feito: a linguagem da mise en scène”.
Naqueles anos, Mizoguchi era recebido como uma novidade singular no Ocidente,
mas já havia realizado mais de cinquenta filmes desde sua estreia, em 1923,
ainda no período silencioso do cinema japonês.
Nos
anos 1930, Mizoguchi ficou conhecido pelo modo atípico de filmar, construindo a
maioria das cenas em apenas um plano, deixando muitas vezes a câmera distante
dos atores – num tipo de enquadramento que só seria frequente no cinema
contemporâneo. Desde o início, colocou em cena o seu tema favorito: a luta das
mulheres e o conseqüente destino trágico num país de costumes patriarcais, tanto
em representações contemporâneas quanto em narrativas do período antigo. Nos
pós-segunda guerra, Mizoguchi intensificou seu olhar sobre as tragédias
femininas, construindo uma série de melodramas sobre a condição da mulher
japonesa, entre nobres infelizes, gueixas revoltadas e camponesas dedicadas à
família. Na última década de vida, o cineasta apurou ainda mais o seu estilo
cinematográfico, trabalhando o plano-sequência e os enquadramentos com uma
sensibilidade jamais igualada na história do cinema.
RAROS ESPECIAL
Na
sexta-feira, 08 de maio, às 20h, o Projeto
Raros exibe o filme Desejo Profano (Akai Satsui, 1964, 150 minutos), de Shohei
Imamura, um dos principais discípulos de Mizoguchi, especialmente no modo
como centraliza suas tramas na luta das mulheres para. No filme, também
conhecido no Brasil como Segredos de uma
Esposa, Imamura constrói um delicado drama psicológico sobre uma dona de
casa que vive com o marido e o filho numa casa em ruínas perto da linha férrea
e começa a repensar sua vida após as visitas constantes de um estuprador. O
filme é um dos marcos iniciais da Nouvelle
Vague Japonesa. A entrada é gratuita.
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
Oharu – A Vida de uma Cortesã (Japão, 1952, 148 minutos)
Baseado
em romance de Saikaku Ihara, o filme conta a história da vida de Oharu, uma
mulher que na juventude fazia parte da cortê do imperador e que em virtude de
um relacionamento acaba como pedinte e cortesã, já senhora.Exibição em 16mm.
Contos da Lua Vaga (Japão, 1953, 94 minutos)
Durante
a guerra civil japonesa, no século 16, o pobre oleiro Genjuro e seu cunhado
Tobei viajam com as respectivas mulheres à capital da província onde vivem, nas
redondezas do lago Biwa, para vender utensílios de cerâmica. Com as vendas,
Tobei compra armas e se torna samurai, abandonando a esposa. Genjuro, por sua
vez, acaba passando vários dias no castelo da misteriosa Lady Wakasa, quando
vai entregar as mercadorias. Exibição em 16mm.
A Música de Gion (Japão, 1953, 85 minutos)
A
gueixa Miyoharu precisa de uma grande quantia de dinheiro para o debute de sua
aprendiz, Eiko. Para ajudá-la, seu amigo Okimi, que pega o valor emprestado com
o empresário Kusuda. Como pagamento, Kusuda quer possuir Eiko e ofertar
Miyoharu como presente a Kanzaki, para fechar um negócio. As duas vão contra a
tradição e se rebelam. Exibição em 35mm
Os Amantes Crucificados (Japão, 1954, 100 minutos)
Osan
e Mohei vivem uma história de amor proibida no Japão do XVII, que por sua
paixão vão contra os valores morais predominantes. Mesmo lutando contra todas
as adversidades, o amor de ambos acaba de forma trágica. Inspirado na obra do
dramaturgo Monzaemon Chikamatsu. Exibição em 16mm.
O Intendente Sansho (Japão, 1954, 120 minutos)
Tamaki
viaja com Zushio e Anju, seu casal de filhos. No caminho, ela é enganada e é
levada para a ilha Sado, e vê seus filhos serem vendidos como escravos. Dez
anos depois, Zushio e Anju sabem da história de uma mulher em Sado famosa por
cantar uma triste canção por eles. Os irmãos então fazem de tudo para reencontrar
sua mãe.Exibição em 16mm.
A Nova Saga do Clã Taira (Japão, 1955, 108 minutos)
O
capitão Tamadori retorna a Kyoto depois de derrotar piratas no mar ocidental. A
corte decide não recompensar o capitão, já que reprova o crescente poder de sua
classe. Kiyomori, filho do capitão, é enviado pelo pai para a residência de
Tokinobu, e se apaixona pela filha do dono da casa, Tokiko. Exibição em 16mm.
GRADE DE HORÁRIOS
05 a 17 de maio de 2015
05 de maio (terça)
17h – Noites Brancas no Píer
20h – A Música de Gion
06 de maio (quarta)
17h – Noites Brancas no Píer
20h – Contos da Lua Vaga
07 de maio (quinta)
17h – Noites Brancas no Píer
20h – O Intendente Sansho
08 de maio (sexta)
17h – Noites Brancas no Píer
20h – Projeto Raros (Desejo Profano, de Shohei Imamura)
09 de maio (sábado)
15h – Contos da Lua Vaga
17h – Noites Brancas no Píer
17h – Noites Brancas no Píer
19h – Oharu – A Vida de uma
Cortesã
10 de maio (domingo)
15h – A Nova Saga do Clã
Taira
17h – Noites Brancas no Píer
17h – Noites Brancas no Píer
19h – Os Amantes Crucificados
12 de maio (terça-feira)
20h – Oharu – A Vida de uma Cortesã
13 de maio (quarta-feira)
20h – A Nova Saga do Clã Taira
14 de maio (quinta-feira)
17h – O Desejo da Minha Alma (estreia)
20h – Sessão Especial de A Música de Gion na Cinemateca Capitólio
15 de maio (sexta-feira)
17h – O Desejo da Minha Alma (estreia)
20h – Os Amantes Crucificados
16 de maio (sábado)
15h – Os Amantes Crucificados
17h – O Desejo da Minha Alma (estreia)
19h – O Intendente Sansho
17 de maio (domingo)
15h – Contos da Lua Vaga
17h – O Desejo da Minha Alma (estreia)
19h – A Música de Gion
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